Entrevista com o porta voz da SAGA sobre o mercado animação e games do Brasil


A indicação ao Oscar de melhor animação para a animação brasileira O Menino e o Mundo despertou a atenção de muitos fãs, público e criadores para o mercado de animação nacional que geralmente passava batido do mainstream.

O mercado de games está em movimento e bem aquecido há algum tempo por aqui, um jogo criado por um brasileiro até apareceu em House of Cards recentemente, mas ainda assim muitos os desconhecem com maior profundidade.

Pensando nisso nós conversamos com Raul Sales, coordenador acadêmico da SAGA, uma escola de computação gráfica e artes digitais, que obviamente está muito por dentro desse assunto pois ela é quem prepara os profissionais dessas áreas, para falar um pouco mais e tentar elucidar qual a situação para alguém que se empolgou co os ramos e quer entrar no mercado hoje.

Como a SAGA oferece cursos que dentre outras coisas, te prepara para o mercado de Animação e Games, que é o que nos interessa aqui, nós falamos um pouco sobre os dois tópicos abaixo.

Confira:

Como você enxerga a maturidade do mercado de animação no Brasil?

O mercado de animação no Brasil se encontra em fase de maturação, de consolidação, migrando de uma atividade passional para um mercado profissional em crescimento. Podemos utilizar como parâmetro, as animações nacionais em exibição na televisão que saltaram de duas no final dos anos 90 para 12 atualmente, e muitas outras em processo de produção.

Qual é a dificuldade de criar um curta ou um longa-metragem animado de qualidade, em termos financeiros?

A grande dificuldade para um longa é como gerar exibição. Através da exibição, é possível atrair investimento, mídia e retorno para as produções. Desde 2015, as animações brasileiras tiveram uma maior entrada no mercado brasileiro, o público começou a conhecer, por exemplo, o longa “Menino e o Mundo”, o que gerou incentivo às demais produções. 

Existem incentivos no Brasil, privados ou federal para trabalhos com animação?

Sim e estes incentivos são em grande parte responsáveis pelo vigoroso crescimento das produções animadas no Brasil, contando até com uma linha de financiamento específica do BNDES para o setor audiovisual, além do apoio do ministério da educação.

Como o mercado internacional encara as animações brasileiras?

O profissional brasileiro conta com o respeito do mercado internacional há bastante tempo como fonte de mão de obra para produções internacionais. Atualmente, com o aumento da produção interna, a exportação de animações para as TVs internacionais - principalmente para canais fechados - e produções de longas premiados, os olhos do mundo se voltaram para o Brasil com admiração e respeito.

E sobre Games,  qual o grau de dificuldade para brasileiros trabalharem em grandes estúdios internacionais?

Atualmente temos uma quantidade considerável de brasileiros nos principais estúdios de desenvolvimento de games, tanto de forma direta, dentro dos estúdios, quanto de forma indireta, prestando serviço como freelancer ou trabalhando em estúdios parceiros. Mesmo assim, muitos são os obstáculos como o idioma, a geração de um portfólio compatível com o estilo desejado pelo mercado internacional, a própria questão geográfica, levando em conta que alguns estúdios fazem questão de entrevistas presenciais nas etapas de seleção.

O mercado de games cresceu no Brasil, mas ainda não há no país um estúdio equivalente ao CD Projekt Red, da Polônia, que também não é lá um grande polo de games, o que você acha que falta no país para isso?

Atualmente o Brasil possui um número bem considerável de desenvolvedoras de Games, tais como: Hoplon, Aquiris, Fire Horse Studio, Manifesto, Behold entre outras. Fora a participação de desenvolvedores em grandes projetos de produtoras internacionais. A prospecção de uma desenvolvera depende muito do sucesso do projeto, como o caso do game The Witcher da Cd Projekt Red, que devido ao sucesso se tornou uma franquia.



Já que estamos falando da SAGA, vale ressaltar que alguns de seus alunos como o Luis Mendes, trabalha hoje para UbiTV e a Leticia Reinaldo Gillet já trabalhou na Disney e hoje é 3D character Artist na Blizzard Entertainment.

Além disso, alunos do curso Playgame da SAGA, que nas palavras de Raul Sales “capacita o aluno a criar um jogo completo após passar por todas as etapas de desenvolvimento de um game, iniciando com a criação dos conceitos artísticos, modelando os elementos e mecanizando o game”, fundaram a Machine Bear, desenvolvedora que está lançando o jogo Urban Legends no Steam, através do Greenlight.
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