Overwatch é MUITO divertido, mas será divertido a longo prazo?


Na última semana a Blizzard liberou o beta aberto de Overwatch para todo o público. Com a extensão do beta pré e pós a data oficial que a Blizzard estabeleceu no inicio deu praticamente uma semana inteira para testarmos o jogo.

O veredito de Overwatch não podia ser outro, assim como praticamente tudo que a Blizzard faz, o jogo é incrivelmente divertido. É sensacional testarmos cada um dos personagens cheios de personalidade e carisma que o estúdio criou. Não tem como não se apaixonar pela Tracer, como não achar a Widowmaker badass, como não se sentir verdadeiramente parte de uma equipe defendendo todos  com o incrível escudo de Reinhardt e como não repetir empolgado o “Ryuu ga waga teki wo kurau!” que Hanzo fala quando usa seu ULT.

De cara Overwatch é apaixonante por todos os motivos, os gráficos são incríveis e de bom gosto, os personagens são extraordinários e o gameplay é viciante.

ENTRETANTO...

Eu já me peguei elogiando muito alguns betas abertos imaginando que algumas coisas problemáticas, mas ignoráveis neles, não estariam no jogo final e eu estive sempre errado. Esse não é um review de Overwatch, até porque ainda não temos o produto final, mas eu preciso reiterar que o jogo é mesmo incrível, embora não seja sobre isso que eu vá falar aqui, eu vou falar aqui sobre alguns problemas no game.

O primeiro e grande problema de Overwatch é na sua falta de balanceamento, é impossível não perceber o quanto certos personagens são mais fracos que outros e o quanto alguns são incrivelmente superiores. Bastion, por exemplo, é uma máquina de matar irritante e até um pouco chata. Esse problema ainda fica mais evidenciado com a possibilidade de uma equipe poder escolher todos os mesmos personagens. Eu literalmente cansei de batalhar com equipes formadas apenas por Bastions o que soa ridículo.

Ainda sobre balanceamento de personagens, embora praticamente todas as classes tenham a sua utilidade, uma classe ao menos parece extraordinariamente inútil... os Suportes. Eu não sei se é ainda porque não há “profissionais” jogando ou porque as principais estratégias ainda não surgiram, mas por hora pareceu para mim que o game é simplesmente muito frenético e pouco tático para um suporte ter algum efeito pratico.

Além da falta de balanceamento, os modos de jogo também parecem excessivamente genéricos, você mal entende o que está fazendo e porque está fazendo, simplesmente fique em um lugar por mais tempo do que a outra equipe, sem envolver qualquer tática nisso, mate mais inimigos, eles demoram alguns segundos para voltarem ao jogo e você pode ficar nesse lugar mais tempo. É basicamente o modo de jogo principal de jogos como Call of Duty e Battlefield, entretanto nesses games esse modo é mais eficaz e tem uma lógica, em Overwatch não. Outros modos te pedem para acompanhar uma carga por mais tempo que a outra equipe e outros modos eu nem sei mais o que está acontecendo ali, exceto que nós temos que fazer algo.

Honestamente eu também não sou muito fã da ideia de poder trocar de personagem no meio da partida, mas isso eu já sei que a Blizzard defende e não deve ser mudado. Eu acho que isso limita bastante as capacidades estratégicas de uma disputa com cada time escolhendo um personagem pensando em uma tática e tendo que adaptá-la baseada nas escolhas da equipe rival. Algo basal de qualquer MOBA e de muitos outros e-sports.

Um outro problema menor e que eu estou disposto a ser persuadido de que não é um problema, é sobre o número de jogadores por partida. Seis parece bem arbitrário, cinco não seria melhor? Muitas vezes seis jogadores parecem lotar demais os cenários que apesar de grandes, são sempre restritos a "área do momento".
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Todas essas questões juntas a partir de um momento me fizeram enjoar do jogo, embora nos primeiros dias eu tenha jogado como se não houvesse amanhã e o game tenha me proporcionado alguns ótimos e memoráveis lances como quando eu fiz um “hexakill” usando a ULT da Tracer (eu realmente estou apaixonado pela Tracer e quero um Action Figure dela JÁ) um segundo antes de usar a “Recordação” para me manter incólume após o movimento ousado de entrar em uma sala apertada com 6 inimigos usando a personagem com menos HP do jogo.

O número de personagens também me preocupou, mas isso certamente é uma coisa que vai melhorar com o tempo, especialmente se a Blizzard entrar no ritmo de Riot de League of Legends e da Hi-Rez de Smite de lançar um novo personagem por mês ou algo próximo disso. E na verdade eu estou certamente mal acostumado de só entrar em games do tipo com um ou dois anos de atraso.

Enfim, Overwatch tem a oportunidade de se tornar o jogo do momento, o jogo que vai ser “o game jogado por todos”, o jogo que vai gerar memes bobos sobre gamers que não veem suas família há anos e não fazem nada além de passar de nível com os heróis da Blizzard, por outro lado Overwatch pode também acabar virando o novo Star Wars: Battlefront, jogo lindo e promissor, mas que não se sustentou como uma diversão a longo prazo, o que seria uma pena. Mas eu tenho confiança de que a Blizzard fará as modificações necessárias para ter um jogo perfeito, ou quem sabe apenas as minhas inclinações pessoais não sejam compatíveis com a ideia de jogo perfeito que a maioria das pessoas tem. O tempo dirá!
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