Frozen – Uma Aventura Congelante | Crítica
As pessoas estão realmente polarizadas e eu não preciso nem do Índice Nielsen para afirmar isso, diferente do meu amigo Will McAvoy. E quando eu digo “as pessoas” eu me refiro especialmente aos Nerds, Cinéfilos, Gamers, Críticos e formadores de opiniões de opinião em geral que temos por aí, só isso prova o ódio que alguns sentiram por Frozen e ao mesmo tempo prova o exagero de dizer que Frozen é o melhor filme da Disney desde O Rei Leão e A Bela e a Fera.
Colocando isso de lado, Frozen é um filme maravilhoso e mesmo com as músicas que eu tanto abomino nos filmes da Disney, é extraordinário sem ser piegas e tolo, como é o caso sempre que erram a mão com essas músicas. Frozen é quase um musical animado e feito sem pudor como não se via há tempos.
Por mais que o conto de Anna e Elsa em nada tenha a ver com a bela fábula protagonizada por Kai e Gerda de Hans Christian Andersen, A Rainha da Neve, que teoricamente é a inspiração da Disney para esse filme, ainda assim é uma história bem interessante e charmosa. Confesso que quando vi as primeiras sinopses falando de um tal de Kristoph e da Princesa Anna, eu ergui a sobrancelha em desaprovação, mas a verdade é que mesmo sendo difícil fazer paralelos com a realidade e tomar “lições” que sejam uteis para a vida, como toda boa fábula faz, a história de Frozen – Uma Aventura Congelante é simplesmente linda.
A trama mostra a pequena Elsa, a filha mais velha de um rei e uma rainha e futura herdeira do reino de Arendelle, com um extraordinário poder, ou maldição, de criar gelo com suas mãos, algo como um X-Men. Contudo, depois que por acidente Elsa fere sua irmã mais nova, Anna, com sua magia, ela se vê obrigada a se trancar do mundo e se distanciar de sua pequena irmã. Depois que os reis morrem e Elsa tem idade para assumir o trono, a cerimonia de coração é a primeira vez que ela terá contato com o mundo exterior desde sua infância, incluindo contato com Anna. Após uma confusão na cerimonia Elsa, é claro, perde o controle de seus poderes e acaba congelando Arendelle inteira.
Os efeitos visuais do gelo são extraordinários, o cuidado para criar o visual do gelo se formando e a forma como a luz incide sobre ele foi formidável. O que explica a equipe ter ido visitar diversos desses estranhos e famosos hotéis feitos de gelo que tem por aí ao redor do mundo como um WorkShop de luxo.
Essa não é a primeira vez que a Disney tenta adaptar A Rainha da Neve, desde os anos 50 a ideia existe e boas tentativas já acorreram pelo menos 3 vezes antes, mas se pararmos para pensar, hoje foi o momento ideal para isso, embora a “liberdade poética” de hoje ser muito maior do que de anos atrás, o que fez a história não ter basicamente nada de igual a original, exceto apenas uma Rainha com um controle mágico sobre o Gelo, ao menos hoje há a tecnologia necessária, o feminismo está em alta, o que impediria a Disney de fazer Anna (ou Gerda, na época) como uma personagem idiota e os olhos e ouvidos do publico estão muito mais treinados para o que é piegas e obvio. Nada é obvio em Frozen, ao menos, não onde importa.
Os personagens da animação são ótimos, Anna e Elsa são duas personagens incríveis, Anna tem uma espécie de pseudo-carência, onde ela acha que precisa de alguém por ter passado a vida inteira sozinha, mas na verdade todas as suas atitudes mostram que ela sabe se virar sozinha melhor do que qualquer um e que na verdade ter alguém é quase opcional, embora ela ache que não. Elsa por outro lado é um ser extraordinário que foi reprimido durante toda a vida, quando ela ultrapassa os limites e vê que não tem mais volta ela se deixa dominar um pouco por seu lado megalomaníaco, é claro que ela sendo uma das mocinhas, isso nunca iria muito longe, mas é bacana ver uma personagem “se permitir” algo além do que estamos acostumados de seu arquétipo.
Príncipe Hans, Kristoph, Olaf e até o Sven são personagens interessantes, a relação de Kristoph e Sven parece até ser um resquício de Enrolados, mas não deixa de ser interessante, ainda que todos eles fiquem praticamente 100% do tempo eclipsados pelas personalidades das duas irmãs.
Enfim, com uma história ótima, músicas surpreendentemente boas, personagens secundários carismáticos e protagonistas sensacionais, Frozen é um filme obrigatório para qualquer fã de animação ou qualquer fã de Disney, contudo é difícil seguir a onda de elogios absurdos e falar que é do mesmo nível de O Rei Leão e A Bela e a Fera, já que apesar de tudo, ela não quebra moldes e nem tem o alto nível emocional como o primeiro, nem é o ápice da evolução artística de um estúdio como o segundo, mas ainda assim, é um ponto alto da Disney nessa década.
PS: Quer um conselho adicional? Assista o filme com as vozes originais em inglês, porque são espetaculares, tão ou mais do que as de Valente, por exemplo, que não é um filme que eu gostei, mas sei que ver na versão original faz uma diferença absurda na qualidade geral. E como um adicional a versão dublada de Frozen tem Fabio Porchat, nada contra o Porchat, adoro o cara, mas isso soa muito mais oportunismo de usar alguém que está em alta, do que um trabalho real de dublagem e eu já abomino o trabalho real de dublagem, imagine um amador.