The Witcher 3: Wild Hunt | Crítica

Eu subestimei muito o tamanho de The Witcher 3: Wild Hunt quando eu prometi um review para a mesma semana de lançamento do jogo, eu tenho uma regra pessoal de só fazer uma review quando o jogo estiver completo, pelo menos a trama principal, mas depois de 50 horas eu só passei da metade da trama principal desse e talvez porque diferente da maioria dos jogos de mundo aberto, The Witcher 3 obriga você a vasculhar cada canto dele, não te obriga de verdade, graças a um roteiro linear ou coisa do tipo o que seria um ponto contra, mas ele te obriga porque o seu mundo é tão profundo e tão lindo que você se sente compelido a ver o máximo possível dele antes que ele termine.


A história principal do jogo, que talvez seja o maior ou único ponto fraco dele, ainda é razoável o suficiente para nos manter interessado em jogá-la, mas talvez ela ser menos interessante que muitas das sidequests seja um dos fatores que nós faz querer aproveitar mais do que está acontecendo ao nosso redor no lugar de apenas querer procurar Ciri.


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Mas como eu já comecei mal essa crítica falando que esse game tem um ponto fraco, eu vou falar mais dele para tirar isso do caminho.


Enquanto em The Witcher 2 nós tínhamos a tarefa de descobrir quem era o Regicida que matou Foltest e outros reis e qual era o seu objetivo, além de nos livrar da culpa que recaiu sobre Geralt, aqui nós temos que fazer favor para pessoas atrás de pequenas pistas e histórias sobre pessoas que encontraram Ciri, ou mesmo no inicio do game é o mesmo caso e a mesma forma, mas para encontrarmos Yennefer.


O fato de você ter que virar Velen de cabeça para baixo e enfrentar seres poderosíssimos para encontrar a família de um Barão alcoólatra que em troca simplesmente conta que Ciri passou por lá e ganhou dele em uma corrida de cavalo não é só cansativo, mas também frustrante.


Por sorte nesse mesmo caso, a história do Barão Sangrento em si é tão interessante quanto todas as outras pequenas histórias que cruzam o caminho de Geralt em busca de sua missão principal, de fato há tantas coisas boas que é uma pena que só vemos alguns personagens uma única vez. Eu poderia listar dezenas de personagens incríveis que estão no jogo por não mais do que 10 minutos dele. Um momento que deixa isso bem claro é quando temos que procurar os antigos casos amorosos de Dandelion, onde todas as mulheres têm apenas algumas falas e todas parecem interessantíssimas, especialmente as filhas gêmeas do Embaixador de Nilfgaard, Rosa e Edna var Attre, duas personagens que poderiam ser tão protagonista do game quanto Triss Merigold e Yennefer of Vengerberg.


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Um dos maiores méritos de The Witcher 3 é conseguir ser impressionante mesmo depois de todos terem jogado Skyrim. Não é justo para o jogo da Bethesda o compararmos com o da CD Projekt Red, graças ao fato de que The Witcher 3 é muito mais moderno com uma tecnologia muito superior e principalmente muito mais personalidade, tanto na trama, quanto no mundo em si, por outro lado essa personalidade própria bem especifica do mundo do game deixa ele menos diversificado do que em Skyrim, ainda que ele seja tão grande ou maior quanto que o do jogo de 2011.


Uma das coisas que me acabou fazendo deixar e jogar Skyrim mais rápido do que eu previa (nos primeiros momentos eu achei que ia jogar Skyrim pra sempre) foi o fato dele ser tão abrangente e diversificado para que todos os tipos de jogadores se apaixonem por aquele universo que ele perde um pouco em personalidade, esse é o exato oposto de The Witcher 3, que tem uma personalidade muito forte e por isso lhe dá menos diversidade o que não é um problema para quem já ama o mundo do game desde The Witcher 2 ou mesmo do 1, como é o meu caso, mas talvez e só talvez, o fato de você gostar de games do estilo não signifique que você vai automaticamente gostar do estilo que The Witcher 3 lhe oferece.


