Young Justice - Série Completa | Crítica

[heading style="1"]O cancelamento[/heading]


A Cartoon Network é uma empresa e como tal toma decisões baseadas em valores e números e não no emocional. Young Justice por si é uma série cara para ser feita que envolve muitos artistas e que apesar de ter uma ótima audiência e receber os melhores elogios possíveis da crítica especializada …não vendia bem bonequinhos e produtos licenciados.


Em partes eu considero isso não entender seu publico. Young Justice claramente é feita para crianças, mas suas histórias são para jovens adultos, o que leva a crianças a não se interessar muito ao ponto de querer ter uma lancheira do Kaldur’ahm e os adultos a não querer comprar bonequinhos da Mattel, quando poderiam estar comprando da Kotobukyia.


Obviamente eu não acredito que seja APENAS isso que tenha gerado o cancelamento da série, pois desde seu inicio ela sofria com hiatos enormes e inexplicados por parte da Cartoon. Lembra-se do episodio Secret bem no meio da primeira temporada? Pois é, ele foi o último episodio que vimos por longos meses até que a série voltasse para parar por um bom tempo depois disso.


Na verdade nem bonequinhos nem problemas internos foram anunciados como causa oficial do cancelamento de Young Justice, a Cartoon Network simplesmente cancelou e prefere fingir que nada está acontecendo. Mesmo com a enxurrada de fãs e da imprensa questionando e pedindo a renovação da série, que claramente foi pensada para ter uma sequencia. Sério Cartoon, você assistiu o último episodio e o gancho para uma próxima temporada? Uma edição cortando os últimos 30 segundos de episodio teriam amenizado as cobranças…


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As cobranças são o que mais impressionam, além da petição para que a série volte no link acima, a cada post da Cartoon no Facebook surge imediatamente 500 ou mais comentários pedindo que ela renove a série. Mais impressionante que isso ainda é a capacidade da Cartoon de se sentir isenta da necessidade de responder aos fãs ou a imprensa. Cartoon você está lidando com crianças aqui (a imprensa incluso), elas não podem ficar sem resposta, elas nunca param de perguntar…


Só para constar, a Mattel, fabricante autorizada de bonequinhos da série nem mesmo chegou a lançar os personagens remodelados da segunda e claramente melhor temporada.


Assim fica difícil…


[heading style="1"]1° Temporada[/heading]



A primeira temporada de Young Justice começou calma e infantil, como toda séria da Cartoon costuma ser, com episódios soltos, apenas com um mínimo de coerência entre eles. Ela só conquistou o publico por causa de seus personagens incrivelmente bem escritos e carismáticos. A paixão de Kid Flash por M’gann enquanto detestava Artemis, o que eventualmente acabou se tornando amor, a descoberta que M’gann é uma marciana branca, sua relação com Conner, a relação de Conner com Lex Luthor, tudo era interessante demais nas entrelinhas da série.


Ainda que de inicio a trama geral em si não fosse nada além do normal, de fato, muito repetitiva, sempre finalizando da mesma forma. Tudo dando errado para os vilões, mas eles terminam dizendo… As crianças nos atrapalharam, mas está tudo bem, conseguimos fazer a principal parte dos planos da Luz.


A Luz é um grupo de vilões da Terra liderados por Lex Luthor, Vandal Savage e Ra’s Al Ghul que manipulam a Liga da Justiça e outros vilões, incluindo o estranho Coringa dessa série, para conseguir seus planos ocultos que a cada passo realizado parecem mais e mais complexos.


Durante a primeira temporada os planos pareciam ser acabar com a Liga da Justiça, mas no último episodio dela foi revelado que na verdade a intenção sempre foi apenas transformar a liga em criminosos usando controle mental, A Luz é bem sucedida nisso.


No final a primeira temporada só tem uma vantagem real sobre a segunda, menos personagens. Kaldur’ahm, ou apenas Kaldur filho do vilão Manta Negra é o líder dos heróis mirins, ele é o mais genérico do time, mas ao mesmo tempo o mais centrado. Wally, ou o Kid Flash, o velocista da equipe também conhecido como o piadista do grupo, todo grupo precisa de um, mas como em um sitcom ele acaba se transformando em um forte fator emocional para a equipe. Artemis, revelada posteriormente como filha de vilões, está no grupo quase de forma forçada, pois ninguém a aceita a principio e acham que ela pode ser uma traidora. Superboy, ou Conner Kent, clone mal acabado do Superman feito por Lex Luthor, Conner, por não ter sido finalizado não tem todos os poderes Kriptonianos, mas isso não impede que ele haja com excesso de confiança em praticamente todas as situações.


Ainda temos também os dois personagens mais interessantes da primeira temporada, Robin, Dick Grayson, o primeiro dos aprendizes do Batman, que era o segundo em comando e geralmente não aceitava o fato do próprio Batman, ter escolhido Kaldur como líder do Time e não ele. Apesar de ser menos sério, sabia ser tão frio e calculista quanto o Batman quando precisava. A Miss Martian, ou M’gann é de longe a melhor personagem, não nó nessa primeira temporada, mas também na segunda, na segunda ainda mais. M’gann é uma marciana branca, ou seja, uma criatura horrenda que se disfarça com seus poderes de uma marciana comum, que é verde, mas menos horrenda que a outra. O interessante nela de verdade é a extensão de seus poderes, ela é mais poderosa que seu “tio” Caçador de Marte e tem capacidade para derrotar a Liga da Justiça inteira se quiser. Nada mal para uma garotinha que fala “Hello Megan!” de forma idiota a cada par de episódios.


