O impasse entre a Epic Games e a Microsoft

Durante essa semana a Microsoft anunciou diversas coisas, dentre elas aquela louca e potencialmente revolucionaria ideia de upgrades de consoles, mas também contou mais sobre a UWP, ou Unified Windows Plataform, um novo esquema que de acordo com a Microsoft vai unificar plataformas e tornará mais fácil os distribuidores lançarem jogos para PC e Xbox One. Resumindo, é algo que, dentre outras coisas, vai transformar a Windows Store em uma espécie de Steam.

Entretanto, nem todo mundo ficou feliz com essa novidade, em especial Tim Sweeney, cofundador da Epic Games, estúdio que criou e abandonou Gears of War. Ele deu declarações criticando a Microsoft e dizendo que a UWP é uma forma de tentar monopolizar o mercado dos games.
A declaração de Sweeney foi feita através de uma matéria do The Guardian que vocês podem ler na integra AQUI! Mas abaixo segue alguns trechos interessantes do que ele disse:
“O UWP é o movimento mais agressivo que a Microsoft já fez. Efetivamente ele diz para os desenvolvedores que eles só podem usar esses novos features se eles se submeterem totalmente ao controle do sistema travado do UWP. Eles estão cerceando a liberdade dos usuários em instalar um software completo em seus PCs e subvertendo os direitos dos desenvolvedores e distribuidores de manter uma relação direta com o público. (…) O problema especifico aqui é que a novíssima ‘Plataforma Windows Universal’ é travada e por consequência é impossível baixar aplicativos do UWP de outros websites, como os sites de distribuidores e desenvolvedores, para instalá-los, atualizá-los e conduzir um mercado fora da Windows Store. (…) A Epic se orgulha de prover software diretamente para clientes desde que eu comecei a enviar disquetes em 1991. Nós não deixaremos a Microsoft fechar o mercado de PC do dia pra noite sem uma briga e portanto não sentaremos silenciosamente enquanto a Microsoft embarca em uma série de manobras sorrateiras direcionadas a conseguir isso.”
Em resposta as acusações da Epic Games, Kevin Gallo, vice-presidente corporativo do Windows, deu uma declaração visando esclarecer algumas coisas que de acordo com eles, Tim Sweeney entendeu errado:
“A UWP é um sistema completamente aberto, disponível para qualquer desenvolvedor e que dá suporte a QUALQUER LOJA. (...) Nós queremos fazer o Windows a melhor plataforma de desenvolvimento independente da tecnologia usada. Nós oferecemos ferramentas para ajudar desenvolvedores com códigos existentes em base de HTML/Javascript, .NET e Win32, C++ e Objective-C tragam seus códigos para Windows e integrem as capacidades da UWP. (...) Com Xamatin, os desenvolvedores de UWP não atingirão apenas dispositivos com Windows 10, mas eles também podem usar uma grande porcentagem de seus códigos para entregar APPs para IOS e Android. Nós postamos isso num blog sobre ferramentas de desenvolvedores recentemente.”
O interessante nessa briga é que parte dela é basicamente Tim Sweeney reclamando sobre a Microsoft querendo fazer o que ela quer com um monopólio que já data desde os anos 90 e que se chama Windows.
É difícil ter certeza de quem está certo nessa discussão, opiniões de outros desenvolvedores seriam bem-vindas e devem acontecer nos próximos dias, pois por mais que não esteja longe da imaginação do público que a Microsoft queira monopolizar algo, também estamos falando da Epic Games, empresa que cresceu como é hoje graças a Gears of War, um game exclusivo da plataforma da Microsoft, mas que assim que ganhou um investimento Chinês, vendeu o game para a empresa, lançou seu próprio “lançador”, uma espécie de Steam/GOG próprio para seus jogos e por consequência concorrente do UWP e em sequência anunciou seu próximo grande jogo, Paragon, como um exclusivo do Playstation 4 para consoles.

Nesse caso as opiniões de acusação e defesa tem seus próprios interesses! Vamos ver quem se mostra certo nos próximos dias. Mas independente das opiniões de outros desenvolvedores, é curioso notar esse tipo de atitude contra a Microsoft, onde o seu proposto “novíssimo” sistema é só um modo (e não o único) de se criar jogos e apps para Windows, quando a Apple é idolatra por ter um controle absoluto em tudo que é comprado e vendido nos iPhones, ainda cobrando uma porcentagem obrigatória dos desenvolvedores nesse comercio único e exclusivo dela. Isso soa ainda mais hipócrita, quando vindo da Epic Games, que faz Infinity Blade, game exclusivo do IOS e se apresenta em keynotes da Apple falando de forma maravilhada de uma companhia com o mesmo problema, ou de fato, um problema muito pior, do que o que eles estão criticando agora.

Será que temos que ter dois pesos e duas medidas para duas empresas controlando seus próprios produtos? Ou há algo a mais na relação Epic Games / Microsoft?
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