Assassin’s Creed Chronicles: Russia | Crítica


Se você está cansado de jogos de Assassin’s Creed, bem, a Ubisoft está ouvindo você e não deve lançar um novo jogo principal da franquia esse ano, agora se você é fã da saga e acha que vai ficar órfão em 2016, pense novamente, pois ainda há o último capítulo dos jogos spinoff intitulados Assassin’s Creed Chronicles, nesse caso, após um jogo se passar na China e outro na India, o último capítulo dessa trilogia se passa na Russia.

Assassin’s Creed Chronicles: Russia faz você acompanhar a história do nosso velho conhecido Nikolai Orelov, protagonista das HQs Assassin’s Creed: The Fall e Assassin’s Creed: The Chain. Dessa vez sua missão é infiltrar-se na casa onde a família do Czar russo está presa pelos Bolcheviques e roubar um artefato que estava perdido há séculos. Aquela mesma história de sempre.
A primeira coisa a se dizer de Assassin’s Creed Chronicles: Russia, é que apesar dele ser idêntico a qualquer game da franquia em termos de desenvolvimento de personagem, de trama e qualidade visual, diferente dos outros games, esse é verdadeiramente um jogo Stealth.

O game em 2.5D, a nova moda de plataformas, tem em todos os seus cenários um desafiador caminho que geralmente só pode ser trilhado através de não ser visto, Assassin’s Creed Chronicles: Russia exige de você nada menos do que precisão em cada movimento e um pensamento estratégico de como abordar as situações apresentadas após cada parkour e cada porta aberta na surdina, entretanto essa só seria verdadeiramente uma qualidade do game se o jogo te permitisse ser tão preciso quanto ele exige que você seja, o que não é bem o caso, pois os controles são um pouco emperrados e o personagem parece responder com um certo delay.

Mas eu falei que o jogo é verdadeiramente stealth ao contrário dos outros jogos, tanto da franquia principal quanto da saga Chronicles, e eu digo isso principalmente por que diferente de Ezio, dos Kenway, Altair e os irmãos Frye, Nikolai parece um vovô reclamão com uma barra de health absurdamente baixa e que só pode ser acertado uma vez antes de morrer, quem sabe se você estiver com muita sorte você consiga até aguentar dois golpes antes de ver a tela de carregamento, seja um tiro, uma espadada, facada ou o golpe de um porrete, Nikolai não é talhado qualquer tipo de combate frontal, ou em outras palavras, ele é "too old for this shit!".
Se formos pensar bem, esse ponto especifico do game é uma evolução natural do que foi o Assassin’s Creed Chronicles, enquanto no China você parecia mais com um personagem da franquia principal, podendo entrar em quantas batalhas quiser, ainda que cautelosamente, o India era mais punitivo nesse âmbito, fazendo necessário abordar o stealth de forma mais recorrente, no Russia entretanto, o jogo é tão punitivo que beira o frustrante as vezes, pois além de você morrer por qualquer coisa, ainda existem diversos cenários de falha instantânea se você fizer apenas uma coisa fora do script e não são poucas as vezes que isso acontece.

Assim como nos outros jogos do Chronicles, o Russia tem um foco pesado na qualidade da arte, enquanto o China parecia uma pintura jogável e o India focava em cores vibrantes e bem distribuídas, a estética o Russia tem como direção visual dois tons contrastantes bem fortes, entre uma cor neutra e outra quente, especialmente vermelho (óbvio) e cinza. Isso acaba deixando o jogo menos bonito que os anteriores, mas por outro lado ele tem uma coerência visual e artística notável.
Vale notar que assim como em Assassin’s Creed Syndicate, o Chronicles Russia também tem uma segunda personagem jogável na forma da lendária princesa Anastasia.
Ambos os personagens têm seus próprios tipos de missão, todas igualmente difíceis e possivelmente frustrantes, mas alguns momentos em que os dois precisam se ajudar em missões paralelas chamam a atenção, especialmente porque o jogo em suas variações típicas de 2.5 D (hipster), mostram até missões de sniper, em que temos que deixar o caminho livre para a outra personagem. De fato o game tem bastantes momentos interessantes e alguns arroubos de jogabilidades do tipo, o que mesmo assim não impede que ele seja um pouco repetitivo, especialmente por que você já está jogando essa trilogia spinoff há algum tempo.

Assassin’s Creed Chronicle: Russia é um jogo feito para fãs da franquia Assassin’s Creed ou para fãs de jogos plataforma, apesar de sua qualidade estética, a sua dificuldade excessiva e sua história padronizada com um protagonista um tanto básico, pode afastar os jogadores que não se enquadram nesses dois tipos que eu mencionei acima. Para mim, entretanto, o maior problema desse game mesmo para um fã de Assassin's Creed, aliás, defeito de toda a trilogia Chronicles, é desperdiçar momentos brilhantes da história em um game que não é o principal da franquia, todos os momentos dos três jogos são muito melhores do que a Revolução Industrial abordada no último game principal (que ainda assim foi ótimo). Eu duvido muito que veremos a queda dos Romanov e Anastasia em um game principal depois de termos visto isso aqui. Uma das coisas que eu mais gosto na franquia é ver como foi abordado certos eventos históricos, e embora eu não vá ver a Revolução Russa da forma como eu queria, pelo menos eu vi de alguma forma e isso já é alguma coisa.

NOTA7.5
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