O Cinema POP de 2014

Cinetrópole trata-se dum estudo pessoal acerca da sétima arte em forma de road trip. De Toshirô Mifune à P. S. Hoffman, de D. Fairbanks à M. Haneke, da Nouvelle Vague aos super-heróis, de Um Corpo Que Cai à Sangue Negro. É uma jornada cósmica e espiritual pelos 120 anos do espetáculo que chamamos de cinema. E não deixa de ser, é claro, um passeio pela mente perturbada do seu chatíssimo autor, cuja opinião de porcaria não reflete a da equipe d’ O Vértice. Aproveite (ou não) a viagem.



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02/01/2015

Como qualquer outro ano antes ou depois dele, 2014 chegou acompanhado de uma avalanche de diferentes expectativas, novas apostas e velhas caras. Ao longo deste texto, estarei falando dos maiores – interprete-se a palavra no seu sentido mais intimista, de ‘grandes’ e não de ‘melhores’ – longas do ano.


Desde já, é ESSENCIAL alertar que os filmes aqui incluídos são ESTRITAMENTE, FILMES CUJA PRIMEIRA EXIBIÇÃO INTERNACIONAL (seja num festival, seja nos cinemas), OCORREU EM 2014. Estarei desconsiderando COMPLETAMENTE o ano de lançamento no Brasil. Se o filme lá fora estreou em 2014, mas terras tupiniquins em 2013 e 2015, então ele será aqui mencionado.


No mais, estamos falando breve regresso temporal para permitir diagnósticos curtos e simplórios dos filmes de maior destaque no globo das premiações comerciais e bilheterias explosivas. Um texto sobre o que já se consagrou no meio como cinema pipoca, mas que prefiro chamar de cinema pop, até porque alguns dos filmes aqui listados não são exatamente blockbusters.


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Logo, não estarei escrevendo sobre 99 Homes de Ramin Bahrani ou a nova comédia de Roy Andersson (até porque para minha frustração, ainda não consegui vê-los), porque não são filmes pop. Tenho a intenção de escrever um outro artigo, este sobre os filmes independentes ou nomeados para a Palma de Ouro, portanto lá poderemos falar melhor sobre títulos como o Leviathan de Andrey Zvyagintsev ou Life Itself de Steve James.


Os filmes não citados não vi (como no caso dos promissores Sr. Turner ou Vício Inerente) ou neles não enxerguei relevância (como no caso Malévola ou Hércules). Todos mencionados estão acompanhados por uma pequena avaliação argumentativa e matemática. Porém, novamente, o mais importante é lembrar-se de que são filmes pop de world première em 2014 e que a sua maior avaliação não necessariamente significa que seja o meu predileto.


OBS: com o tempo, novos filmes podem ser adicionados à lista. Se quiser conhecer o artigo oficial de melhores filmes de 2014 de acordo com O Vértice, clique aqui.


O texto pode conter spoilers.


Vamos começar.



 

As Tartarugas Ninja, Jonathan Liebesman


O argumento tem a audácia de presumir que o seu público terá mais interesse na odiável Fox do que nas próprias tartarugas. O design dos personagens está além do asqueroso e consegue deixar as quatro mutantes mais caricatas do que qualquer outra adaptação. Bom SFX. Referências aqui e ali, sempre a produtos já obsoletos dentro da cultura pop, fracassando na tentativa de parecer jovial. É como se Joel Schumacher pusesse as suas piores ideias num liquidificador cheio de inspirações do sucesso do cinema de Nolan e Bay e adicionasse uma pitada de anos anos 90. Junto do seu irmão (franquia Transformers), é do pior que o cinema arrasa-quarteirão pode fabricar.


Avaliação: 1.0 de 10.


 

A Entrevista, Evan Goldberg & Seth Rogen


Uma das piores comédias da dupla. Franco está insuportável, as piadas são bobas e a única sequência boa é a da morte de Jong-un. Há vídeos mais engraçados sobre o assunto no YouTube. Muita polêmica para pouco (pouco filme, pouco humor, pouco roteiro).


Avaliação: 2.5 de 10.


