Filhos de Duna - Frank Herbert | Crítica

Fechar uma boa trilogia literária é sempre um desafio. Continuações de bons livros são sempre um risco para o autor e para seus leitores, pois mexer em uma obra e um universo “fechados” e criar novos desequilíbrios pode indispor fãs e complicar toda uma trama já bem amarrada. Porém, se o fechamento for bem feito, a trama ganha grandeza e respeito de velhos e novos leitores, por conseguir finalizar um bom enredo e dar oportunidade de personagens secundários poderem estrelar novas aventuras.


Felizmente, um fechamento digno é o que vemos em Filhos de Duna, livro que encerra a trilogia Duna de Frank Herbert.


capa


Suas mais de 400 páginas destoam de seu antecessor, Messias de Duna, que contém apenas 216. Porém, o fechamento da história da família Atreides no planeta Arrakis é épico e revelador. Após os eventos do segundo livro, várias personagens da trama inicial reaparecem, com direito à visita da mãe do protagonista Paul Atreides ao planeta deserto, agora não tão deserto assim.


Filhos de Duna não é um livro fácil, sendo o típico livro para quem adorou os primeiros volumes e deseja saber como a história "termina". O ritmo do livro não é acelerado como seus antecessores e o tempo gasto com explicações é ligeiramente exagerado, claramente reflexo do anseio do autor em fechar a história. Entretanto, o final é uma recompensa ao leitor e torna tanto a história quanto o universo criado (diga-se de passagem, um dos mais complexos já criados na literatura) dignos de novas aventuras.


Embora haja três continuações alguns anos depois das publicações originais (O Imperador-Deus de Duna em 1981, Os Hereges de Duna em 1984 e As Herdeiras de Duna em 1985), a trilogia principal mantém um fio condutor da trama que a torna especial e diferenciada das demais continuações.


Confira a sinopse de Filhos de Duna, relançamento da editora Aleph que encerra a trilogia clássica Duna:


O Imperium vive um interregno após Paul Atreides abdicar de seu título de imperador e entregar-se ao deserto. Sua irmã, Alia, ascende ao poder como regente enquanto os filhos de Muad’Dib não são capazes de assumir o Trono do Leão. Herdeiros não só do poder político e econômico de seu pai, os gêmeos também carregam em suas veias toda a carga genética manipulada por séculos pela Irmandade Bene Gesserit. Mas a hegemonia dos Atreides está ameaçada. De seu exílio em Salusa Secundus, os membros da despojada Casa Corrino tramam uma complexa teia para retomar as rédeas do Imperium e se vingar de todos os envolvidos em sua queda. Filhos de Duna fecha com brilhantismo o arco de história iniciado com Paul Atreides no épico Duna e em sua sequência, Messias de Duna, retomando os temas políticos e existenciais com a mesma maestria dos livros que o precederam.

Patreon de O Vértice