Capitão América 2 - O Soldado Invernal | Crítica
Quando o quadrinista Ed Brubaker falou anos atrás que Capitão América 2 séria o melhor filme da Marvel Studios e um dos melhores filmes em quadrinhos de todos os tempos, as minhas expectativas realmente aumentaram, Brubaker é um funcionário da Marvel, é claro, então tem que elogiar os trabalhos dela e ele é o principal escritor de Capitão América dos últimos anos, por isso nada mais justo também do que ele elogiar especificamente o filme de seu personagem, mas por outro lado, ele é um autor bem crítico, estava vendo uma obra sua sendo parcialmente adaptada e ainda por cima, nunca tinha aberto a boca para dizer droga alguma sobre os filmes.
Enfim, se eu pudesse resumir Capitão América 2 com uma frase, a frase seria; “Brubaker estava certo”, ou quase isso, eu não acho que Capitão América 2 seja melhor que Os Vingadores, mas chega definitivamente perto de ser, contudo, ser melhor ou não que Os Vingadores é uma questão de gosto, o que é fato é que O Soldado Invernal é o filme mais sóbrio e mais sério do universo Marvel, talvez o filme que melhor conseguiu lidar com o problema crescente do estúdio em dosar o humor e o plot em partes que faça o filme poder ser levado a sério, esse foi um problema com Homem de Ferro 3 (um dos muitos) e é um dos principais problemas com a série Agents of S.H.I.E.L.D., o que não acontece aqui, o humor alias, está em uma dose tão exata, que a única cena em que o cinema (cheio de críticos e não o público comum, vale notar) gargalhou, foi uma cena no fim do filme sobre a passagem da Bíblia Ezequiel 25:17, que só quem é fã de Pulp Fiction vai entender. Isso não quer dizer que o filme é sério, ele é bem humorado quando há necessidade, mas não é histérico como alguns outros do estúdio.
Quanto ao Plot, ele é o mais complexo e o mais interessante de todos os filmes da Marvel até o momento, ele em determinado ponto parece um filme de espionagem comum, só que com super-heróis dentro dele, até que o final quebra um pouco com o que dá o tom de filme de espionagem e vira algo tão megalomaníaco e divertido quanto esperamos de um filme do estúdio de Os Vingadores.
A propósito, o filme engloba bem o universo pós-vingadores 1 melhor do que qualquer outro, com certeza melhor que as crises de ansiedade de Tony Stark em Homem de Ferro 3, realmente dá para sentir que Os Vingadores aconteceram naquele mundo, especialmente porque a Hydra tem uma lista de pessoas perigosas e ela é encabeçada por Tony Stark e inclui até um certo Stephen Strange, que devemos conhecer melhor em 2016/2017 e que é mencionado como se já fosse famoso na SHIELD.
A trama fala sobre a infiltração homeopática da Hydra dentro da SHIELD desde a invenção da agencia, que aparentemente foi fundada em partes por Howard Stark e Peggy Carter (dentre outros) e os eventos do filme em si, são o golpe final da Hydra na força militar liderada por Nick Fury.
Mais uma vez o estúdio de Kevin Feige parece querer catucar a ferida da política do medo dos Estados Unidos, mas diferente daquela bobagem que foi o Mandarim em Homem de Ferro 3, aqui a crítica faz muito mais sentido é menos obvia e estúpida, é claro que a tecnologia de Drones (ou Helicarries nesse caso) e o poder está nas mãos do “vilão”, mas não deixa de fazer total sentido com o mundo atual, a diferença é que no mundo de verdade não há vilões e nem mocinhos bem definidos e nada é nessa escala, mas o paralelo é bem válido.
Eu já fiz um paralelo acima com o mundo atual, com Homem de Ferro 3 e com Os Vingadores, então vale fazer agora um com Thor 2. O paralelo vai ser simples, o roteiro de Capitão América 2 – O Soldado Invernal é tão bom, que me faz pensar que a Marvel nem tentou de verdade com a sequencia de Thor, eu acho realmente que Christopher Markus e Stephen McFeely, roteiristas de Cap 2, deveriam a partir de agora revisar tudo que está sendo escrito pelo estúdio.
O roteiro é tão bom, com um plot tão interessante (ainda que não seja necessariamente original) e tem momentos tão sensacionais para os personagens, que o maior paralelo que se pode fazer é na verdade com um outro filme de super-heróis, mas dá concorrência, Batman – O Cavaleiro das Trevas. Claro que o filme de Nolan é um pouco mais requintado e se leva extremamente mais a sério que o da Marvel, mas a forma como a história é contada, como os personagens tem importância naquele mundo e como o vilão é ameaçador, são idênticas, por isso eu acredito que chamar Capitão América 2 – O Soldado Invernal de “O Cavaleiro das Trevas da Marvel” não é tão louco quanto parece.
