Star Wars: The Clone Wars - 6° Temporada | Crítica

Eu tenho minhas ressalvas quanto a compra da Lucasfilm pela Disney, eu fico bem feliz pelo fato deles estarem movimentando a franquia nos cinemas mais uma vez, mas o cancelamento de Clone Wars e a contratação de J.J. Abrams como diretor do próximo filme da série não são coisas das quais eu gostei muito. Eu adimitidamente não sou um grande fã de Star Wars, embora eu goste muito da franquia (o suficiente), mas uma das coisas que eu mais gosto nessa franquia é facilmente Star Wars – The Clone Wars, a série animada de Dave Filoni que começou mal e evoluiu absurdamente com o passar dos anos.


A 5° temporada da série teve o ponto mais baixo de toda a saga, os episódios dos androides, mas ao mesmo tempo teve os melhores arcos da série, um deles, o arco Mandaloriano viraria facilmente uma trilogia bem sucedida nos cinemas e enquanto o arco da Ahsoka sendo expulsa da Ordem Jedi não caberia fora da série, é realmente algo que podemos chamar de boa televisão, com pontos emotivos mais amplos e mais bem explorados que em muitas séries live-action por aí.


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Já a 6° temporada tem a vantagem de não ter nenhum episódio extremamente ruim e com outra pequena vantagem de trazer Dave Filoni aprendendo com os erros do passado e não mais obrigatoriamente fazendo arcos de 4 episódios cada, visto que o arco com Jar Jar Binks e Mace Windu (o mais fraco da temporada) tem apenas 2 episódios, enquanto o arco do sistema bancário e Clovis tem 3. Apenas os dois arcos principais da temporada continuam com o sistema de 4 episódios, sendo eles o Arco sobre a Ordem 66, protagonizado pelos clones Fives e Rex e pelos Jedis Anakin e Shak Ti, além é claro de mostrar muito o planeta Kamino, que foi amplamente abordado no segundo filme da trilogia de prequels.


O primeiro episódio desse arco é belíssimamente bem feito e por consequência ele inicia muito bem a temporada, além de tudo ele é extraordinariamente violento para a Cartoon Network e para as manhãs de sábado, mas esperem... a temporada agora é exclusiva da Netflix e bem, você pode assistir a hora que quiser. Isso me faz pensar, Dave Filoni realmente estava fazendo essa série para crianças? Os arcos dos androides da 5° temporada me dizem que sim, esse arco com certeza me diz que não.


O arco que é um estudo sobre como funciona a Ordem 66 é espetacular em vários quesitos, e embora ele pareça se prolongar demais, com o último episódio sendo um pouco mais esticado do que devia, quase desnecessário, ele facilmente entra na lista das melhores histórias contadas não apenas em Clone Wars, mas na franquia Star Wars em geral.


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O segundo arco, sobre a quebra do sistema bancário da galáxia e sobre a volta de Clovis, antigo namorado de Padmé, é interessante em alguns pontos e por sorte é menos longo, apenas 3 episódios que servem perfeitamente àquela história. A trama sobre o sistema bancário da republica é uma grande chance de provar o quão em larga escala e amplo o plano de Palpatine estava, pode parecer um pouco chato para uma criança assistir esse tipo de tema, mas é bem interessante para quem gosta de absorver todos os aspectos da história. Em adição a isso, vemos um pouco mais do lado Darth Vader de Anakin, enquanto ele espanca Clovis e briga com Padmé, o que é sempre bom de ver na série.


O arco de episódios protagonizados por Jar Jar Binks e Mace Windu é completamente dispensável, é válido apenas porque temos uma aparição especial bem bacana no final da trama. A Mãe Talzin é a vilã secreta do episódio e mostrar como existem outros usuários da Força além dos Jedis e dos Sith, amplia muito o universo criado por George Lucas, há feiticeiros no mundo de Star Wars e embora eles não sejam tão poderosos quando os dois mencionados acima, eles dificilmente são uma força a ser ignorada.


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O quarto, último e melhor arco da 6° temporada, que acaba sendo o arco final da série é o arco sobre os fantasmas da força, protagonizado por Yoda e com um impressionante elenco de vozes fazendo algumas participações realmente interessantes. Nesse elenco vale mencionar Liam Neeson, voltando a interpretar Qui-Gon Jim, Mark Hammil, o Luke Skywalker em pessoa, interpretando ninguém menos que o poderoso e ancestral Sith, Darth Bane, em uma participação brilhante e por incrível que pareça, a participação mais emotiva de todas, Ashley Eckstein, fazendo a única aparição de Ahsoka na 6° temporada, em um devaneio de Yoda.


Todo o arco do Yoda indo à Dagobah e aprendendo com Qui-Gon Jim sobre como voltar a se comunicar com os outros, mesmo depois da morte, é simplesmente brilhante e visualmente lindo, e para ainda pontuar dramaticamente o fim da série, ainda há uma luta sensacional entre Darth Sidious e Yoda, e Dooku e Anakin, que termina de forma extraordinária, ainda que a inclusão da batalha soe um pouco forçada no contexto do episódio, ela é inegavelmente climática e uma ascensão considerável na curva dramática.


Mas de alguma forma, é difícil, ainda assim, ver o arco de Yoda como um final de série, visto que ele não conclui muitas coisas, mesmo com a promessa do arco Son of Dathromir, com a continuação da história de Darth Maul, depois do arco Mandaloriano,virar uma minissérie em quadrinhos, falta muito a ser concluído na trama da série.


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Quando Dave Filoni postou algumas imagens conceituais sobre o que seria a próxima temporada da série, eu achei o máximo ver que haveria uma história entre Ahsoka e Bo-Katan, entre outras coisas bacanas que estavam sendo produzidas, mas agora com o próprio Filoni negando veementemente que Star Wars – Rebels terá qualquer ligação com Clone Wars, exceto a óbvia ligação de se passar no mesmo universo, anos depois, a revelação das coisas que nunca vão chegar soa muito mais como um desserviço aos fãs.


Star Wars – The Clone Wars é realmente uma das melhores animações dos últimos tempos, um dos melhores produtos com o nome Star Wars que já existiu e teve algumas das melhores aventuras e histórias da televisão na atualidade, pelo menos “melhores” para o público ao qual a série era destinada e por mais que a 6° temporada seja incrível, ela não está na altura de finalizar uma série como essa, para ser honesto, o final da 5° Temporada (mais o tal arco Son of Dathromir) seria muito mais eficiente como final de série.


Cancelar Star Wars – The Clone Wars foi o maior erro da Disney ao comprar a Lucasfilm, e por mais que Dave Filoni esteja fazendo uma nova animação e dessa vez trabalhando com outros talentos do mesmo nível que ele (e com mais experiência), eu particularmente não estou pronto ainda para abrir mão de Ahsoka e companhia para começar a assistir as aventuras de Ezra, Hera, Sabine (uma Mandaloriana que apesar do nome, não tem nenhuma relação com a Duquesa Satine, uma pena), Chopper, Kanan e Zeb. Star Wars – Rebels está vindo aí, mas com certeza Star Wars: The Clone Wars, por hora, é insuperável.


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