Por quanto tempo um game é jogado no PC? Décadas e tem uma razão para isso!


Quando um estúdio está produzindo um game dificilmente se espera que esse jogo ainda tenha uma comunidade ativa e jogadores frequentes 6 anos após o lançamento, ou mesmo 9 anos após o lançamento e em devaneios ainda mais extremos, 14 anos após o seu lançamento, mas é sabido que isso acontece bastante e tudo graças aos Mods.

Se tem alguém que ainda não saiba, Mods são adições aos jogos, como se fossem DLCs, com a diferença de que quem produz os mods são a própria comunidade de jogadores de forma gratuita e livre.

Por mais que muitas vezes o que transpareça ao público sejam mods zoados e engraçadinhos que não se encaixam de verdade com o jogo, a maioria da comunidade de modders está preocupada em inserir no game mods que alternem, melhorem e adicionem a experiência dos jogos.

Particularmente eu vivo essa experiência por jogar alguns games antigos até hoje e acompanha a comunidade de criadores, que todo mês está lançando conteúdo novo que muitas vezes são maiores que quaisquer DLCs oficiais que a própria empresa planejou de lançar, alguns deles são Skyrim e Mount and Blade: Warband.

No caso de Skyrim, a comunidade de modders tem seus próprios superstars que produzem conteúdo para áreas especificas do jogo, um exemplo disso é a modder Elianora, que produz mods para Skyrim e Fallout 4, e no Skyrim apesar de fazer de tudo um pouco, produz principalmente casas onde o protagonista do jogo pode morar, que são infinitamente mais interessantes, únicas e relevantes para o próprio lore do jogo do que as casas que a própria Bethesda adicionou com a DLC paga Hearthfire. Imagine se você criou um seu personagem mago, quem sabe um necromante com estudos profundos do Oblivion, dos itens Daedricos e de outros planos, esse personagem moraria em uma casa de madeira na beira do lado em Falkreath? Mas que tal em uma torre nos pântanos de Morthar? Ou mesmo em um plano paralelo, na escuridão das florestas de Oblivion, apenas acessível por um portal ancestral ou um feitiço Daedrico raro, um lugar habitada por espectros de cervos e dremoras? 



A maioria dos melhores mods de Skyrim já foram feitos há anos, mas isso não quer dizer que coisas brilhantes ainda não estejam saindo até hoje. Só esse mês nós tivemos uma atualização do genial Caranthir Tower, que é um mod misto de quest e casa que rende horas e horas de gameplay e também tivemos um mod novo chamado Diverse Skyrim, que adiciona mais rostos e diversidades aos NPCs no mundo do jogo para que você não sinta que todos os personagens têm as mesmas caras, mesmos cabelos e sejam todos da mesma espécie dentro do jogo.

Nesse momento também estão trabalhando em Rigmor of Cyrodill, continuação do Mod de história chamado Rigmor of Bruna (sim, sequência de um mod) que adiciona uma enorme quest, que precisa de dezenas de horas para ser completada, incluindo aí novos personagens com uma dublagem de nível profissional para cada um deles. Rigmor of Cyrodill além de continuar a história da jovem Rigmor, protegida do Dragonborn, vai adicionar novas áreas de Tamriel além de Skyrim no jogo, coisa que mods extremamente ambiciosos como Beyond Skyrim e Skywind estão planejando ainda em maior escala e alguns outros mods já fizeram em menor.

Em Mount and Blade: Warband, um jogo bem menor que Skyrim e lançado bem antes, diversos mods transformam o game completamente e são lançados e atualizados até hoje. Temos desde trazer o mundo fictício do jogo para eventos históricos como as Cruzadas ou simplesmente coloca-lo na Europa real. Temos também transformações completas que mudam o continente do jogo e o transformam em outros mundos fictícios, incluindo aí mods famosíssimos que são atualizados até hoje que fazem o continente virar Westeros e o jogo uma espécie de melhor jogo de Game of Thrones já feito, ainda que não seja oficial.

Embora em Mount and Blade seja muito comum mods que mudem o jogo completamente, há sempre bons mods menores que melhoram de tudo, desde gráficos até os itens disponíveis no jogo.



Esses dois só para falar de jogos que eu jogo pessoalmente, mas a comunidade de mod recentemente conseguiu reviver um jogo de 2003, Jedi Academy, com o mod MovieBattles II, que permite jogar o multiplayer do jogo nas batalhas mais icônicas dos filmes com os personagens mais icônicos da saga, incluindo aí personagens como o Bobba Fett com seu jet-pack e todas as mecânicas que um personagem como ele tem direito.

E se você acha Jedi Academy um absurdo, saiba que a comunidade de Quake, sim, Quake de 1996, também continua até hoje fazendo mods para o jogo.

Isso sem contar jogos inteiros que surgem de mods baseados em outros games, falando novamente de Skyrim, ano passado nós tivemos o lançamento de Enderal, um novo jogo que usa Skyrim como base e que já está até lançando suas próprias expansões e seus próprios mods. Além disso temos casos bem marcantes como o caso de Defense of the Ancients, ou como todos conhecem, DOTA, um jogo que hoje é um dos maiores eSports do mundo, um produto milionário da Valve, que definiu o gênero MOBA, mas que era um simples mod de Warcraft 3 quando surgiu.

Recentemente mais um mod de Warcraft 3 virou um jogo solo, Ruin, ou no caso pretende virar, pois está com uma campanha no Kickstarter para isso. Ruin é baseado no mod de Warcraft 3 chamado Warlock Brawl e agora está virando o seu próprio game.



Óbvio que a limitação e qualidade dos mods varia de jogos para jogo, algumas empresas como a Bethesda incentivam isso, enquanto outras como a Ubisoft limitam. É uma questão interessante notar como o mercado lida com mods, pois em teoria facilitar mods faz com que você tenha centenas de desenvolvedores trabalhando de graça para manter o seu produto vivo e sendo comprado mesmo décadas após o seu lançamento, além de estar implementando novas ideias e adições a sua criação, que podem ser usadas em sequencias ou lançamentos futuros, sem nunca ganhar um centavo com isso.

Para a comunidade, bem, mods são um belo portfólio para quem quer começar a fazer jogos e o que não faltam é casos de modders que foram contratados por grandes estúdios e trabalharam até liderando jogos, como foi no caso do IceFrog com Dota 2, mas mesmo para quem não pretende ter uma carreira na indústria, criar mods é de fato bastante divertido, mesmo porque muitos dos criadores que eu conheço criam os mods para eles mesmos aproveitarem melhor os jogos, e depois pensam em dividir com a comunidade e aproveitar os feedbacks.

Assim como a indústria indie, mods só tornam o mercado dos games ainda mais brilhante e merecem mais espaço nas noticias mainstream sobre games.
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