Rurouni Kenshin | Uma analise da trilogia de filmes do Samurai X
Lançado entre 1994 e 1999 por Nobuhiro Watsuki na revista Shonen Jump, o mangá Rurouni Kenshin (Samurai X, como é popularmente conhecido aqui no Ocidente) ganhou uma trilogia de filme em live action que foi produzido pela Warner Bros. Japan em parceria com a Studio Swan.
Para que não conhece, Rurouni Kenshin mostra a historia de Kenshin Himura, um jovem samurai que lutou durante o Bakumatsu e que era conhecido como o assassino Hitokiri Battousai.
Com fim da guerra, o Japão se tornou
pacifico graças ao novo governo e Kenshin passou a viver como um
andarilho, carregando uma Sakabatou (katana de lamina invertida) e a
promessa de não matar. O primeiro longa da serie foi lançado em 2012 e
suas continuações (Kyoto Inferno e The Legend Ends) foram lançadas no ano de 2014.
Porem, será que os filme conseguiram adaptar o máximo da historia de Watsuki?
Confira abaixo uma analise dos três
filmes e veja que com os cortes certos é possível fazer um grande filme
tendo como fonte um anime/mangá.
O
primeiro filme da serie serviu mais com o propósito de apresentar os
personagens principais da historia e mesmo com a mistura dos dois
primeiros arcos do mangá, a execução da historia do longa é muito boa.
Os personagens de Megume (Yu Aoi) e Hajime Saito
(Yosuke Eguchi) merecem destaque neste primeiro filme, não só por serem
quase totalmente fidedigno ao mangá, mas por serem apresentados de uma
forma que não atrapalhou a historia. Diferente de Sanosuke (Munetaka Aoki), que em diversos momentos parecer estar deslocado na trama e do vilão Takeda Kanryu (Teruyuki Kagawa) que parece ridículo em alguns momentos.
Com relação aos protagonistas, Takeru Satoh consegue fazer um Kenshin com um ar de seriedade tranquila, exatamente igual ao do mangá, já Emi Takei consegue trazer uma boa Kaoru para a historia. Outro que merece destaque é o personagem Udo Jin-e
(Koji Kikkawa), que tem um papel essencial no longa em cima da trama do
falso Battousai e se mostrou ser um vilão bem mais assustador do que
Kanryu.
Mas que o realmente da destaque ao filme
são as cenas de luta. Com coreografias muito bem trabalhadas e uso de
efeitos de câmera, isso fez com que as cenas se tornassem bastante
realistas. Por falar em realidade, durante o filme os personagens não
ficam falando o nome dos golpes como na trama original após executa-los
(isso seria muito estranho), com exceção de um ataque utilizado por
Keshin na luta contra Udo Jin-e, que serviu mais como um fanservice.
Se formos pensar na adaptação da
historia em si, podemos considerar que o primeiro filme foi muito fiel
ao mangá, mas o verdadeiro desafio estava por vir.
A continuação de Rurouni Kenshin foi um grande desafio para o diretor Keishi Otomo,
que teria que condensar os 103 capítulos do mangá e 34 episódios do
anime referente ao arco de Kyoto. Principalmente em relação aos cortes e
adaptações tiveram que ser feitas na historia do arco para que o
roteiro do longa ficasse de uma forma que fizesse sentido para quem não
conhece o anime/mangá e que, ao mesmo tempo, conseguisse agradar os fãs
da obra original (afinal, Rurouni Kenshin teve duas series de Ovas que
possuem grandes roteiros, mas que não agrada aos fãs por modificar
acontecimentos que mudaram a essência original da obra).
Adaptar o restante da obra em dois
filmes foi a melhor solução para mostrar todos os principais
acontecimentos da historia original, e o longa Kyoto Inferno
conseguiu cobrir toda a primeira parte do arco sem precisar ser feitas
muitas modificações durante a adaptação. Na verdade, tudo o que estava
ocorrendo em tela parecia quase igual às cenas do mangá e as maiores
mudanças só foram aparecer apenas no final do segundo filme.
