Life Partners | Crítica

Abordando de forma leve e cômica uma fórmula já batida, a cineasta Susanna Fogel se sai bem com seu filme de estreia, Life Partners. O longa aborda a amizade de duas mulheres beirando a casa dos trinta, tendo como plano de fundo as crises de autoconhecimento e existência que essa idade promove. Como disse, a ideia já está saturada no mercado, mas a abordagem, apesar de imperfeita, chama atenção.

O roteiro do filme tem uma boa estrutura e trata de algo inevitável na vida de qualquer pessoa, principalmente na faixa de transição para a maturidade: mudanças. Paige (Gillian Jacobs, da famigerada Community) e Sasha (Leighton Meester) mantêm uma amizade cômoda para ambas; as duas são solteiras, assistem ao America’s Next Top Model, saem e festejam juntas em uma verdadeira rotina. Tudo muda quando um outro elemento se junta à equação: Tim (Adam Brody), o namorado de Paige. As questões acerca de existencialismo e decisões são, infelizmente, abordadas com certa superficialidade, trazendo um pouco de indefinições e falta de rumo ao filme. Mas as atuações encaram o texto da melhor forma possível, sem complicá-lo.

Life Partners

O jogo de personalidades de cada personagem é muito importante para a engrenagem do filme se desenvolver bem, e isto é executado com perfeição pelas atrizes e por Brody. Méritos para Gillian Jacobs que dá a sua personagem a nuance de determinar prioridades, tal como o almejo de estabilidade na vida, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional; ou seja, de ser a pessoa ''centrada''. Já Leighton Meester interpreta com primor a amiga que ainda não se encontrou na vida, que tem insucessos em busca de seus sonhos, aliando a isto o desastre em estabelecer um relacionamento com alguém. Meester surpreende ao dar um tom quase imaturo para Sasha -- voltar aos vinte e um anos e permanecer lá para sempre, por exemplo --, ao mesmo tempo que desvincula o ar teen que preservou durante anos em Gossip Girl. Adam Brody também está bem encaixado no elenco, mostrando-se no início um personagem estereotipado mas que consegue se estabelecer na trama, além de arrancar empatia de quem assiste.

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O fato de Sasha ser lésbica é tratado com muita naturalidade, sem didatismos, e com uma veia cômica -- que na verdade envolve todos os núcleos -- divertidíssima. Há quem peça por mais especificidades acerca do universo LGBT, o que seria interessante e aditivo, entretanto, dentro do contexto do longa, não há necessidade. Logo nos primeiros minutos somos levados a uma Parada do Orgulho LGBT após uma cena hilária entre Paige e Sasha no trânsito (e que se repete), o que mostra a química que as atrizes possuem. O longa, afinal, não se trata de um filme para o público gay; trata-se de um filme para qualquer público, uma vez que a amizade e todo o drama que a envolve são os ingredientes que ditam seu tom.
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