Terceira Pessoa | Crítica
Todo grande diretor ou todo grande roteirista tem sua marca. Wes Anderson adora a composição simétrica de seus cenários e enquadramentos, além de escolher sempre muito bem as cores utilizadas em seus filmes; nos filmes de Steven Spielberg há a questão da família; nos de Tarantino, quanto mais sangue melhor. O que Paul Haggis sabe fazer muito bem é contar histórias simples. Ou melhor, escrevê-las. Histórias que poderiam ser reais. Essas histórias, que poderiam ser nossas experiências de vida, se destacam porque não existem isoladamente no mundo, elas fazem parte de um universo muito maior, assim como acontece na vida. Em seu novo filme, Terceira Pessoa, o diretor e roteirista usa a mesma formula de Crash – No Limite, produção que lhe rendeu três estatuetas douradas no Oscar 2006, para mais uma vez brincar de quebra-cabeças conosco.
Não acho que Paul Haggis esteja no mesmo patamar de Wes Anderson, de Spielberg ou Tarantino. Longe disso. Porém, posso dizer sem medo que, na minha opinião, ele é um dos grandes roteiristas que nós temos atualmente. Ele sabe escrever belas histórias. Mais do que isso, sabe muito bem o que fazer e como contar, filmar e estruturar essas histórias. Na cabeça de Haggis, tudo, cada objeto, palavra, roupa, cada pequeno elemento é importante. Talvez ele não tenha demonstrado esse cuidado tão claramente em seus trabalhos anteriores, no entanto, em Terceira Pessoa isso é nítido.
Perceptível também nesse seu último filme é o quanto Haggis procura não complicar a narrativa e nem o entendimento dela. Apesar de usar uma narrativa composta por três histórias e abusar refinadamente da edição quando costura elas, o diretor constrói um climax que é simples, porém, não deixa de ser reflexivo. Ele também não é um filme didático. Aliás, longe disso, porque em nenhum momento ele para para explicar o que está acontecendo como é, por exemplo, nos filmes de Christopher Nolan. Em Terceira Pessoa, se você for um espectador bastante atento, é possível matar o final do filme já na metade, através dos detalhes e das pistas que ele vai nos jogando. Mas, por que isso? Haggis parece fazer questão de revelar em qual aspecto ou ponto aquelas três histórias vão se cruzar, no entanto, elas são tão interessantes que, mesmo sabendo, você ainda quer ver mais e mais daquelas relações tão complicadas e, ao mesmo tempo, apaixonantes. Não para confirmar sua suspeita e ver o óbvio, mas, sim, para apreciar mais um pouco daqueles agradáveis personagens.
Paul Haggis, que já escreveu roteiros para filmes de Clint Eastwood, parece pegar empresar do ator/diretor a sensibilidade de filmes como Menina de Ouro e Gran Torino, indo um pouco além e acrescentando na sua trama um toque de sensualidade a sua fórmula. "Watch me." Talvez essa seja a primeira frase - ou uma das primeiras - que nós escutamos no filme. E é justamente em torno dela que tudo se construirá. Não é a toa que ela é repetida diversas vezes durante o longa.
A produção, em questão de estrutura de roteiro e montagem, é praticamente o irmão gêmeo de Crash. É a ideia dos conflitos desenvolvidos gradativamente que se chocarão em determinado momento da trama. A única diferença é o tema tratado. Saem os conflitos étnicos e o preconceito e entram problemáticas mais intimistas. A discussão aqui é, principalmente, sobre relacionamentos. No entanto, há questão dos traumas e dos erro que cometemos durante a vida e dos quais sempre tentamos nos livrar, seja através da arte, de um novo amor, ou do perdão, também está muito presente.
