Mad Max | Crítica
Para quem está acostumado com péssimos jogos baseados em filmes, Mad Max será uma enorme surpresa, não é que o game seja melhor que os seus pares nesse quesito, é que o game é MUITO melhor que seus pares nesse quesito.
Toda a ideia do jogo de Mad Max é construir o Magnun Opus, um novo carro após o Interceptor ter sido destruído logo nos primeiros momentos do game (não se preocupe, você pode deixá-lo parecido com o carro clássico) e depois partir para as Planícies do Silencio, que pode ser uma metáfora pra morte, para um físico lugar onde Max possa descansar ou pra uma biblioteca, vai saber... entretanto, como sempre Max acaba se envolvendo com os problemas locais e ajudando mais pessoas do que planejava no caminho.
Para construção do Magnum Opus nós contamos com a ajuda de Chum, um corcunda que nos acompanha no veículo e usa arpões e armas montadas sob nosso controle, enquanto também o conserta quando esse não está em movimento.
A mecânica de construção do carro é interessante, apesar da variação visual não ser tão grande quanto poderia e era esperado, ele pode variar o suficiente com armas e mecânicas para te entreter por horas a fio tentando achar a combinação mais badass para lutar no deserto, indo desde literalmente só um chassi com barras, volante e pneus, para uma máquina cheia de espinhos, lança chamas, arpões, triturador de rodas, turbos e um enorme V8 no capô.
Ainda falando sobre a trama, ela incorpora bem algumas das melhores partes do filme, como a mitologia da Terra Desolada que está ainda mais apurada no jogo, a loucura do mundo e a forma como eles usam de forma quase errada algumas das coisas do mundo antigo, como a linguagem por exemplo, acaba se refletindo bem em Chum que nos acompanha no carro berrando expressões de medo ou felicidade dependendo de nossos feitos, assim como é divertido ouvir Nux falando “que dia, que dia adorável” no filme, ver Chum gritar “regozijo!!” depois de explodirmos 3 carros inimigos não fica para trás.
Algumas partes mais emblemáticas dos filmes também foram transpostas como mecânicas para o jogo, sabe aquela tempestade de areia épica do último filme? Ela acontece até com certa frequência e é sempre um dos momentos mais incríveis do game, especialmente quando estamos a pé no meio do deserto e temos que procurar um abrigo para nos salvar dela. O mesmo vale para Cúpula do Trovão e todo o lance de "dois homens entram e um homem sai" e outras coisas do tipo.
Podemos entender que o game é uma espécie de prequel do filme mais novo, ainda que não seja dito exatamente isso, o vilão do filme é um filho de Immortan Joe, chamado Lord Scrotus (sim) irmão de Rictus Erectus e atual senhor da Vila da Gasolina. No game Immortan ainda está vivo e nós não conhecíamos ainda o visual de uma Máquina de Guerra (um easter-egg em uma missão), portanto é fácil encaixar a trama no universo canon se você quiser.
Em termos de jogabilidade, existem dois modos constantes em Mad Max, que é onde você está a pé, geralmente completando missões em acampamentos e assentamentos e quando você está atrás do volante, que é consideravelmente mais divertido. O problema aí fica por conta do fato de que por mais que você use o carro 80% do game, os 20% em que você não usa parecem que importam mais para a trama.
O visual do jogo é imponente, o mapa é gigantesco e tem aquela “beleza feia” que a estética do universo de Mad Max tem, com pelo menos cinco áreas diferentes e exploráveis quase que desde o início, fica bem claro que cada uma delas, apesar de semelhantes (afinal são desertos), foram trabalhadas para ter uma estética visual única, o território dos Buzzards é o deserto clássico, cheio de dunas escaldantes, a área de Gutash parece um dia ter sido o mar, já que há dezenas de navios encalhados por lá, a área de Pink Eye ainda tem estradas e a Vila da Gasolina tem montanhas de entulho entre as ruas e parece naturalmente mais escura, graças a poluição das suas grandes usinas e chaminés.
Apesar de ser um jogo de médio porte quando comparamos com games de mundo aberto como Skyrim e The Witcher 3, por exemplo, Mad Max não faz feio nesse quesito, apresentando um mundo complexo, bonito e grandioso que faz questão de não nos tirar do clima do game, o que é um baita ponto positivo para o pessoal da Avalanche Studios, é bom ficar de olho neles, pois pode vir muita coisa boa daí.
Mas para falar um pouco de quando Max está a pé, o sistema de evolução do personagem é interessante, ele passa de nível não ganhando experiência, mas completando missões especificas, missões semelhantes a que vemos por aí para desbloquear conquistas e troféus, afinal o que melhora em Max na verdade é sua “lenda” pelas Terras Desoladas, concluir coisas como "Destruir 5 veículos durante uma tempestade", ou "assassinar 15 inimigos com faca" são usadas nesse sentido. Com os níveis conquistados você pode comprar melhorias para armas e equipamento (com poucas variedades), comprar novas técnicas de lutas e coisas assim. As técnicas de lutas não são muito úteis para ser honesto e o modo de luta lembra um pouco o já padrão estabelecido pelos Batmans da Rocksteady, é eficiente, no início do jogo é até desafiador, mas não tem nada de inovador nele.
O problema do game e que é o que o impede de ser um dos grandes e memoráveis jogos do ano, é a repetição. Você provavelmente precisará de mais de 40 horas para terminá-lo montando um Magnum Opus minimamente decente e ele é divertido o bastante para fazer você querer terminá-lo, entretanto depois de 10 horas jogando você já vai ter visto tudo que o game tem a oferecer e a partir daí é sempre a mesma coisa, dirija até certo lugar eliminando ameaças no caminho, entre no lugar, espanque todos que estiverem lá, volte para pegar uma nova missão. Pegou a nova missão? Ótimo, agora dirija até o ponto indicado eliminando ameaças no caminho, chegue no local, espanque todos lá dentro e volte para mais missões.
Para ser honesto uma ou outra missão foge esse padrão, mas elas são poucas e provavelmente chamariam mais atenção se o game fosse mais curto e com missões extras posteriores a sua finalização, porque a mistura de um jogo longo com pouca variedade sempre é problemática. Mas não se engane, mesmo repetitivo, Mad Max ainda é um grande jogo, até porque toda a mitologia da franquia, extremamente bem usada, sempre nos ajuda a querer dirigir até lugares e espancar todos lá uma vez mais.
PS: Será que não valia em uma DLC futura uma skin para jogarmos com o Mel Gibson já velhaco?