Homem de Ferro 3 | Crítica
Não dá para deixar de pensar que quando Kevin Feige disse que Joss Whedon ficou sem saber o que fazer com Os Vingadores 2 após ter visto o final de Homem de Ferro 3 significa não que o final do filme é insuperável ou algo assim como pensávamos, não é... dá para superar fácil, o que Joss Whedon deve ter pensado é “porque vocês fizeram isso?”.
Anticlímax puro, é isso no que se resume o final de Homem de Ferro 3, mas vamos voltar ao começo, onde somos apresentados ao Tony Stark de 1999 encontrando pela primeira vez com Maya Hansen interpretada pela linda Rebecca Hall. Nesse encontro Maya, assim como Tony, conhecem Aldrich Killian, um estranho cientista de uma empresa chamada I.M.A. (ou Ideias Mecânicas Avançadas). Killian é esquisito, desajeitado e é enganado por Stark, que promete ouvi-lo para conhecer seu projeto, mas o deixa esperando em plena noite de ano novo enquanto vai para o quarto com Hansen.
Maya estuda uma planta que tem uma espécie do vírus Extremis nela, que se recompõe, mas é instável, Tony fica sabendo disso apenas por alto, enquanto aproveita a noite de outras formas. Já no presente pós-vingadores, um terrorista chamado Mandarin começa a atacar os EUA, até que um belo dia, Happy Hogan, investigando um capanga estranho de Aldrich Killian que foi até a Stark Industries buscando financiamento com Pepper, a nova diretora da empresa, Hogan acaba estando na hora errada e no lugar errado, onde um ataque do Mandarim acontece, o mandando direto para o hospital. O que torna a briga de Mandarin com Tony algo pessoal e também o que leva aquela épica cena com a casa de Tony sendo destruída, tudo isso acontece no inicio do filme, um inicio incrível por sinal.
Há muitas lacunas na trama de Homem de Ferro 3, muitas mesmo, mas evito de entrar em maiores detalhes, pois seria necessários Spoilers para isso. Basta dizer que a trama é o único defeito de Homem de Ferro 3. Não sei onde isso tudo vai se encaixar com a Fase 2 da Marvel, ou onde isso supostamente deveria se encaixar com o que veio antes em Homem de Ferro, por exemplo, Os Vingadores são citados varias vezes durante o filme, nunca um deles individualmente, apenas o nome Vingadores, ou “Buraco de Minhoca” ou mesmo como “Eventos de Nova York”, mas nunca passa disso, eu não entendi mesmo o porque o Tony não pegou seu celular invisível e não ligou para Nick Fury no lugar de ficar tentando convencer a um fã assustador seu ou a uma criança de 10 anos a lhe ajudar.
Tudo que envolve o Mandarin no filme também quebra o que aconteceu com o primeiro filme, deixa “Os 10 Anéis” (grupo terrorista) completamente desconexo, eu não entendo como os roteiristas acharam que colocar o Mandarin da forma como colocaram ligaria o Homem de Ferro 3 ao Homem de Ferro 1... na verdade faz parecer que houve um equivoco de roteiro ou que são dois filmes completamente diferentes. Na verdade, o maior erro desse filme não é a trama... é o Mandarin que é absurdamente decepcionante e sem duvidas a pior coisa que a Marvel Studios fez até agora.
A propósito, a Extremis é uma droga também, esqueça tudo que você leu (se você leu) da história de Warren Ellis, esqueça tudo o que você sabe sobre o Mandarin também, esqueça na verdade tudo o que você sabe de Homem de Ferro e assista o filme, talvez se você só conhece Homem de Ferro através dos 3 filmes anteriores, você consiga até gostar da trama e olhe lá.
MAS... apesar de ser uma das coisas mais importantes de um filme, a trama não é o filme inteiro. Tecnicamente, narrativamente, artisticamente, Homem de Ferro 3 é impecável, Shane Black tem muito mais timing para ação e humor do que Jon Favreau, já que esse é de longe o mais engraçado dos três filmes e o que tem a melhor ação.
Outro fato legal é eles nunca descaracterizarem o Tony Stark apesar das dificuldades, mudanças e do amadurecimento que o personagem passa. A maior prova disso é toda a interação dele com o menino do filme, onde ele trata o garoto exatamente como ele trataria qualquer pessoa irritante e não muda seu jeito só por que o rapaz tem uma história triste e porque isso faria o publico se identificar ainda mais com ele. É sábio da Marvel não fazer isso com o Tony.
Os efeitos especiais estão tão bons quanto deveriam estar, alguém aí imagina um filme da Marvel mal feito? As cenas de ação são brilhantes e não apenas a última como de costume, mas tudo, desde o Tony lutando sem armadura, quanto ele lutando apenas com pedaços de armaduras e até ele controlando múltiplas armaduras. Tudo incrível e de tirar o fôlego.
Outro mérito que o filme conseguiu é ser realmente um filme, como Homem de Ferro 1 foi, diferente do que Thor, um pouco Capitão América e principalmente Homem de Ferro 2 foram, que pareciam mais ser um trailer de 2 horas para Os Vingadores do que um filme de verdade. Homem de Ferro 2 pecava ainda mais por fazer Tony dividir a tela com personagens ótimos como Nick Fury, Maquina de Combate, Viúva Negra e o Agente Coulson, aqui o filme é completamente de Tony Stark, mesmo que ele divida tela com uma Pepper Potts mais interessante que o normal.
As atuações são sensacionais, Robert Downey Jr. não permite que ninguém roube sua cena, mas não dá para dizer que Rebecca Hall e Guy Pearce não se destaquem bem, mesmo Ben Kingsley no pior papel recente de sua carreira dá um show de interpretação e de cinismo.
Com cenas engraçadíssimas e com ação de tirar o fôlego, Shane Black realmente brilha na direção e merece outras chances de se arriscar em filmes melhores, na própria Marvel talvez, uma pena que a história que ele tinha para contar em Homem de Ferro 3 fosse tão ruim.
No final absurdamente anticlimático, seguido da pior cena pós-créditos de todos os filmes da Marvel, um letreiro diz que Tony Stark vai voltar. Bem, sabemos que Downey Jr. tem contrato para mais um filme, Os Vingadores 2, mas sinceramente, melhor parar por aí mesmo, se um novo contrato for fechado, que seja para Vingadores 3, 4 e 5, pois um novo filme solo do Homem de Ferro sendo obrigado a seguir essa linha construída aqui (que eliminou muito material bom dos quadrinhos que poderia ser usados posteriormente) não compensaria.
Vejo Tony Stark hoje como o Jack Sparrow da Marvel, em Piratas do Caribe a melhor coisa é o Jack Sparrow, mas ele sempre fica melhor interagindo com outros do que liderando um filme mal concebido (como prova o Piratas do Caribe 4). Stark é a mesma coisa, funciona muito melhor com outros (Capitão América, Hulk e Loki provam a química) ou em um filme melhor construído e na série solo dele só vimos um filme assim.
Que venha Thor – O Mundo Sombrio, Guardiões da Galáxia, Capitão América – O Soldado Invernal e Os Vingadores 2, mas metade da empolgação com a Fase 2 da Marvel foi ralo abaixo depois desse filme.
