My Hero Academia (Volume 1) | Crítica


Graças aos filmes e series da Marvel e da DC Comics o mundo dos super-heróis está em alta em diversas mídias e para os mais variados públicos. O continente asiático também esta dentro desta onda atual de filmes inspirados em Capitão América e Batman e isso também influencia nas mídias geradas exclusivamente nos países asiáticos.

O Japão sempre teve alguma influencia nos animes e mangás vinda diretamente das HQs americanas e isso gerou obras famosas, como Tiger & Bunny e Zetman por exemplo. Recentemente duas obras ganharam destaque mundial, a primeira foi voltada a parodiar como seria o mundo dos super-heróis se existisse alguém capaz de derrotar qualquer vilão com apenas um soco. Já o segundo chegou com grande destaque na revista Shonen Jump e ainda foi indicada pelo publico como um tipo de sucessor direto do mangá Naruto.

Criado por Kohei Horikoshi e publicado desde 2014 na revista da editora japonesa Shueisha, o mangá My Hero Academia (Boku no Hero Academia) finalmente chega ao Brasil pela editora JBC e com chances reais de se tornar uma excelente obra na atual geração de mangás.

Em um mundo onde quase toda a população possui algum poder sobre-humano, Izuku Midoriya é um dos poucos casos de pessoas comuns. Mas esse não é o maior de seus problemas. Exatamente por ser desprovido de qualquer poder, Izuku sofre constantemente nas mãos de seus colegas de classe. Nesse mundo fictício, desde o primeiro caso constatado de um recém-nascido com algum tipo de poder, o índice de criminalidade cresceu proporcional ao surgimento de heróis com as mais variadas capacidades. E, como não poderia deixar de ser, o sonho de Izuku é se tornar um super-herói. Isso parecia impossível até o dia que ele ajuda o poderoso All Might na captura de um vilão gosmento. Ao demonstrar grande coragem e um forte senso de justiça, com a ajuda do famoso herói de cabelos louros, o garoto, enfim, terá a chance de se tornar quem sempre sonhou!

A obra de Kohei Horikoshi segue com clareza alguns dos atributos sempre martelados nas historias publicadas na revista Shonen Jump, porem a ideia de criar um personagem que é o único ponto fora da curva, em um mundo aonde todos possuem algum Dom, mostra um diferencial em relação a outros mangás de Shonen de batalha.

O plot mostrado neste primeiro volume em torno do personagem Izuku Midoriya é bastante interessante, pois mostra um garoto que não tinha nada e que agora tem que lidar com um poder surpreendente ganho há pouco tempo. A obra também possui diversos personagens interessantes, em destaque para o explosivo Katsuki Bakugo e para o todo poderoso All Might (que consegue ser uma pessoa totalmente diferente dependendo de sua forma civil ou herói).

O desenho de Kohei Horikoshi é muito bem detalhado e consegue passar a dimensão do que o personagem esta sentindo (seja confusão, tristeza, dor) e até ambiente, seres estranhos e robôs são muito bem reproduzidos pelo traço do autor. Neste volume também é possível ler algumas curiosidades sobre a origem do desenho dos personagens principais e saber por exemplo que o grupo de protagonistas da serie poderia ter sido formado por outros personagens.

A versão JBC do mangá tem uma capa bonita e as modificações realizadas para manter o logo da serie nos dois lados foram bastante engenhosa. Diferente do que muitos afirmaram nas redes sociais, a ideia de homenagear o logo do Superman no designe do logo de My Hero Academia foi um acerto da editora. Principalmente porque o logo do herói da DC Comics é bastante conhecido do publico geral (seja por causa das HQs ou do pôster dos filmes originais com Christopher Reeve).

Durante o período em que acompanhei a obra de Kohei Horikoshi por scan, sempre foi comentado em diversos fóruns que traduzir e adaptar a obra era extremamente difícil. Segundo o que a JBC divulgou sobre este assunto, em My Hero Academia foi feito todo um trabalho interno para traduzir e adaptar o mangá para que o texto final tivesse um sentido para o leito. O resultado de todo esse trabalho é realmente positivo durante a leitura do mangá e as modificações mais radicais (como o uso de Dom no lugar de Individualidade ou o uso de um meme de internet) agregam para a leitura deste primeiro volume.

Outro item que gostei bastante foi à decisão da editora em colocar um glossário no final do volume. Como existem varias palavras e termos curiosos em diversos momentos, adicionar uma área com essas explicações fica melhor do colocar uma nota e sujar visualmente a pagina.

Mesmo que este volume tenha diversos elogios, duas coisas me incomodaram neste primeiro volume da JBC.

A primeira delas foram a modificações para encobrir palavrões, mesmo utilizado símbolos era evidente que as palavras eram de baixo calão em alguns diálogos. Em minha opinião, não havia necessidade de mascarar estas palavras, principalmente porque a classificação indicativa imposta ao mangá (14 anos) permite este tipo de dialogo.

Já o outro item que incomodou foi à tinta da impressão do mangá se soltando após uma hora de leitura. Mesmo que o tipo de papel usado pela JBC seja o brite, está é a primeira vez que a tinta de uma obra da editora fica em meus dedos após a leitura.

My Hero Academia tem tudo para se tornar uma grande obra dentro da revista Shonen Jump e a versão da JBC possui todos os atributos para popularizar o mangá de Kohei Horikoshi no Brasil. Porem ficou estranho tenta mascarar palavrões em uma obra para maiores de 14 anos e a tinta ficando nos dedos do leitor não é algo muito legal.

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