Saiba o que rolou no bate-papo com o mangáka Tsutomu Nihei na #CCXP2016
Com um espaço único e atrações exclusivas, os fãs de animes
e mangás apenas ganharam nesta terceira edição da Comic Con Experience e a editora JBC, em parceria com a organização do evento, trouxe mais um grande
mangáka para esta edição do evento.
Em ascensão atualmente no Ocidente, graças à versão animada de Knight of Sidonia, o mangáka Tsutomu Nihei chegou a nosso país no
inicio da semana e demonstrou em suas redes sociais um lado simpático com o
nosso país, inclusive ao descobrir DVDs piratas do anime de sua obra (coisa que
seria muito difícil de acontecer no Japão).
Seu painel na CCXP (que foi realizado no estande da JBC na
sexta-feira e no auditório Ultra no sábado) teve varias revelações sobre o seu
modo de trabalhar, revelações oficiais de seu próximo trabalho e a exibição
exclusiva de um trecho (não finalizado) da adaptação do mangá Blane!, que está sendo produzido pelo
estúdio Polygon Pictures em parceria
com a Netflix.
Mas antes do painel de Tsutomu Nihei na CCXP, os veículos de comunicação (incluindo O Vértice) tiveram acesso a uma coletiva
exclusiva com o mangáka, antes da abertura oficial do evento na quinta-feira. Além de Nihei, a coletiva contou também a participação do produtor Yamazaki da Polygon
Pictures e do editor-chefe Yamamoto
da revista Shonen Sirius, que
pertence à editora Kodansha.
Sobre a adaptação do mangá Blame! para o filme animado,
Yamazaki revelou que a adaptação será totalmente original em relação ao mangá e
que a produção do longa trabalhou junto de Nihei para transpor a atmosfera que
existe na obra para a animação.
Em relação à possibilidade de Knight of Sidonia ganhar uma
adaptação em live action feita no Ocidente, Nihei falou que não gostaria de
pensar nessa possibilidade e que ele prefere que [se feita uma adaptação em
live action do mangá] uma produção desse tipo fosse realizada no Japão,
principalmente porque ele criou o desenho de suas obras com muitas características
baseadas em anime, o que não combina com uma produção hollywoodiana.
O mangáka foi questionado sobre como foi trabalhar com obras
de terceiros, como foi no caso da HQ Wolverine
Snikt!, e ele afirmou que é algo muito diferente trabalhar em que não lhe
pertence e isso exigiu que ele tivesse o máximo de cuidado com o personagem Wolverine.
Nihei também revelou que este trabalho lhe serviu para que ele nunca mais
quisesse atuar em parceria ou compartilhar o trabalho com outra pessoa.
Perguntado se os convidados já tiveram contato com
quadrinhos brasileiros, Nihei disse que ficou impressionado com a quantidade e
a qualidade de alguns quadrinhos no estilo mangá que ele viu em nosso país. Já
o editor-chefe Yamamoto disse que ficou impressionado ao ver, em uma comic
shop, a quantidade de mangás japoneses publicados no Brasil e que ele sentiu
que existe uma possibilidade na expansão no mercado e uma aproximação entre
Brasil e Japão através do mangá.
Nihei foi questionado sobre como ele vê o lançamento de
Blame! em um outro pais e 25 anos após o publicação original da obra. O mangáka
disse que estava muito feliz e ao mesmo tempo muito envergonhado,
principalmente devido à obra ter 25 anos e ter sido sua primeira publicação.
O produtor Yamazaki, da Polygon Pictures, e o editor-chefe Yamamoto, da revista Shonen Sirius. |
Questionado sobre como é mudar para uma publicação no estilo
Shonen (jovem/adolescente), depois de
atuar tantos anos em mangás do estilo Seinen
(adulto), Nihei disse que inicialmente em Blame! ele não fazia o mangá no
estilo tradicional dos quadrinhos japoneses e que apenas com o tempo ele foi se
aproximando deste estilo, citando que Knight of Sidonia possui mais cenas
clichês do que suas outras obras, e que agora ele deseja fazer uma obra com uma
cara totalmente no estilo tradicional, como é Naruto e Os Cavaleiros do
Zodíaco.
Já o editor-chefe Yamamoto disse que será um grande desafio
editar esta nova obra de Nihei, principalmente devido o mangáka possuir um estilo
próprio de desenho. Mas ele disse que este mangá será emocionante, com um herói
com superpoderes e lutas entre pessoas.
Sobre a evolução de seu modo de desenhar no decorrer de seus
trabalhos, Nihei afirmou que teve uma grande mudança em seu desenho e, como ele
não faz uso de assistentes, é mais fácil dele fazer essas mudanças em seu
traço. O mangáka também disse que na época em que produzia Blame! fazia uso de
um tom mais escuro e se desafiava a fazer a obra o mais escuro possível. Porem,
com o decorrer dos anos, ele enjoou desta forma de desenhar e que em sua nova
obra será utilizado um tom muito mais claro e que na produção deste mangá será
feito o uso apenas de linhas [se referindo que evitará usar tinta nesta obra].
Perguntado se utilizava pessoas ou lugares como influencia
em suas obras, Nihei falou que não costuma sair para colher material, mas que
aproveita as oportunidades em que viaja para eventos para se influenciar pelas
coisas que vê. O autor aproveitou para dizer que é fã do arquiteto Oscar Niemeyer
e haverá inspirações no Brasil em Aposimz.
Uma das maiores questões em cima das obras do mangáka é a
similaridade de seres e acontecimentos entre elas e Nihei foi questionado sobre
a possibilidade de seus mangás se passarem em um mesmo universo. O autor não quis responder sobre essa questão,
mas disse que essa possibilidade pode, ou não existir.
Antes de ser encerrada a coletiva, foi perguntado quais as
influencias que Nihei teve na época para realizar a criar Blame!, o mangáka
disse que teve uma grande influencia de Akira,
Ghost in the Shell e do livro Neuromancer.