 

Maze Runner: Correr ou Morrer, Wes Ball


Mais um produto da carência de roteiros originais de Hollywood, Maze Runner é, no máximo - ou no mínimo -, interessante. A atmosfera enigmática que esboça os acontecimentos da primeira fração do filme se vende como um reflexo dos grandes ícones do gênero de mistério na cultura pop como Lost e Arquivo X, mas joga todo esse mistério pelo ralo ao fim de alguns minutos e torna-se uma narrativa didática. A interpretação do simpático Dylan O'brien - que desde 2011 defendo que seria um ótimo substituto para o (insubstituível) Andrew Garfield na franquia do Homem-Aranha - funciona muito bem e consegue tornar aceitável um personagem cujo desenvolvimento resume-se ao protagonismo desmesurado de um conto juvenil. Nunca li - e não tenho planos de fazê-lo - a obra original, porém isto é tudo quanto o longa de Wes Ball tem a oferecer. O terceiro ato é arrastado e mais expositivo do que conclusivo. O argumento é instável e repleto de furos. Algumas cenas de ação sobrevivem somente graças a uma montagem convulsiva que chega a ser nauseante. As figuras dramáticas centrais são arquétipos de personagens que o roteiro não se preocupa em esculpir. Por ser apresentado nas cenas noturnas como uma edificação claustrofóbica e nos eventos ocorridos durante o dia como vasto e imponente, há uma bipolaridade desconcertante ao redor do labirinto. O diretor não consegue trabalhar com a temática da infância interrompida e da interação primitiva entre um grupo de jovens selvagens como O Senhor das Moscas fez ainda em 63. A personificação da ameaça, que existe nas criaturas monstruosas enfrentadas pelos garotos, é boba, dispensável e muito menor do que o agoniante labirinto. Seria bom se soubesse pintar dentro das linhas e poupar o espectador de tantos excessos.


Avaliação: 3.0 de 10.


 O Vértice


 

RoboCop, José Padilha


A discussão sobre a automação do homem e a tecnologia armamentista nos conflitos armados (um assunto mais discutido do que nunca) é um desperdício de potencial. Todas as performances, até mesmo as levadas pelos atores mais renomados, provocam indiferença. O dilema humano sobrepõe o robótico quase que inteiramente, diminuindo Murphy a um personagem desinteressante. Por defeito do argumento, é muito mais cop do que robo e por defeito dos efeitos visuais, é muito mais videogame do que cinema. O novo desfecho não possui a fachada racional ou dramática do original. Longa-metragem slow e fast-paced em simultâneo e que parece não levar a lugar algum.


Avaliação: 3.2 de 10.


 

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, Marc Webb


Como em todos os filmes do aracnídeo (pré e pós-Raimi), há uma série de furos, inconsistências e contradições de roteiro. As péssimas (in)decisões executivas do estúdio influenciam as criativas e comprometem qualquer potencial que a trama possa ter numa falta de orientação singular. A OST de Zimmer é aprazível, porém mastiga demais a narrativa para a compreensão dos espectadores. Os efeitos digitais são bons e compõem ótimas sequências de ação, mas necessitam de algum tempo em tela para convencer que não pertencem a uma animação da Disney. Como já apontado (e provado!) neste artigo, a caracterização de Andrew Garfield como Homem-Aranha é a mais incrível e fiel aos quadrinhos que já tivemos nos cinemas. A química entre o carismático Garfield e a adorável Stone é incontestável e resulta no romance mais crível do gênero. Infelizmente, o excesso de personagens e sub-plots tira completamente os holofotes do que é bom. Ordinário, compensa pelo extraordinário Cabeça de Teia de Garfield e suas piadas, por Emma Stone e pela ação quadrinística.


Avaliação: 3.7 de 10.


 

O Jogo da Imitação, Morten Tyldum


Os que conhecem o trabalho de Cumberbatch não o verão fora da sua zona de conforto. Muito pelo contrário, a sua interpretação e esquemática e caricata (o seu Turing é um filhote de Sheldon e Sherlock). O argumento foi construído com a mais perfeita delicadeza para encantar a academia, ou seja, é categórico e não escapa das centenas de cinebiografias que vieram antes e virão depois dele. Ah, e tudo funciona a partir de conveniências e contradições. A discussão do papel social da mulher é bem sublinhada por Knightley, mas só porque o roteiro se permite ser, mais uma vez, contraditório (e redundante). A condenação da homossexualidade é um tema que, de acordo com os historiadores, deveria ter tido maior relevância, mas o que mais me agradou no longa foi a maior aposta na contribuição científica de Turing do que no seu drama pessoal, pois intensifica ainda mais o sentimento de injustiça perante o seu fatídico destino. Sem qualquer traço de personalidade própria (o título faz jus à obra: imita tudo).