Terceira Pessoa não tem cenas tão fortes e impactantes quanto Crash. Ok. Talvez tenha uma. Em questão de qualidade também é inferior. No entanto, é interessante ver como Haggis utiliza a montagem e esses elementos simples não só como um recurso primário e fundamental, mas também, e principalmente, para instigar a curiosidade de seu expectador e faz ele descobrir sozinho, com a ajuda dessas pistas, o que realmente está acontecendo com aqueles personagens. Tudo isso acaba sendo um grande plano para nos manipular, porque quando nos damos conta do que realmente está acontecendo, já estamos tão ligados àquelas histórias que torna-se quase impossível abandoná-las.
Não acho que Paul Haggis esteja no mesmo patamar de Wes Anderson, de Spielberg ou Tarantino. Longe disso. Porém, posso dizer sem medo que, na minha opinião, ele é um dos grandes roteiristas que nós temos atualmente. Ele sabe escrever belas histórias. Mais do que isso, sabe muito bem o que fazer e como contar, filmar e estruturar essas histórias. Na cabeça de Haggis, tudo, cada objeto, palavra, roupa, cada pequeno elemento é importante. Talvez ele não tenha demonstrado esse cuidado tão claramente em seus trabalhos anteriores, no entanto, em Terceira Pessoa isso é nítido.
Perceptível também nesse seu último filme é o quanto Haggis procura não complicar a narrativa e nem o entendimento dela. Apesar de usar uma narrativa composta por três histórias e abusar refinadamente da edição quando costura elas, o diretor constrói um climax que é simples, porém, não deixa de ser reflexivo. Ele também não é um filme didático. Aliás, longe disso, porque em nenhum momento ele para para explicar o que está acontecendo como é, por exemplo, nos filmes de Christopher Nolan. Em Terceira Pessoa, se você for um espectador bastante atento, é possível matar o final do filme já na metade, através dos detalhes e das pistas que ele vai nos jogando. Mas, por que isso? Haggis parece fazer questão de revelar em qual aspecto ou ponto aquelas três histórias vão se cruzar, no entanto, elas são tão interessantes que, mesmo sabendo, você ainda quer ver mais e mais daquelas relações tão complicadas e, ao mesmo tempo, apaixonantes. Não para confirmar sua suspeita e ver o óbvio, mas, sim, para apreciar mais um pouco daqueles agradáveis personagens.
Paul Haggis, que já escreveu roteiros para filmes de Clint Eastwood, parece pegar empresar do ator/diretor a sensibilidade de filmes como Menina de Ouro e Gran Torino, indo um pouco além e acrescentando na sua trama um toque de sensualidade a sua fórmula. "Watch me." Talvez essa seja a primeira frase - ou uma das primeiras - que nós escutamos no filme. E é justamente em torno dela que tudo se construirá. Não é a toa que ela é repetida diversas vezes durante o longa.
A produção, em questão de estrutura de roteiro e montagem, é praticamente o irmão gêmeo de Crash. É a ideia dos conflitos desenvolvidos gradativamente que se chocarão em determinado momento da trama. A única diferença é o tema tratado. Saem os conflitos étnicos e o preconceito e entram problemáticas mais intimistas. A discussão aqui é, principalmente, sobre relacionamentos. No entanto, há questão dos traumas e dos erro que cometemos durante a vida e dos quais sempre tentamos nos livrar, seja através da arte, de um novo amor, ou do perdão, também está muito presente.
Terceira Pessoa não tem cenas tão fortes e impactantes quanto Crash. Ok. Talvez tenha uma. Em questão de qualidade também é inferior. No entanto, é interessante ver como Haggis utiliza a montagem e esses elementos simples não só como um recurso primário e fundamental, mas também, e principalmente, para instigar a curiosidade de seu expectador e faz ele descobrir sozinho, com a ajuda dessas pistas, o que realmente está acontecendo com aqueles personagens. Tudo isso acaba sendo um grande plano para nos manipular, porque quando nos damos conta do que realmente está acontecendo, já estamos tão ligados àquelas histórias que torna-se quase impossível abandoná-las.