Até porque, não é apenas o mundo que tem uma personalidade forte que talvez não agrade a todos, o fato do game ser fiel a personalidade de Geralt de Rivia também é bem limitador. Por exemplo, fica claro que Geralt não é nem um pouco simpático a nenhum dos lados da complexa política do jogo, mas sempre que pode seus interesses se alinham mais aos Reinos do Norte do que a Nilfgaard, por diversos motivos que estão fora dos game e sim dos livros da série, mas e se eu como jogador de RPG que gosto de me sentir no papel, gostei da explicação de Cynthia sobre sua fidelidade a Nilfgaard em The Witcher 2 e quiser ser um pouco mais político e me alinhas mais aos interesses do Imperador? Até porque Foltest que era um rei interessante está morto, porque eu tenho que, apesar de ter diversas opções, seguir apenas a linha que o Geralt seguiria?


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Imagine se um The Witcher 4 não fosse com Geralt, mas sim com um Witcher customizável da escola que escolhêssemos? Com as habilidades que escolhêssemos e que Geralt fosse apenas um NPC? Isso não nos daria muito mais liberdade, mesmo num mundo com uma personalidade própria tão forte? Provavelmente sim e provavelmente faria do jogo ainda melhor, o que não quer dizer que ele já não seja sensacional o suficiente se você adora Geralt.


Mas se você amou de The Witcher 2, esse é o jogo definitivo para você já que ele simplesmente melhorou praticamente tudo que o jogo anterior trazia, agora temos um mundo aberto e não pequenas áreas abertas, o modo de combate está muito mais fluido e até tático do que no game anterior, já que você tem a opção de usar os sinais de formas alternativas e a movimentação de Geralt está menos travada, embora depois de certo level talvez as lutas comecem a ficar fáceis  demais, o que faz ainda melhor termos a opção de aumentar a dificuldade do jogo pelo menu de pause.


Por falar em menu, mesmo esse jogo tendo um milhão de opções e com uma HUD repleta de coisas, você nunca fica perdido sobre o que está na sua tela e sobre o que você precisa fazer, mais uma vez a CD Projekt Red merece aplausos pela sua capacidade de gerenciar informações para os jogadores e nunca nos deixar ficarmos confusos com tanta coisa nova para aprender e para ver no sistema do jogo.


Entretanto, existem alguns momentos onde podemos ficar facilmente perdidos no jogo, e perdidos do melhor jeito possível, esses momentos é nas nossas decisões, que jamais são óbvias especialmente quanto a suas consequências e isso é muito bom. Diferente de alguns game e aí eu destaco o meu querido Mass Effect, que prometem decisões que podem mudar o rumo de toda a história e não cumprem isso assim tão bem, The Witcher 3 faz isso muito bem.


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Como exemplo, em certo momento do jogo eu condenei toda uma pequena cidade a peste simplesmente porque eu confiei em alguém que não deveria e com outras opções mais a frente eu realmente senti que eu poderia causar uma epidemia em toda a área dos Reinos do Norte se eu escolhesse as opções erradas e ter esse poder nas mãos é estranhamente divertido, especialmente quando percebemos que esse tipo de escolha não é nada óbvia, que você pode estar causando algo enorme simplesmente porque decidiu virar pra esquerda e não para a direita.


Antes de terminar vale dizer que os gráficos do game, apesar de ter gerado toda aquela polêmica sobre estarem inferiores aos mostrados nos primeiros trailers, ainda são no mínimo impressionantes, diferente do caso de Watchdogs no ano anterior onde os trailers mostraram algo incrível e o produto final era só um pouco superior ao medíocre, The Witcher 3 pode até não ser tudo o que foi mostrado, mas ainda é o game mais bonito que eu já vi.


A CD Projekt Red conseguiu criar o melhor jogo da Nova/Atual Geração, o jogo que topos estavam esperando para poderem comprar um Xbox One ou um Playstation 4 (ou gastar uma grana pra melhorar o PC), se você não fez isso até agora, certamente The Witcher 3: Wild Hunt é o jogo que você estava esperando para fazer isso, talvez ele não seja perfeito, com um pouco menos de personalidade forte e uma história principal mais elaborada The Witcher 3 poderia entrar na lista dos 10 melhores jogos de todos os tempos, mas vamos ser honestos, talvez ele já entre nessa lista de muitos jogadores mesmo sem isso.

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