The Division | Saiba o que esperar do jogo


Um amigo me perguntou recentemente “Como é esse tal de The Division? Ele é parecido com o que?” e mesmo depois de jogar o Beta fechado e o Beta aberto do game ainda não é fácil decidir como responder a essas perguntas, para começar por que ele ainda é muito diferente do jogo mais parecido com ele que existe.

O jogo no caso seria Destiny. Sim, Destiny foi lançado no final de 2014 e foi considerado por muitos um fracasso de crítica e outros ainda o jogam avidamente até hoje. Ele é uma mistura de shooter single-player e ao mesmo tempo um MMORPG, nesse sentido, The Division é parecido com Destiny, mas as semelhanças param por aí.

The Division soa completamente diferente desde o seu visual, até seu mapa e seu gameplay. O jogo apresenta provavelmente um dos melhores sistemas de cover já visto em um jogo moderno, um pouco semelhante ao de Splinter Cell: Blacklist e é nisso que se baseia toda a jogabilidade, correr de um esconderijo ao outro matando os seus inimigos para completar missões e ganhar loots, levels e skills, além de avançar a história, obviamente.

O mapa do game é uma versão (eu acredito que de 1 pra 1) de Nova York, faltando alguns bairros que devem ser incluídos posteriormente nos 3 DLCs pagos já anunciados, nesse mapa principal nós temos a zona de missões, ou o mundo aberto comum, a nossa base cheia de upgrades por fazer e a Dark Zone, que é uma área cheia de itens poderosos onde há também PVP liberado, onde você pode virar um agente renegado para atacar outros agentes em busca dos preciosos itens encontrados por aquelas bandas. Um lugar que soa verdadeiramente perigoso.

O visual do game é bem bonito, embora mais uma vez nem se compare com o visual mostrados nos primeiros trailers anos atrás. O mais impressionante no visual entretanto é a atenção para os pequenos detalhes. Ainda que no Xbox One (onde eu joguei) as texturas fiquem menos interessantes quando você as olha bem de perto, alguns detalhes do game como a fumaça no vento, a sujeira na neve, a sujeira em geral, as famosas portas de carros abertas que podem ser fechadas com uma encostada e tudo o mais está muito bem aplicado e eleva o realismo e a inserção naquele mundo.

O gameplay em si não é nada surpreendente e nem vai tirar seu fôlego, é um shooter de qualidade, mas bem comum, só que com esses novos e interessantes elementos de um MMORPG. A dificuldade, porém, está bem desafiadora. Na primeira das duas missões do Beta aberto, tudo é bem fácil, é difícil morrer se você estiver acostumado com based cover shooters, entretanto a missão seguinte, caso você ainda não esteja no level indicado (necessita um breve grinding até esse level), muda um pouco essa perspectiva de facilidade no game, os inimigos são muito mais resistentes, têm armas melhores e são mais agressivos, ainda que a Inteligência Artificial deles seja errática em qualquer ponto do jogo.

Essas missões mais difíceis funcionam muito bem em multiplayer, mas você também pode fazê-las sozinho. Jogar com alguém aleatório não melhora muito o jogo no quesito diversão, mas jogar com um amigo deixa tudo que já é legal, muito melhor. É especialmente bacana bolar estratégias para completar as missões mais problemáticas e se aventurar pelas perigosas terras da Dark Zones, embora o friendly fire, que aparentemente está ligado, com certeza atrapalhe um pouco.

As armas que você usa no game conseguem se diferenciar bem uma das outras, apesar de parecerem a mesma metralhadora automática numa primeira olhada. Além da mira ser diferente para cada tipo de arma, o que é obvio para qualquer um, se você for apenas um pouco mais detalhista vai ver que a cadencia de disparo, a precisão e especialmente a estabilidade variam muito de arma para arma, o tamanho do pente também é um fator crucial, embora o game seja tão frenético em certos momentos que você provavelmente vai ficar trocando de arma a cada segundo quando as balas de uma estiverem acabando e você precisar recarregar. Vale notar que as balas da sua pistola, você sempre tem uma pistola, são infinitas, o que te incentiva a usá-las em inimigos que apresentam uma ameaça menor, mas também te tira do “mundinho” do game, o que me faz pensar ainda mais que The Division poderia ser ainda melhor com uma arma branca no lugar da pistola mágica e certamente seria ainda melhor se a munição fosse menos fácil de se adquirir, nada contra ter uma caixa mágica para recarregar suas munições e granadas na base, mas uma dessas caixas em cada esquina nas missões é um pouco exagerado e te permite jogar sem moderação e sem tática alguma.

A trama do game parece bem genérica a princípio, já que sabemos pouco sobre ela, mas ainda assim é o suficiente para nos inserir na atmosfera e em toda a ideia básica de um mundo futurista em que o mundo está prestes a acabar graças a um vírus. Alias, o futuro holográfico e de realidades aumentadas de The Division é muito mais interessante e vivo do que os futuros apresentados em shooters como Call of Duty: Advanced Warfare e outros nesse estilo futurista.

Antes de terminar, eu queria falar sobre a customização dos personagens, apesar de você só poder escolher personagens randômicos e de ter poucos itens de aparência no Beta (eu espero que tenham mais no futuro), o seu personagem consegue parecer único ainda assim, diferente de Destiny, por exemplo, onde todos parecem iguais. Uma das razões disso é no fato de que os itens de visual não tenham statss nenhum, eles são apenas visuais e nada mais. Então você não vai ver todos os personagens com as mesmas jaquetas porque elas dão algum tipo de proteção superior, ou personagens com as mesmas calças porque elas te permitem carregar mais munição, sua vestimenta é simplesmente uma vestimenta e isso é um fator positivo em MMORPGs, especialmente porque a estética e o estilo do jogo é bem cool e personalizar seu personagem nesse mundo livre dessas amarras de jogabilidade é bem mais interessante.

Honestamente, eu já errei em julgar games pelo beta antes e pelo potencial não explorado que esses betas pareciam mostrar (cof...cof...Star Wars: Battlefront...cof...cof), algumas vezes o game inteiro é apenas um beta mais longo e se esse for o caso com The Division, o resultado será decepcionante, pois tudo mostrado em ambos os testes não rende diversão por mais de duas ou três horas, especialmente se você apenas tiver apenas um grind mais longo para prolongar a jogatina após isso, mas se o que não está no beta completar a experiência de alguma forma, seja de forma narrativa, seja na personalização ou de qualquer outro jeito podemos ter um daqueles grandes e memoráveis jogos que surgem a cada geração em mãos quando a versão final for lançada, dentro de algumas semanas. Vamos torcer pra isso!
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