Avaliação: 3.7 de 10.  


 

James Brown, Tate Taylor


Taylor parece não conhecer a sua própria ideia. A cinebiografia do Mr. Dynamite é um verdadeiro emaranhado de episódios desconexos da sua vida, tecidos numa narrativa anêmica e apática. Não fosse pela estupenda performance do talentoso Chadwick Boseman - que me deixa mais ansioso do que nunca pelo seu papel como T'Challa - e por outras interpretações igualmente cativantes, o longa estaria condenado. A música que ilustra o drama é, por razões óbvias, fenomenal, mas além da trilha, Taylor não sabe a que veio a sua obra. Ora é sobre o declínio do artista, ora é sobre a sua amizade com Bobby Byrd. A filmagem foi soberba demais para se deixar trabalhar com sutilezas. Na cena do funeral de Ben Bart, por exemplo, não é o bastante mostrar o símbolo judaico no caixão do agente (que já se tinha definido como um judeu), são necessários diversos frames do flashback da morte de Bart, pois o próprio diretor é inseguro com a sua narrativa e teme que o público não reconheça o falecido. Sem garra.


Avaliação: 3.7 de 10.


 

Godzilla, Gareth Edwards


Desce pela garganta como uma xícara de chá sem açúcar. Cranston, a maior promessa do longa, é morto e substituído por um desinteressante Taylor-Johnson que parece ter se esquecido de como rascunhar expressões faciais. Como Cranston, o Gojira também é substituído por outro(s) monstro(s) apático(s). A direção de fotografia é mais atraente do que o plot e consegue entregar alguns momentos admiráveis como o salto de paraquedas, que faz uma ilustração formosa do sentimento de desesperança que o longa procura entalhar. Edwards fracassa em todos os pontos em que del Toro acertou e dirige uma história tediosa. O personagem do título não marca a sua presença na tela por mais do que oito minutos (talvez numa homenagem deturpada a Cloverfield – Monstro) e estabelece expectativas demasiado elevadas, embora as suas poucas ações sejam memoráveis (o bafo atômico foi estupendo). E por mais que seja uma releitura interessante do clássico - a ideia de transformar o monstro num anti-herói é ótima -, alguns desprezam a ausência do plano de fundo político-social a partir do qual o Gojira foi criado (uma encarnação do medo do holocausto nuclear). Para a minha sorte, nunca levei a franquia a sério.


Avaliação: 3.8 de 10.


 

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, Peter Jackson


Uma masturbação gráfica com um clímax esticado por 144 minutos - e ainda assim não compõe o filme todo, que só teremos com a versão estendida - e que abandona qualquer pretensão em contar uma história para mostrar em tela uma réplica de O Retorno dos Rei (com menos novidade). Um pipocão cheio de amortecedores dramáticos com uma conclusão emocionante e brilhante que converte a franquia baseada nas obras de Tolkien num círculo que, se não fosse por tantas deformações ocasionadas pelos três novos filmes, seria geometricamente perfeito. Felizmente, Jackson ainda sabe orquestrar uma batalha, mas peca por não resolver a insignificância dos seus personagens, que persegue a história desde o seu primeiro capítulo. A edição é miserável e audaciosa ao ponto de mutilar ainda mais uma trama que já foi tratada como um pedaço de carne num açougue, amputando momentos pertinentes em troca de linhas de diálogo que sequer deveriam ter sido filmadas. A estética dos efeitos visuais, por mais bela que seja, não faz jus ao trabalho de maquiagem da trilogia anterior e demonstra somente que, como George Lucas, Peter Jackson não sabe continuar jogando no time que está ganhando. O tempo de Legolas em tela - que está mais caricato do que nunca - é um soco no estômago dos fãs que esperavam por mais Bilbo (que afinal, é o protagonista), Beorn, Bard, etc. A cena introdutória, com a morte de Smaug, é um modo porco de se cimentar a continuidade face ao filme anterior e justificar a existência de uma sequência, além de menosprezar o trabalho de Cumberbatch. Os anões deixam de ser a fronteira entre o cômico e o cru (e são substituídos pelo vergonhoso Alfrid), mas continuam igualmente vazios e irrelevantes. O romance vexaminoso esforça-se para arruinar uma personagem inédita que poderia ter alcançado a força da magnífica Éowyn. Um azar. Ver a Terra-Média tornar-se a decoração alienígena de uma fantasia genérica fabricada para box-office que só se aguenta em batalhas e mais batalhas é lamentável. O desfecho da aventura de Bilbo dói, pois se não fosse pelos seus primorosos últimos 5 minutos, nos despediríamos do mundo tolkieniano com uma história sobre muita matemática e pouca imaginação.