Além deles ainda temos Zatanna e Ricardito (quem traduziu esse nome?) que são constantes aparições na série, mas não são personagens fixos.


A primeira temporada de Young Justice foi um misto de bons episódios mesclados com episódios repetitivos, mas com personagens extremamente carismáticos que tinham força o suficiente para nos fazer assistir mais e mais.


[heading style="1"]2° Temporada[/heading]



A Luz conseguiu tirar os principais membros da Liga da Justiça da jogada e ficou a cargo do “time” impedir que os planos deles se concluíssem, deles e dos Lanternas Verdes, mas Savage e Luthor pensaram em tudo e trouxeram a Reach, ou Trincheira como preferir, para se infiltrar na Terra e domina-la, é obvio que Luthor e Savage não tinham intenção alguma em deixar a Terra ser dominada por aliens, mas a presença teoricamente amigável da Reach na Terra deixava ela fora da jurisdição dos Lanternas Verdes. Então, o Time teria que resolver tudo.


Aí está o maior trunfo e o único problema da segunda temporada. O Time que antes contava com Kaldur, Robin, Superboy, Miss Martian, Kid Flash, Artemis e às vezes Zatanna e Ricardito agora tem mais 20 membros fixos, alguns deles nem o nome sabemos. Cinco anos se passaram desde o último episodio da primeira temporada. Kaldur se rebelou e entrou para A Luz, Kid Flash e Artemis se aposentaram, Miss Martian e Superboy estão brigados e Dick Grayson deixou seu manto de Robin para Tim Drake e assumiu o papel de Asa Noturna e a liderança do time, tendo que manter uma postura semelhante a do Batman, embora por dentro ainda fosse o moleque brincalhão de sempre.


Dentre os muitos personagens dessa nova trama, se destacam Virgil ou o Superchoque, Jaime Reyes o Besouro Azul e o Impulso. Ainda que a trama inunde a série de outros personagens dispensáveis como, por exemplo, a Bumblebee e o Icon.


Com tantos personagens para ser explorados e com a Cartoon parando de passar a série por meses a cada quatro episódios a Segunda Temporada pareceu problemática, mas quando assistimos tudo de uma só vez percebemos o quão boa a história foi.


De fato, eu jamais vi uma animação da DC com uma história tão complexa e bem contada como essa. Deixando para traz esquema “o cada episodio uma trama”, Young Justice começou a abordar episódios contínuos, com tramas adultas e coerentes. Facilmente eu colocaria a segunda temporada de Young Justice como uma das cinco melhores coisas que tinha na TV, atrás apenas de séries como Homeland, The Newsroon e House of Cards.


O destaque dramático na segunda temporada ficou a cargo de Kaldur não realmente ter trocado de lado, mas tudo fazer parte de um plano dele, Artemis, Kid Flash, Zatanna e Asa Noturna para se infiltrar na Luz. Isso se revela quando Kaldur “mata” Artemis e depois ela assume o lugar da vilã Tigresa usando um feitiço de Zatanna. Com Kaldur e Artemis infiltrados na Luz, Asa Noturna tem a vantagem em combater a Trincheira, sabendo que tudo está sob controle do outro lado do problema.


Com participações especiais arrasadoras como a do Lobo e Mongul a série na segunda temporada tem como principal “vilão físico” o Besouro Negro, mas enfrenta a Luz e a mídia em varias formas, apenas Lex Luthor, que apesar de ser da Luz parece mais intencionado em servir a si mesmo do que a qualquer coisa, parece ajudar mais o Time do que atrapalhar.


Tudo se complica nos últimos episódios, quando Miss Martian destrói a mente de Kaldur para vingar sua amiga Artemis e descobre que na verdade tudo era um plano secreto do Asa Noturna, a equipe começa a se desencontrar, Besouro Azul vai para o lado da Trincheira, Mongul ataca a Terra enquanto a Liga da Justiça está sendo julgada em um planeta distante.


Tudo isso culmina nos dois e incríveis últimos episódios, onde Ra’s Al Ghul descobre a farsa de Artemis e o time ataca a reunião da Trincheira e da Luz ao mesmo tempo. Besouro Negro do lado da trincheira e Vandal Savage do lado da Luz se salvam, o restante é capturado. O controle da equipe volta para Kaldur e Asa Noturna decide tirar um descanso, mas não antes de resolver os últimos problemas. Num final um pouco menor do que se esperava temos tudo o que uma boa série tem a oferecer em um SEASON FINALE, um personagem morre, Wally, nosso querido Kid Flash que mal apareceu na segunda temporada, e Vandal Savage faz um trato com Darkseid para um Cliffhanger de algo que jamais conheceremos.


Young Justice termina em um episodio que não é o seu ápice, mas mantém o tom brilhante de toda a segunda temporada. Nunca mais veremos nossos queridos personagens em ação, mas podemos imaginar que eles estão por aí fazendo piadas e lutando contra vilões. Que a M’gann e o Conner se resolveram, que Artemis aceitou a morte de Wally e que Kaldur’ahm se tornou um líder tão bom para a equipe quanto o Batman é para a Liga.


Young Justice termina sendo a melhor animação já feita baseada em uma obra da DC Comics, mas deixa a tristeza para os fãs em saber que a série não terminou como deveria e de que definitivamente A ARTE É SECUNDARIA NO RAMO DA INDÚSTRIA DO ENTRETENIMENTO.

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