Batman v Superman: A Origem da Justiça | Crítica
Eu estou pensando em motivos para não descrever Batman v
Superman: A Origem da Justiça como “péssimo” ou “terrível” e eu sei que há
coisas boas no filme, mas há também tantos e tantos problemas que eu mal posso
deixar de pensar que seria interessante se a DC assumisse esse universo como
“massa-falida” e decidisse simplesmente rebootar tudo DE NOVO!
O maior problema de Batman v Superman está na sua
pretensão, Zack Snyder dirigiu Watchmen, um filme de heróis baseado em uma
história de incrível profundidade e cheia de belos conceitos, diferentes do que
muitos acham, eu até digo que Watchmen é um filme espetacular e essa ideia de
um filme de heróis com conceitos densos, reais e profundos acaba vazando para o
novo longa de Snyder e o resultado beira a caricatura.
Dotado de um história boba e patética, tão boba quanto a
trama da maior parte dos filmes de heróis, o filme segue um estilo de filmagem,
de trilha sonora, de fotografia e direção em geral que tenta imprimir uma
sensação de seriedade que não combina em nada com o que está sendo contado.
As razões para o Batman e Superman se enfrentarem e para
Lex pegar o Superman de surpresa se resumem ao clássico recurso de roteiros de
personagens que não se comunicam claramente. E por mais que o Lex até seja um
personagem... interessante (ainda que mal desenvolvido), na falta de uma
palavra melhor, o seu plano é uma colcha de retalhos que não faz o menor
sentido.
A criação do Apocalipse talvez seja a pior parte de uma
sequência de coisas e eventos mal explicados ou simplesmente sem sentido do
filme, que não se cansa nunca de fazer personagens sonharem ou imaginarem
conversas “profundas” para justificar a forma como eles agem, como se no mundo
real alguém tomasse atitudes baseadas nos sonhos ou em conversas imaginarias
que tiveram, e eu sei, existem pessoas assim, mas eu esperava um pouco mais do
Batman e do Superman.
Aliás, eu esperava muito mais do Batman. Tudo bem que ele
é interpretado por Ben Affleck, que por acaso está só um pouquinho melhor do
que o seu normal, o que ainda significa que é uma atuação medíocre, mas o seu
personagem, extremamente mal desenvolvido no filme, é um espancador, torturador
e assassino (SIM, ASSASSINO) de bandidos e que quer MATAR o Superman por
“razões”, dentre essas razões porque ele sonhou algo estranho com o cara.
Além disso o tom ultrarrealista que Snyder tenta imprimir
no seu filme boboca faz o Batman virar o que ele seria na vida real, o cara que
não deveria estar se metendo em briga de gente grande. Ainda que ele tenha um
ás na manga quando está brigando com o Superman, e que mesmo assim mostra o
quão inferior ele é, quando a briga é com o Doomsday o melhor que ele pode
fazer é fugir e evitar de morrer. O que de certa forma eu ainda estou em
dúvidas se é um problema ou uma qualidade do filme, porque nos quadrinhos esse
endeusamento do Batman me incomoda muito.
A Mulher Maravilha, que todos por algum motivo elogiaram,
é de longe uma das piores coisas que o longa tem a oferecer, ela é mais útil
que o Batman em uma batalha, o que não quer dizer que faça mais sentido a
mulher que Bruce Wayne encontrou duas vezes aparecer do mais absoluto nada de
armadura, escudo e espada para ajudar ele e o Superman numa batalha contra um
horrendo CGI gigante. Gal Gadot não tem uma única gota de carisma e a Mulher
Maravilha parece uma pequena ponta que ficou tempo demais na tela.
Quem se sai melhor é o Superman, talvez porque já teve um
filme só dele e já o desenvolveu o bastante, o que ainda assim no fundo não é
suficiente, pois há tão pouco (ou quase nada) de Clark Kent sendo Clark Kent no
filme, ele simplesmente está lá reagindo as coisas que acontecem, sem
demonstrar sua personalidade, seja a sua ou a do seu alter ego.
Em termos de produção, o filme também não é lá essas
maravilhas, variando de cenas espetaculares, ao péssimo monstro em CGI e a cenas onde o realismo transforma
as lutas do Batman com criminosos em entediantes cenas de homens trocando
socos, para ser honesto há algo muito de errado quando uma SÉRIE, da Netflix
sobre o Demolidor, consegue fazer cenas de lutas muito melhores e mais
instigantes que as cenas do Batman. Nós estamos falando do BATMAN!
O roteiro do filme, tosquíssimo, é cheio de frases e
discurso tão artificiais que chegam a ser vergonhosos, interessante que os
trailers pegaram dois deles, o da mãe de Clark sobre “seja isso, aquilo ou nada
disso” e o do Alfred “sobre como começam as febres que transformam homens bons
em maus” provavelmente achando que eles soavam legais, mas não, soam ainda piores
e mais artificiais quando ditos em contexto.
Existem algumas cenas que são muito boas, e outras que
são incríveis e empolgantes e é quando você pensa que o filme finalmente vai
engrenar, e até engrena, mas não por muito tempo.
Dentre as cenas, as que eu mais destaco é a cena de
abertura do Batman testemunhando os eventos de Homem de Aço, de um ponto de
vista mais humano, que é uma cena brilhante e é a única cena do filme em que o
Batman parece o personagem incrível que ele é em outras mídias, o que é muito
bom, pois essa cena acontece logo em 5 minutos de filme e te dá uma esperança
para a obra, mas que nunca se concretiza. Há outras cenas bacanas, como a batalha em
que o Batman está de armadura, a batalha contra o Doomsday, a cena com o Batmóvel e a cena protagonizada pelo Superman que é tirada direto de Batman: O
Cavaleiro das Trevas e que por mais que soe desperdiçada nesse filme, ainda é
uma cena linda.
O filme tem um ritmo terrível e sonolento e apesar de
parecer que falta tempo para mais explicações para delinear a trama tola e
enrolada, também parece que muito poderia ter sido cortado, o que mostra que o
problema é diretamente de Zack Snyder, que por mais que eu não o deteste,
parece que está piorando como diretor a cada filme. A ineficácia dele é tanta,
que o filme além de não se decidir em como vai acabar, tem mais finais que O
Senhor dos Anéis, ele também tem um final teoricamente emocional que não faz ninguém se emocionar.
No fim, mesmo apresentando tanto um plot para um possível
futuro filme, um gancho (inexplicável que surgiu do mais absoluto nada) para o
filme da Liga da Justiça e apresentando brevemente os outros membros da equipe,
sinceramente, Batman v Superman me fez o desserviço de não querer ver outro
filme nesse universo. Eu ainda estou de mente aberta para Esquadrão Suicida,
mas ver os péssimos Batman e Mulher Maravilha novamente, ainda que eu goste do
Superman, não é algo para o qual eu esteja particularmente empolgado.