Mount & Blade: Warband (Console) | Crítica
É difícil precisar qual foi o jogo com o qual eu gastei mais tempo durante minha vida. Teve diversos games que eu facilmente gastei mais de 200 horas e alguns até um pouco mais, mas talvez pelo período longo em que Mount & Blade: Warband existe sem nunca “envelhecer”, esse é provavelmente o game que eu mais joguei EVER!
Lançado em 2009, até hoje Mount & Blade tem uma comunidade movimentada graças as dezenas de mods impressionantes que usam de um jogo que é uma base exemplar e melhoram ou diferenciam ele de diversas formas. Hoje especialmente eu ainda jogo no PC um mod baseado em Game of Thrones, que transporta o jogo para Westeros e adiciona algumas coisas para ser mais compatível com a série de Martin.
Os mods que fazem o jogo viver até hoje após tanto tempo desde o lançamento só são tão populares graças ao fato de que o jogo base tinha e ainda tem muito a oferecer.
Por muito tempo o jogo foi considerado como impraticável nos consoles, graças a sua intrincada base de comandos que ficaria muito difícil de ser adaptada para os controles e eu tendia a concordar. Além disso o jogo, ainda que tenha um gráfico bem datado hoje, é capaz de gerar batalhas com centenas de A.Is lutando contra outras A.Is e os consoles da geração anterior certamente não eram capazes de conceber isso.
De certa forma essa incompatibilidade com os consoles vai até além dos gráficos, do controle e da quantidade de processamento que o jogo exige, apesar de ter sido lançado em 2009, ele é um jogo além do seu tempo e tem uma complexidade que muitos jogadores até hoje preferem evitar. O gameplay dele é complexo e envolve política, comercio, diplomacia, casamentos e dezenas de coisas que não tem nada a ver com combates e nada disso é explicado pelo jogo, você deve aprender sozinho enquanto faz.
Ele também é diferente da maioria dos RPGs modernos, pois você não é o herói da história, Calradia, o mundo de Mount & Blade está acontecendo sem você e vai continuar acontecendo sem você se você decidir jogar de uma forma que não impacte o mundo. As guerras estão sendo travadas, Reis mandam e desmandam em seus reinos, Lords ambiciosos procuram casamentos estratégicos para melhorarem suas posições e conseguirem mais terras e dinheiro e fica por sua conta a forma como você vai se meter nessas tramas e as opções são tantas, que é impossível você não querer jogar diversas vezes para ver o que você pode fazer. Eu mesmo que joguei esse jogo tantas vezes, decidi uma nova abordagem para minha campanha no console que eu jamais tinha tentado, que é ajudar um clamante pelo trono de um reino criando uma guerra civil interna e assim eu descobri coisas novas em um jogo de 2009 que eu jamais soube que estava lá, por mais que eu jogue ele desde sempre.
Isso tudo falando apenas da campanha single-player, sem esquecer que o jogo também possui multiplayer, mas que esse último, por mais que ainda seja divertido, envelheceu de forma bem menos elegante que o modo principal.
Isso tudo falando apenas da campanha single-player, sem esquecer que o jogo também possui multiplayer, mas que esse último, por mais que ainda seja divertido, envelheceu de forma bem menos elegante que o modo principal.
Mount & Blade: Warband é um jogo de ambições enormes que muitos games AAA nem tentam alcançar, com uma mecânica brilhante escondida atrás de gráficos horrorosos, já era assim no lançamento, hoje a mecânica do game continua brilhante, as ambições ainda são superiores a muitos jogos mainstream e os gráficos parecem ainda mais feios do que eram antes.
Ainda que existam centenas de opções para se jogar o jogo, uma hora ou outra você vai ter que batalhar e esse é o maior feito de Mount & Blade. Sabe aquele sistema inovador de ataque e defesa em direções especificas de For Honor? Já existe em Mount & Blade desde 2009. Nas batalhas você não comanda apenas seu personagem, mas todo o seu exército através de ordens militares, como posicionar arqueiros em uma montanha, a infantaria na frente para protege-los e flanquear os inimigos com a cavalaria, que a propósito é uma estratégia clássica que quase sempre funciona, mas isso obviamente depende do terreno que você pega na batalha, do tipo de exército inimigo e de diversas outras variáveis, infelizmente no console também depende da sua habilidade de dar ordens a tempo enquanto a batalha está prestes a começar.
Eu preciso reconhecer que a TaleWorlds fez um trabalho melhor do que eu pensava para adaptar os comandos do seu exército, tão bem distribuídos em um teclado, para o controle que obviamente tem menos opções. Mas por melhor que tenha ficado, ainda está longe de ser perfeito e na verdade, a adaptação do jogo para os consoles é o único problema do jogo em si, pois basicamente nada foi criado para o port. Os menus, incrivelmente datados e mal feitos são exatamente os mesmos do jogo original, os menus de batalha que são diferentes graças ao controle, são textos brancos em fundos escuros com opacidade baixa, a forma de você guiar seu exército pelo mapa é uma seta que parece um asset gratuito de Unity. Fora isso, tudo no jogo é o mesmo que no jogo original, sequer os menus foram retrabalhados para funcionar melhor com um controle do que funcionavam com um mouse.
No Xbox One também, eu notei que você só pode ter batalhas de no máximo 100 A.Is ao mesmo tempo, com reforços inimigos e aliados dando respawn conforme esse número vai diminuindo. No meu PC bem meia boca eu conseguia facilmente o dobro disso nas batalhas e é impossível que um XB1 e um PS4 não aguentem uma carga maior que um notebook comum e barato das Casas Bahia, o que me faz pensar que o problema deve ter sido na otimização do jogo e não na qualidade de processamento dos consoles.
No fim das contas, Mount & Blade: Warband se provou mais uma vez um jogo além do seu tempo, que envelheceu muito bem como um todo, apesar dos gráficos serem péssimos, ele ainda é uma diversão viciante, uma pena que o port para os consoles em si não seja dos melhores e desaponta em vários aspectos, contudo se você ama o jogo desde que ele saiu para PC e quer jogá-lo de uma nova forma, ou se você nunca jogou mais ficou curioso e prefere o console do que o PC, essa versão ainda é boa o suficiente para que você aproveite esse clássico cult, que é melhor do que a maioria dos games mais recentes no estilo e certamente um dos melhores jogos já feitos.