O Sol Desvelado - Isaac Asimov | Crítica

São poucos os autores que conseguem explorar personagens e universo tão fortes a ponto de ser possível que uma continuação possa ser ainda melhor que a “obra mãe”. Entre esses poucos está o incomparável Isaac Asimov. Após iniciar uma incomum porém impecável saga que mistura investigação policial ao melhor estilo Sherlock Holmes com ficção científica, no livro As Cavernas de Aço, o autor continua as aventuras do investigador Elijah Baley em O Sol Desvelado. E o resultado desta nova aventura não poderia ser melhor.


Após utilizar o primeiro livro para apresentar um personagem apaixonante e uma forma ímpar de mesclar robôs, ficção científica e investigação, Asimov economiza tempo e páginas ao trazer novamente o investigador Baley, mas desta vez em um novo “ambiente”: fora da Terra.


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A trama se passa quase que integralmente um dos Mundos Exteriores, planetas que foram habitados há várias gerações e que em pouco ou nada se assemelham à Terra. No planeta Solaria, existem apenas 20 mil humanos e uma taxa de 10 mil robôs para cada humano, criados com o intuito de servirem a seus mestres em toda e qualquer atividade que seja necessário.


Entretanto, um fato inédito ocorre em Solaria. O homicídio de um cientista intriga a todos, pois os habitantes do planeta possuem o costume de não se encontrarem fisicamente, mas apenas por conexões holográficas. Aliás, a cultura de Solaria é completamente diferente da Terra. É a partir deste assassinato que Baley, que resolveu um intrincado caso envolvendo os Siderais (habitantes dos Mundo Exteriores), é convocado. Ele será o primeiro terráqueo a visitar Solaria, o que faz com que o investigador tenha que aprender novos métodos de investigação, principalmente porque um dos suspeitos é um robô!


A trama utiliza elementos apresentados em As Cavernas de Aço, como o excelente Daneel Olivaw, um robô humanoide que acompanhou Baley na primeira investigação e reaparece em O Sol Desvelado. Asimov explora ainda amplamente vários conceitos de suas três leis da robótica e faz uma dura crítica às sociedades movidas a status. Mesmo sendo uma obra de 1957, as ideias e críticas são extremamente atuais.


Como um bom livro de mistério e investigação, as quase 300 páginas são cheias de ganchos, prendendo o leitor a cada final de capítulo e tornando a leitura prazerosa. Impossível não querer mais histórias da dupla Baley e Daneel!


Confira a sinopse de O Sol Desvelado, lançamento em nova edição pela Editora Aleph:


Depois das surpreendentes reviravoltas de sua última missão, o detetive Elijah Baley é recrutado para investigar um novo caso de assassinato aparentemente insolúvel. Obrigado a enfrentar sua fobia de espaços abertos, Baley viaja até Solaria, um planeta Sideral de escassa população – apenas 20 mil habitantes –, mas onde cada ser humano dispõe de um contingente de 10 mil robôs positrônicos a lhe servir. Nessa empreitada, Baley contará novamente com a ajuda de R. Daneel Olivaw, seu inusitado parceiro no caso anterior. Mas, desta vez, a missão de ambos não será tão simples; afinal, por onde começar uma investigação em que um dos suspeitos sequer poderia estar na cena do crime e o outro, um robô, é rigorosamente programado para não ferir um ser humano?

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