Rebelde - Bernard Cornwell | Crítica

 

Se há um autor que é quase unanimidade em relação à qualidade e capricho histórico de suas obras, este autor é Bernard Cornwell. Mesclando de maneira única tramas históricas com personagens e elementos de ficção, o autor já nos levou para as guerras napoleônicas, Inglaterra das eras do Rei Arthur e da era do Rei Alfredo, a Guerra dos Cem Anos e o mito do Santo Graal. Agora, Cornwell ousa ao sair de temas mais antigos e com menos registros e muitas histórias e mitos para um cenário mais recente e repleto de informações: A Guerra Civil americana no século XIX.

Essa é a temática de Rebelde, livro de lançamento da saga de Nathaniel Starbuck (por isso o nome As Crônicas de Starbuck) como um nortista que, por razões pessoais e de ideologia, resolve mudar de lado. O livro é o primeiro de uma saga com 4 livros já lançados em inglês e que estão começando a ser publicados aqui no Brasil. Vale ressaltar que a saga ainda não está finalizada e Cornwell ainda não confirmou datas para as eventuais continuações.

capa

Quem já conhece Cornwell de outras sagas sabe que as maiores características do autor são o capricho em suas pesquisas de guerras históricas e a qualidade de suas descrições de cenários e principalmente de batalhas. E em Rebelde, o autor não decepciona. Desde o início do livro, com a chegada de Nate (apelido de Nathaniel) a Richmond e o contato inicial com os sulistas e seu líder, o coronel Faulconer, Cornwell capricha ao falar das vestimentas, das armas, da geografia e das pessoas envolvidas na trama principal.

Nate é o típico herói perdido, em dúvidas sobre o que realmente importa em sua vida e se questionando a todo momento se sua decisão foi acertada, pois ele não é apenas um nortista comum, mas sim filho de um dos líderes do movimento que pede o fim da escravidão, um dos motivos desta guerra civil que ficou conhecida como Guerra de Secessão.

Praticamente 70% do livro funciona como preparação para o primeiro grande conflito da saga, e isso faz com que a leitura e a história funcionem de forma crescente, começando bem morna e com alguns picos de suspense protagonizados por Nate e suas missões iniciais. E os 30% restantes mostram Cornwell em sua melhor forma, agora não com espadas e catapultas, mas com muita pólvora e explosões.

Com certeza Rebelde funciona como um prelúdio de algo maior que está por vir. Mas mesmo assim a Guerra Civil americana dificilmente tem para nós o mesmo apelo que mitos como o Santo Graal ou o Rei Arthur. Isso não significa que a obra é desimportante, longe disso, até porque Cornwell torna qualquer história intensa.

Porém, Cornwell não explica demais os grandes motes da Guerra de Secessão, pois boa parte de seu público (americanos e ingleses) já sabe essa história de cor. Ou seja, quem quiser de verdade entender algumas subtramas e sobrenomes famosos ao longo da história contada, vai precisar pesquisar um pouco mais. De novo, nada que diminua a obra, porém é importante fazer essa pequena pesquisa histórica para realmente se encantar com a trama.

Confira a sinopse de Rebelde, lançamento da Editora Record:

SÉRIE DE BERNARD CORNWELL SOBRE A GUERRA CIVIL AMERICANA

Durante o verão de 1861, os exércitos do norte e do sul dos Estados Unidos se preparam para travar o que entraria para a história como a Guerra de Secessão. Rebelde é a fantástica história de como o jovem nortista Nathaniel Starbuck se rebela e luta a favor dos sulistas.

Abandonado pela mulher que julgava amá-lo e afastado da família, Nathaniel chega a Richmond, na Virgínia, capital da Confederação sulista. Lá, depara-se com uma turba acossando nortistas e tenta não se envolver. Porém, quando percebe que seu sobrenome é capaz de gerar uma fúria ainda maior — pois é filho do reverendo Elial Starbuck, grande defensor de ideias antiescravagistas —, é resgatado por Washington Faulconer, um milionário excêntrico que deseja reunir uma companhia de elite para lutar contra os ianques. Como forma de gratidão, Nathaniel se alista na Legião Faulconer, mesmo sabendo que isso significa ter de lutar contra o próprio povo.

Outros cidadãos enfrentam dilemas semelhantes, no entanto, em pouco tempo, todos se renderão ao caos e à violência que dividiu a América em duas.
• “Guerras são o forte de Bernard Cornwell. Você vai sentir o cheiro de pólvora saindo destas páginas.” – Daily Telegraph


• “Nathaniel Starbuck é um herói notável.” – Kirkus Review

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