Far Cry Primal | Crítica

 Para os fãs de Far Cry, a nova entrada na franquia não poderia ser mais bem-vinda para dar um frescor para a mesmice que a série ameaçava cair. Houveram bastantes reclamações falando sobre o quanto Far Cry 3 e 4 eram semelhantes até demais um com o outro e a Ubisoft parece ter feito algo para melhorar nesse sentido. Dito isso, não tem como iniciar essa crítica sem dizer que Far Cry Primal é um excelente conceito, muito bem aplicado.

Como você pode imaginar, muito da ideia básica é a mesma dos Far Cry que você já conhece, é um FPS num mundo aberto selvagem, com uma jogabilidade semelhante e com habilidades que você já viu em outros games da franquia, entretanto o tema “Homens da Caverna” e as limitações que essa temática trás, deixa tudo com uma cara nova, mesmo que você reconheça como o mundo funciona logo de cara.

No game você está no controle de Takkar, um homem das cavernas comum, cujo bando é atacado por um Tigre Dentes de Sabre logo na abertura do game. Se separando dos seus aliados de caça, Takkar encontra Sayla e com ela começa a montar uma tribo mais forte e unir seu povo, os Wenja, contra as tribos rivais. A partir daí você tem que saquear postos avançados, acender fogueiras para liberar viagens rápidas, atacar vilas, salvar membros de sua tribo e tudo o mais que você já conhece, mas com esse novo tempero especial.
Se tem uma coisa em que Far Cry Primal perde para os jogos anteriores, porém, é na falta de um vilão forte como nos últimos dois games. Mas dessa vez a história desse novo jogo parece não ser o ponto focal da produção, explorar as terras de Oros é bem mais interessante do que a história que nos motiva a fazer isso, embora o embate entre as três tribos seja muito empolgante em certos momentos.

Além da exploração, um dos destaques de Primal é o novo sistema de domar feras, depois de uma das missões iniciais, onde você conhece o shamam Tensay, você ganha a habilidade de controlar uma coruja e a partir daí animais mais perigosos como Lobos, Tigres, Leões, Ursos e até Tigres Dente de Sabre mais perto do final do jogo. A mecânica de domar animais é interessantíssima e nos permite jogar o game com uma certa estratégia diferente. A coruja, por exemplo, funciona como um drone de combate, pois ela pode carregar nossas “bombas primitivas” e lançar na cabeça dos nossos inimigos de uma distância segura, além de fazer o serviço de reconhecimento. Além disso você pode comandar o seu lobo, ou o seu animal preferido em questão, para atacar um grupo de inimigos por um lado, enquanto você os flanqueia com um ataque surpresa usando tacapes ou lança, ou mesmo se mantém a distância usando o arco e flecha.

Por acaso eu queria fazer uma menção especial para o arco e flecha. Desde que a indústria dos games aprendeu a fazer a experiência de arco e flecha ser satisfatória, mais e mais vemos jogos dando um foco especial a arma e Far Cry Primal é um dos que faz isso melhor, alias, é também um dos que o uso da arma soa mais orgânico. Melhor do que usar arco e flecha em 10.000 A.E.C. só se fizessem um game de elfos na Terra Média, alias, tá aí uma boa dica para o próximo Far Cry, Ubisoft.
O gráfico do jogo, apesar de não impressionar por si só, é bastante imersivo e nos dá uma boa ideia de como deveria ser viver em meio a um mundo paradisíaco, mas ao mesmo tempo terrivelmente violento, quando a natureza não era controlada como ele é hoje.

A linguagem que o game usa, simples e rude, cujo significado é revelado através das legendas, nos passa uma autenticidade para o período que poucos, ou quase nenhum outro game conseguiu. Outra coisa que ajuda nessa autenticidade é a caracterização dos personagens, você consegue ver todos os detalhes únicos na vestimenta, atitude e trejeitos de cada personagem secundário e ainda assim eles parecem pertencer ás épocas onde vivem.

Acredite, se a Ubisoft conseguir renovar as suas outras franquias, como Assassin’s Creed, ou mesmo outros estúdios seguirem esse exemplo, da mesma forma que Far Cry foi renovado, sem se desfazer das suas bases e do que faz o game ainda ser da mesma franquia, podemos ver num futuro próximo uma nova geração de grandes jogos com os mesmos bons e velhos títulos que já conhecemos há anos. 

NOTA 9,0
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