Kingsglaive: Final Fantasy 15 | Crítica


Mais um filme de Final Fantasy lançado normalmente significa mais um filme com batalhas empolgantes, visual espetacular e uma história esdrúxula e quase incompreensível e nesse caso não é diferente, Kingsglaive: Final Fantasy 15  tem tudo de bom e tudo de ruim que você pode esperar de um filme baseado na franquia.

Assim como Advent Children e Spirits Within, o novo Kingsglaive não consegue de forma alguma apresentar um roteiro que consiga se comunicar com o público geral ou ao menos que consiga não fazer o público geral revirar os olhos de tão esquisito que os diálogos, nomes de lugares e pessoas e as situações em geral são. Talvez dos três filmes, Advent Children se saia melhor que todos, pois ele é uma sequência de uma história que os gamers conheciam e usando personagem já amados, mas no filme mais novo, se a ideia era preparar o terreno para o lançamento de Final Fantasy 15 cativando o público gamer desde já, a ideia geral pode acabar se revelando um tiro no pé, especialmente na questão do protagonista do jogo, mas falarei sobre isso mais a frente depois de falar dos problemas do filme.

O filme é protagonizado por Nyx Ulric, um dos Espadas (Glaives) do Rei (King’s), uma espécie de grupo seleto de soldados de elite compostos quase todos por imigrantes, nesse caso, imigrantes são as pessoas que nasceram fora de Tenebrae (vamos entrar em acordo de não rir dos nomes dos lugares para poupar nosso tempo?) e consequentemente fora de sua redoma mágica. Tenebrae é a capital de Lucis, um reino que está em guerra com o império de Niflheim (não o mesmo de The Witcher) e a história começa mostrando um avanço das forças do império contra Lucis onde Nyx prova ser um herói... da forma mais clichê possível.

A qualidade visual do filme é de fato extraordinária, as CGI do longa são das melhores que temos por aí, mas não se trata apenas de qualidade de renderização, a direção de arte e todo o look and feel do filme é esplendoroso, desde os mínimos detalhes como os reflexo nas janelas dos carros, as sardas no rosto de Crowe, o design dos locais externos e principalmente os ambientes internos de Tenebrae e é claro a ideia de ataques baseados em teleporte que já vimos nas demos do jogo e nos trailers.

As cenas de ação também são de tirar o fôlego, algumas delas mais para o final envolvendo Nyx e a Princesa Lunafreya (lembra o que combinados sobre os nomes né?) são extremamente bem pensadas e se utilizam bem das habilidades e da falta de habilidade dos personagens para impressionar quem tiver passando pela sala sem ter visto a parte da história do longa. Um momento em especial, a parte em que o Rei Regis entrega um anel mágico para Nyx e Lunafreya consegue até se sobressair e ser razoavelmente emocionante apesar de tudo.

Mas já que eu falei sobre o Rei Regis de Lucis, vale mencionar sobre a dublagem dos personagens e o Rei Regis é dublado por ninguém menos que Sean Bean (pois é) que está fazendo um trabalho bem melhor que o esperado, já Nyx é dublado por ninguém menos que Aaron Paul (bitch!) de Breaking Bad que também cumpre seu papel sem ressalvas, já a Princesa Lunafreya é dublada por Lena “Rainha Cersei Lannister” Heady, mas que diferente dos outros não faz lá o melhor dos seus trabalhos. Em alguns momentos é super esquisito ver a personagem Lunafreya caindo de um prédio dentro de um carro e enquanto o carro quica por entre paredes, escombros e vidros, a personagem não solta um grito, gemido ou sequer suspira ou respira de forma mais forte, como se a Lena Heady não tivesse tido tempo para dublar a personagem completamente ou tivesse se recusado a gravar certas coisas que fariam sentido para a composição da cena, ou obviamente, pode ter sido uma falha do diretor de dublagem, que simplesmente pediu para ela ler falas e não interpretar o que acontecia em cena.

Mas independente das boas atuações vocais (com ressalvas), qualidade visual e das ótimas cenas de ação e muitas referências para fãs da franquia, é muito difícil gostar de um filme que tem um roteiro incrivelmente confuso e estúpido, que entrega diálogos sofríveis a personagens clichês e sem carisma.

E como eu falei no início do review, se esse filme pretendia ser algo para nos deixar ansiosos por Final Fantasy 15 e quem sabe para nos ajudar a compreender melhor a história do jogo que está por vir, na verdade ele pode ser um tiro no pé, pois além da história ser muito tola, ela é confusa, mas nem um pouco complexa, tudo que ocorre no filme serviu para que eu automaticamente antipatizasse com Noctis, protagonista do jogo que no longa aparece por pouco mais de 10 segundos. Afinal, o filme mostra pessoas dando a vida pelo príncipe de Lucis, inimigos destruindo o seu povo e a sua cidade, tentando matar sua noiva e seu pai, vemos um soldado comum enfrentar tudo para protege-los e enquanto isso tudo acontece o príncipe Noctis está em uma roadtrip adolescente e aparentemente bem fútil com seus amigos. 

Pois é, nós vamos ter que controlar esse cara em novembro.


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