História Zero - William Gibson | Crítica

William Gibson é um autor que já entrou para a história da literatura, principalmente de ficção científica, com seu clássico Neuromancer. Não bastasse o caprichado livro que cunhou o termo "Matrix" e deu início a uma excelente trilogia, Gibson voltou no início do século com outra trilogia, encerrada em terras brasileiras agora em 2015.

História Zero é o o fechamento da trilogia Blue Ant, que começou em 2003 com o livro Reconhecimento de Padrões e continuou 4 anos depois com Território Fantasma.

Neste último capítulo da saga acompanhamos Hubertus Bigend, protagonista da trilogia, vagando por um universo incomum: o da moda. Mesclado ao tema, que foca a busca por um designer capaz de elaborar roupas da moda e novas tendências, surgem traços inconfundíveis do autor, como conspirações, tecnologias novas e uma representação dos dias atuais de forma nua e crua (talvez até demais).

Por pouco mais de 500 páginas de um livro muito bem editado e traduzido (vale ressaltar o sempre minucioso e dedicado trabalho da editora Aleph, que entendeu que para atender leitores deste nicho com excelência é preciso caprichar em todos os detalhes), Gibson desfila a parte mais obscura do capitalismo puro e a busca implacável por poder.

capa

O livro encerra assim outra clássica trilogia de Gibson, no mesmo nível de sua trilogia do Sprawl, tornando um autor um dos ícones contemporâneos de uma nova ficção científica, não focada em questões "tradicionais" como robôs, realidades virtuais e exploração espacial, mas sim em problemas sociais oriundos de questões com menos de 15 anos na história da humanidade.

Ainda é difícil digerir todas as metáforas do livro, e talvez apenas após muitos anos será possível entender como estes eventos globais de fato mudaram nossa forma de ler e escrever. De qualquer forma, William Gibson com certeza estará no rol de escritores que melhor foi capaz de colocar em ficção o que o homem viveu no início do século XXI.

Confira a sinopse de História Zero, da editora Aleph:

História Zero, assim como em Reconhecimento de Padrões e Território Fantasma, explora o lado mais sombrio do marketing e o cenário conturbado do pós-11 de setembro e da crise global de 2008.

A nova meta do ambicioso Hubertus Bigend é controlar o fornecimento de uniformes militares nos Estados Unidos e se valer da crescente influência desse estilo no mercado mainstream. Para tanto, ele busca aliciar o criador anônimo de uma obscura e desejada marca de roupas que virou febre entre consumidores do mundo inteiro.

A ex-roqueira e jornalista Hollis Henry está praticamente falida. A contragosto, ela aceita a proposta do bilionário belga para rastrear e identificar o misterioso designer. Nessa missão, Hollis contará com a ajuda de Milgrim, um tradutor ex-viciado em drogas cuja drástica reabilitação fora bancada pelo próprio Bigend. Mas o trabalho de ambos chama a atenção de concorrentes indesejados, dando início a uma delirante perseguição que acaba envolvendo um agente do governo norte-americano, o intrépido namorado de Hollis e até mesmo o ex-baterista de sua antiga banda.
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