Ainda assim Kyoto Inferno não é perfeito. Novamente Sano não consegue se encontrar dentro do filme. Outro personagem que é forçado na trama é Aoshi Shinomori
(Yusuke Iseya), que possui o objetivo de matar Kenshin e mostrar o
poder da Oniwaban. Porém, o objetivo de Aoshi acaba se tornando
questionável, quando o motivo de suas ações é revelado no filme.
Por outro lado, a entrada Ryunosuke Kamiki (Seta Sojiro), Tatsuya Fujiwara (Shishio Makoto) e Ryosuke Miura (Sawagejo Cho)
acrescentam muito para o filme. Kamiki e Miura conseguem literalmente
trazer a personalizada e os trejeitos de seus personagens do anime para a
tela, já o experiente Fujiwara trás consigo por baixo das ataduras o
perigo que Shishio representa ao novo governo.
Os acontecimentos no final do segundo filme foram diferentes da historia do anime/mangá, mas isso fez com que a trama do longa The Legend Ends
fosse muito maior. Pois, em vez de lutas individuais (como ocorreu no
mangá), agora Kenshin tem que ajudar o governo na linha de frente. Mas
antes ele deve retornar ao seu passado para aprender o maior golpe do
estilo Hiten Mitsurugi.
No treinamento entre Kenshin e Hiko Seijuurou
(Masaharu Fukuyama) não ocorre muitas mudanças em relação ao que foi
mostrado no mangá, contudo Fukuyama consegue passar toda uma seriedade e
os perigos do treinamento que seu aprendiz ira passar.
Com exceção do treinamento de Kenshin,
todo o conteúdo da historia deste terceiro filme foi original, e
durante o longa é criada uma trama aonde Shishio coloca o governo na
parede para impedir um ataque a Tóquio.
O último filme consegue manter o nível
em todos os aspectos já citados, porém os mesmo erros anteriores são
cometidos nesse. Sano começou a trilogia deslocado e terminou da mesma
forma e a motivação de Aoshi para lutar contra Kenshin continuou sem
fazer sentido. Em uma analise geral, a trama do longa conseguiria seguir
adiante sem Sano e Aoshi, mas acabou parecendo que os dois foram usados
mais como um artifício para agradar os fãs do anime/mangá.
Mesmo o terceiro filme tendo sua
historia quase original, as modificações realizadas na trama conseguiram
manter as duas principais lutas do anime/mangá no filme. Mesmo que a
luta final não seja 100% satisfatória, o terceiro longa conseguiu fechar
bem a trilogia.
Muitas adaptações inspiradas em
anime/mangá já foram realizadas no Japão, porém nenhuma conseguiu chegar
ao enorme sucesso de que a trilogia Rurouni Kenshin
alcançou. Os longas possuem bons roteiros, mesmo que com os diversos
defeitos, o enredo dos filmes conseguiu passar boa parte do carisma que o
mangá de Nobuhiro Watsuki possui.
A produção feita pela Warner Bros junto com o Studio Swan
também alcançou seu objetivo de passar, através dos vestuários e dos
cenários, como era o Japão no período inicial da era Meiji que foi
mostrado no mangá. A coreografia das cenas de luta são muito fluidas e
com grande velocidade, e mesmo que o longa tenha um tom mais realista, é
possível que os fãs do mangá consigam identificar diversos golpes
utilizados pelos personagens, sem que seu usuário precise falar o nome
da técnica.
Em um resumo geral, mesmo que você não
tenha visto o anime ou mangá de Watsuki, a trilogia de filmes de Rurouni
Kenshin é bastante recomendável, se você simpatiza com o gênero.
Atualmente o primeiro filme se encontra disponível na Netflix, que futuramente também ira adicionar os filmes Kyoto Inferno e The Legend Ends em seu catalogo. E assim como o primeiro longa, a Focus Filmes também ira lançar os dois últimos filmes da serie aqui no Brasil em DVD e Blu-Ray.