Destiny (Coletânea) | Crítica


Se você comprou ou vai comprar a coletânea de Destiny você provavelmente nunca jogou o game, ou jogou há algum tempo e quer voltar após passar anos ouvindo que o jogo “mudou” bastante de lá para cá, caso contrário você apenas compraria a DLC Rise of Iron que está disponível junto com a coletânea, mas o meu caso é o primeiro.

Voltar para Destiny depois de tanto tempo sem jogar o game desde o lançamento é uma experiência sufocante, pois simplesmente você percebe que perdeu muito do que estava disponível no game durante todo esse tempo, há centenas de missões secundárias, dezenas de missões primarias para as mais diversas DLC e um número inimaginável de itens legais para se obter e um número ainda maior de menus para ler.

Depois de um dia inteiro tentando entender novamente como o jogo funciona, eu estava pronto para jogar e aproveitar o game e eu não sei enumerar exatamente o que mudou tão sutilmente de lá para cá, mas o jogo parece mesmo melhor do que nunca em todos os aspectos.


A premissa básica de Destiny continua idêntica, você é um Guardião, um guerreiro do que sobrou da humanidade, você pode escolher entre uma classe das três classes, Titãs, Caçadores e Arcanos e depois escolher entre três subclasses de cada uma dessas, o que é um pouco diferente de antes, quando cada classe só possuía duas subclasses.

A partir daí você tem uma história bem ruim a seguir como desculpa para atirar na cara de alguns alienígenas genéricos enquanto acha equipamentos melhores para seu personagem parecer quase tão incrível quanto as outras pessoas que ficam nas três áreas sociais exibindo os visuais impressionantes dos itens que de alguma forma elas conseguiram.

O jogo tem em igual partes elementos de MMO, de RPGs e de shooters em primeira pessoa e ele tem o melhor e o pior dos três. Ele é um excelente shooter com uma mecânica precisa, inimigos variados, cenários distintos e muitas armas interessantes, por outro lado ele também é cansativo após um tempo. Na parte do RPG, é interessante montar builds para os personagens, descobrir quais as melhores classes e subclasses que funcionam bem com quais armas e armaduras, por outro lado há também um grind muito grande para passar de levels, nesse caso tanto o level do personagem quanto o level de luz e esse é ainda pior, pois você vai precisar de algumas horas para entender como ele funciona. Bem, ele também é um MMO e normalmente o que há de bom em um para algumas pessoas é justamente o que ruim para outras.


Destiny é excelente em tudo o que se propõe a fazer, exceto talvez na parte da trama e da complexidade inerente de seus sistemas. Há muitas facções, ranks e tipos diferentes de moedas e materiais para se usar e todos eles têm existem apenas como diferenciações de raridade. É mais difícil conseguir tal tipo de moeda, por isso ela serve para comprar coisas melhores em um vendedor especifico que só aparece em algum lugar randômico nos finais de semana. Você só pode comprar certos itens cosméticos com uma moeda que você só ganha se comprar ela com dinheiro de verdade, você só pode comprar certas armas se você ganhar reputação com certa facção e só pode comprar outras armas se ganhar outro tipo de reputação. Há alguns materiais mais difíceis de ser encontrado que servem para melhorar um conjunto de armas e armaduras especificas, e muitos outros materiais que servem para mais alguns tipos de itens e é de ficar com dor de cabeça só de pensar no que mais eu posso exemplificar nesse sentido.

Por mais que o jogo seja amigável a quem quer entrar e simplesmente jogar, a partir de um tempo você vai precisar se dedicar a entender e a utilizar os muitos sistemas se quiser aproveitar o game ao máximo e olha que isso melhorou muito desde a última vez que eu joguei, pois era consideravelmente mais complicado antes. Por outro lado, essa complexidade é simplesmente uma consequência básica do intrincado conceito de balanceamento do jogo, que esse sim funciona muito bem.

Sobre a trama do game, vale dizer que ela melhorou em alguns aspectos, especialmente com as DLCs. As duas primeiras DLCs pouco trazem a experiência total do game, mas se você não jogou nada de Destiny após o lançamento ou não jogou nada e ponto final, saiba que a expansão The Taken King (o Rei dos Possuídos na versão brasileira) é a pérola dessa coleção.

The Taken King não é a DLC mais nova, ela é a penúltima expansão, mas de longe é a coisa mais divertida do jogo. Uma trama que embora ainda não seja extremamente bem elaborada, é divertida o suficiente e com um visual interessante o suficiente para deixar você empolgado até em ter que atirar em mais mil minions antes de lutar contra meia dúzia de bosses mais elaborados. O boss final da DLC tem uma fase final em que chegou a me lembrar de longe os bosses de Dark Souls (e isso é um baita elogio), onde ele pode te matar com apenas um golpe se você não tiver sorte e te dá uma janela muito pequena de período após você se esquivar do golpe, para ataca-lo. Até nisso The Taken King melhorou Destiny, pois antes os bosses eram apenas inimigos gigantes com uma quantidade obscena de HP.

Rise of Iron

Apesar de The Taken King ser a grande expansão de Destiny, o jogo ganhou uma coletânea pareada com a expansão masi recente, chamada de Rise of Iron, ou a Ascensão do Ferro em português.

Diferente de The Taken King, a Rise of Iron não traz nenhuma área nova, apenas uma reutilização das áreas que estão no game desde o lançamento do jogo, mas com algumas modificações visuais especificas, coisa que a expansão anterior também fez, mas com uma qualidade muito maior, dando uma roupagem muito mais interessante.

A expansão trás uma campanha não muito longa, com 2 ou 3 horas no máximo você pode completa-la, fazendo ainda algumas das suas missões secundárias organicamente nesse período. Talvez The Taken King fosse uma reformulação do game para trazer novos jogadores e presentear os antigos com uma baita surpresa, já Rise of Iron parece ser menos ambiciosa nesse ponto e é apenas uma novidade para que esses jogadores aproveitem algo novo. De certa forma os itens acrescentados nessa expansão de fato chamam muito a atenção dos jogadores, especialmente os mais antigos, especialmente os “Artefatos” que agora mudam de fato a experiência de se jogar Destiny, dando habilidades únicas que mudam não só seu personagem, mas o meta-game, como o mapa, as cores do ambiente, destaca inimigos de certas formas e até faz inimigos se aliarem ao seu personagem dentre muito mais coisas nesse tipo.

Por outro lado a raid de Rise of Iron, chamada Wrath of the Machine, é simplesmente a coisa mais impressionante e divertida (e difícil) já vista em Destiny. As mecânicas e a qualidade do gameplay dessa raid faz Destiny simplesmente parecer um novo jogo, mas infelizmente é uma missão unicamente para 6 jogadores em grupo que pode durar algo como de 2 até 6 horas de duração, ou seja, não é para todos os jogadores.

De qualquer forma, a coletânea de Destiny é uma pedida para qualquer pessoa que tenha gostado, ainda que só um pouco do jogo há dois anos atrás. O jogo está melhor do que nunca e ainda que a nova expansão traga pouca coisa realmente interessante para a totalidade do jogo, as expansões anteriores que veem no pacote e o estado geral das coisas valem mais do que a pena e nessa coletânea é tudo pelo preço de um, um baita negócio se você quer um novo jogo para ficar grudado no controle por horas e horas.

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