Aproveitando o gancho para falar do vilão, o Soldado Invernal é simplesmente o melhor vilão da Marvel até o momento, Tom Hiddleston e seu Loki é claramente mais carismático, mas o Soldado Invernal é o único vilão realmente ameaçador que a Marvel já criou nos cinemas até agora, eu realmente temi pela vida da Viúva Negra em determinado ponto do filme, quando o Soldado deixou claro que queria mata-la. O próprio Sebastian Stan, disse que se inspirou em Heath Ledger e seu Coringa para compor o Soldado Invernal e por mais que os personagens sejam completamente diferentes, a aura ameaçadora que ambos têm é a mesma e como bônus para qualquer um que lê a Marvel hoje em dia, tem uma cena em que O Soldado Invernal empunha o escudo do Capitão América e isso é muito mais significativo do que aparenta, especialmente porque Stan tem um contrato para 9 filmes e se você lê quadrinhos, você sabe muito bem o que eu estou querendo insinuar com isso, se não lê, é melhor esperar pra ver se acontece ou não.
Como eu falei, as diferenças entre o Soldado Invernal e o Coringa são óbvias, enquanto o Coringa é um grande falastrão cheio de esquemas, o Soldado Invernal é um lutador e um executor silencioso, mas isso dá a trama o contexto perfeito para uma ação desenfreada e para as cenas de lutas de tirar o fôlego. A ação do filme não é exacerbada e dá o meu tão estimado tempo de respiro, para desenvolver a trama e para não banalizar a própria ação, mas quando ela começa, é pra valer. E a “porradaria” entre o Capitão América e o Soldado Invernal não podia ser mais franca, nós percebemos que os dois estão brigando pra valer, não há espaço para piadinhas e show off no meio da luta, especialmente porque os dois tem um nível de poder semelhante e treinamento parecido, para somar um tem um braço de metal super cool, enquanto o outro tem um escudo de Vibranium que por algum motivo quica como uma bola.
Mas para não dizer que o vilão rouba a cena do filme, e por melhor que ele seja, ele não rouba, vale mencionar que o próprio Capitão América ao lado da Viúva Negra são os grandes protagonistas nessa trama, embora eu ainda ache que o Steve Rogers em si é um pouquinho irritante e ache que o Chris Evans melhorou muito, mas que podia ser melhor ainda, ele não deixa o nível cair, por outro lado a Scarlett Johansson está melhor do que nunca no seu papel de Viúva Negra, ela realmente soube incorporar a personagem dessa vez, é difícil enxergar a Scarlett Johansson ali, tão interconectada com tudo aquilo que a personagem dela e ela própria estão.
Algumas coisas não são perfeitas, é claro, como, por exemplo, a utilização o Falcão, que é completamente desnecessária, o filme poderia ter cerca de 20 minutos a menos cortando todas as cenas do Falcão e ainda assim nenhuma vírgula da trama precisaria ser mudada, visto que ele sequer interfere no que acontece no filme. Anthony Mackie até faz bem o seu papel e sua parte no terceiro ato é visualmente bonita, especialmente a luta dele com O Soldado Invernal, mas ele é completamente desnecessário.
Outro problema pra mim fica por conta do final do segundo ato, quando Nick Fury e o Capitão América estão conversando sobre o que eles vão fazer, e sem querer entregar o final do filme, mas no trailer vemos Fury dizer “parece que você está dando as ordens agora Capitão”. Nick Fury concordar com Rogers e a própria Maria Hill fazer um siding com o Capitão na discussão em questão soa absurdamente nonsense, não havia motivos para Fury aceitar o ultimato do Capitão América e o próprio Steve deveria saber que tudo aquilo é maior do que ele e o senso de moral binário que ele tem, enfim, o que acontece a partir de então, muda completamente o Status-Quo da Marvel e eu tenho certeza que isso tem haver com o surgimento de Ultron em Os Vingadores 2, mas soa arbitrário demais, como se Kevin Feige pedisse: “Por favor, encaixe tal evento na história de Capitão América 2”, então foi dada uma forma de encaixar isso na trama, isso não é o problema, o problema é só que haviam formas melhores de fazer.
Alias, um pouco antes dessa cena, eu senti falta do grupinho pavoroso do Agente Coulson em Agents of S.H.I.E.L.D., o que acontece no filme com certeza muda o Status-Quo da série também e por mais que eu não goste daquele grupo, acho que eles mereciam uma cena ao menos no filme, quem sabe podia até mesmo ser uma boa chance para a Skye e o Agente Ward morrerem de forma horrorosa e saírem da série? Bem, isso seria pedir demais, mas com certeza me deu vontade de assistir a série novamente só para ver como ela vai se sintonizar com esse filme.
Antes de terminar a crítica, vale dizer que você DEVE esperar as cenas pós-créditos, que são duas, ao menos a primeira você DEVE OBRIGATÓRIAMENTE assistir, pois ela (mostra a minha personagem favorita do universo Marvel) diz muito do que está por vir nos cinemas em breve.