Agents of S.H.I.E.L.D. – 2° Temporada | Crítica

Como é bom ver algo terrível, chegando bem perto de atingir todo o seu potencial, basicamente foi isso que vimos com Agents of S.H.I.E.L.D. esse ano. Na primeira temporada eu disse em minha crítica que “Agents of S.H.I.E.L.D. tem tudo o que o universo cinematográfico tem de pior, histórias insignificantes, humor deslocado e fora de hora, mas adicionando aí péssimos atores em péssimos personagens, coisas que não temos no cinema nem nos piores momentos.”


O que dizer dessa 2° temporada então? Bem, os atores parecem ter entrado num curso rápido de atuação, pois melhoraram muito. O humor ainda existe, mas ele está menos frequente e com um timing muito melhor, ainda que pareça que Joss Whedon é o único da família que sabe realmente escrever diálogos bem humorados e de qualidade para personagens. Além disso, os próprios personagens melhoraram, embora para compensar isso, a série tenha colocado um punhado de novos personagens onde um ou outro consegue ser tão ruim quando Skye e Ward eram no início da série.


A série continua coordenada pela dupla Jed Whedon (irmão de Joss) e por Maurissa Tancharoen (esposa de Joss e irmã de Kevin Tancharoen, diretor em ascensão), mas eles parecem ter voltado com todo o gás esse ano e uma das coisas que parece que fizeram bem a série, foi o fato de que os filmes da Marvel começaram a influenciar menos a trama e a série passou a influenciar mais o Universo Cinematográfico, o que aconteceu a esse ano pode acabar indicando a epidemia de Inumanos, que podem acabar virando para o MCU o que os Mutantes são para os Quadrinhos da Marvel, tivemos indícios da criação dos Guerreiros Secretos, ou quem sabe até dos Vingadores Secretos e diversas outras coisas, e até uma sutil brincadeira com Namor e outros. O lado inverso, porém, teve impacto mínimo, depois de Capitão América: O Soldado Invernal ter mudado completamente a dinâmica da série para melhor, Vingadores: Era de Ultron teve mais impacto da série do que sobre ela.


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Abandonar o processual e entrar no serializado também ajudou muito a Agents of S.H.I.E.L.D. alcançar o status que alcançou esse ano. A série conseguiu criar uma história mais séria, com diversos pontos altos e que era capaz de nos surpreender a cada episódio, especialmente nos últimos episódios da temporada que foram melhores do que qualquer um esperava, incluindo na parte visual, onde rolou desde cenas espetaculares com o Quinjet, cenas em plano sequencia (que não chegam nem perto de serem tão boas quanto a do 2° episódio de Demolidor, mas vale a tentativa) e até a luta de Skye em câmera lenta contra a versão Inumana e feminina do Homem Múltiplo dos X-Men.


Engraçado, porém, como as participações especiais de outros membros do MCU são pontos fracos na série, não que eu ache que se o Robert Downey Jr aparecer por lá isso vai ser ruim, mas pela segunda vez o episódio com a Lady Sif foi um dos piores do ano, especialmente esse ano quando esse episódio acabou sendo “o caso da semana” numa série que já tinha abandonado o formato.


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Sobre os novos personagens, o pai e mãe de Skye se destacam fácil entre os demais, os dois são muitíssimo bem interpretado por dois ótimos atores, especialmente Dichen Lachman como Jiaying,o vilão Daniel Whitehall da primeira metade dessa temporada também foi uma grande adição ao elenco, a Agente 33 que era uma espécie de Madame Máscara do MCU também  foi uma adição bacana, assim como outros membros do esquadrão de Coulson. Contudo, a personagem que eu mais aguardava esse ano acabou sendo uma decepção. A Bobbi Morse (nos quadrinhos ela é a Vingadora chamada de Harpia) de Adrianne Palicki é uma remanescente da primeira temporada, uma canastrona que mal sabe desferir um diálogo mais desenvolvido e que infelizmente tenta ser engraçadinha de vez em quando sem nunca soar verossímil, ela é quase que uma mistura do que o Ward e a Skye eram no inicio da primeira temporada, mas por sorte ela não tem o mesmo espaço de ambos tiveram antes e isso minimiza os danos, sem contar que como Chloe Bennet e Brett Dalton melhoraram como atores, acho que dá pra esperar que Palicki faça o mesmo para o ano que vem, mas certamente ela foi um dos pontos fracos desse ano.


Mas por falar em Brett Dalton, eu fiquei feliz em ver que a série contrariou minhas expectativas e meu pessimismo e no lugar de tentar redimir o personagem, ela acabou tornando-o ainda mais vilanesco e perturbado, provavelmente além de qualquer redenção a partir de agora. E mesmo que no inicio da série ele tenha ficado com uma obsessão irritante com Skye, isso parece ter sido deixado um pouco de lado também durante a temporada, o que fez o personagem dele ficar ainda mais interessante e sua posição para o próximo ano é ainda mais promissora.


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Coulson e May, apesar de ainda serem uma dupla constante, evoluíram bastante como personagens individualmente, especialmente essa última que deixou de ser só a badass caladona para ter um background mais complexo. Mas apesar de tudo, eles continuaram sendo os personagens que são legais, mas que são também os que têm menos sabor na série.


Fitz e Simmons continuam de longe sendo meus dois protagonistas preferidos e ambos evoluíram ainda mais como personagens esse ano, especialmente Fitz que deixou de ser meu segundo favorito para ser o primeiro, já que ele acabou tendo que enfrentar problemas mais interessantes do que qualquer outro personagem durante essa temporada, o único contra sobre a storyline dele é que eu sequer percebi quando foi que ele se recuperou de seus problemas, a resolução do que aconteceu com ele no final do último ano foi menos marcante do que deveria ser. Já a Jemma Simmons, interpretada pela ainda ótima Elizabeth Henstridge, teve seus pontos baixos, mas o misterioso final que ela teve esse ano promete fechar bem todas as atitudes e escolhas estranhas que ela teve durante a temporada.


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Antes de finalizar a crítica eu tenho que dizer que eu não esperava que a Marvel trouxesse os Inumanos tão cedo assim para a trama do MCU, o filme sobre eles está agendado para daqui a quase meia década, ou seja, será que nós ainda teremos Agents of S.H.I.E.L.D. no ar até lá? Será que Skye e Lincoln serão parte do filme? Assim como toda a trama que aconteceu esse ano? Se Joss Whedon realmente deixar a Marvel parece que sim, já que Kevin Feige parece ter insistido para a série ser mais presente em Vingadores: Era de Ultron enquanto Whedon fez o favor de sutilmente dizer que a série não é canon, o que é uma pena porque as vezes parece que ele mesmo tem um pouco a aprender sobre como desenvolver o ritmo de uma trama com o que a TV na Marvel vem oferecendo, se não tanto com Agents of S.H.I.E.L.D. que ainda está empatado com uma temporada boa e uma ruim, que seja com Agent Carter ou Demolidor.


No fim, Agents of S.H.I.E.L.D. superou e muito as minhas melhores expectativas nessa segunda temporada, embora eu ainda ache que uma temporada mais curta faria MUITO bem a essa série, que tem tudo para ficar ainda melhor no próximo ano.

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