Avaliação: 3.8 de 10.



A Teoria de Tudo, James Marsh


O longa encarna muito mal as descobertas científicas de Hawking, de forma que para um espectador que não conhece o seu trabalho, o cientista não pareça assim tão brilhante. É compreensível (e seria interessante se a mente científica que o protagoniza não fosse tão grande) o investimento no relacionamento romântico per se, porém é mais um ingrediente mal dosado numa receita sem sabor. Eddie Redmayne está sensacional e Felicity Jones não decepciona, apesar de também não brilhar. A sequência final é tão perspicaz que prova o quanto o restante do filme é ingênuo por não ter dado atenção à ciência, então acaba parecendo gratuita. A maquiagem é sublime. Enlatadíssimo.


Avaliação: 3.8 de 10.


O Vértice


 

Interstelar, Christopher Nolan


O roteiro é óbvio e pedagógico. Infodumping no seu pior. Escrita repleta de buracos dramáticos e furos narrativos não faltam. Nolan é um dos cineastas mais arrogantes da indústria contemporânea. É claro que a sua ideia de superioridade artístico-intelectual não é novidade para ninguém que conheça a sua filmografia. É provável que se considere um herdeiro espiritual de Tarkovsky (embora esteja mais para Shyamalan) e ou não entende que o princípio da ciência cinematográfica é mostrar e não contar ou sente-se na obrigação de tratar o espectador como um mongoloide. Ao contrário de outros diretores que também marcaram presença em 2014 com grandes títulos, como Gonzáles Iñárritu com o seu divertido Birdman, Interstelar não deixa pensar. Oferece todas as respostas de modo didático e levanta poucas questões para além das que responde. O realizador, que sempre foi criticado por não conseguir organizar os elementos no espaço de visão do espectador, aqui recorre a planos fechados, mas que também acabam por não funcionar tão bem. Apesar disto, a cinematografia é majestosa, aliada a uma direção de arte singular. As sequências com wormholes, buracos negros e outras singularidades cósmicas são verdadeiros espetáculos visuais. Nolan e sua teorização das emoções humanas põem sobre o (ótimo) elenco a árdua tarefa de conceder ao longa qualquer resquício de sentimento genuíno (o que acontece em uma ou duas cenas em que o diretor não interfere tanto). A bela OST e os seus acordes (que remetem a mil e um temas, de órgãos de cerimônias religiosas às clássicas sinfonias de horror) não são tão funcionais no que toca à mixagem de som. O filme acaba sendo barulhento demais, devorando diversos diálogos (não que eles importem, pois são todos sobre a transcendência do amor sobre a ciência), além de também se envolver demais na experiência de catarse do espectador. A abordagem científica, quando não é mutilada por ‘ismos’, seja o existencialismo de quinta categoria ou o sentimentalismo robótico de Nolan, é maravilhosa. A precisão científica, na verdade, é uma pérola brilhante numa ostra podre, e se o alicerce criativo do filme residisse nela, teríamos uma excelente ficção científica. Para aqueles que não são estranhos aos trabalhos do diretor, a reviravolta não é surpresa alguma. Anagnórise mal construída com algumas boas ideias que não salvam um terceiro ato deplorável. Doodlebug, em seus míseros três minutos de duração, estimula mais a reflexão. Interstelar é a vaidade de Christopher Nolan numa caixinha de presente para quem acha que pretensioso é sinônimo de ‘cabeça’. Blockbuster que passa de ano com reforço (SFX) e só.


Avaliação: 3.9 de 10.


 

Como Treinar o seu Dragão 2, Dean DeBlois


A qualidade de animação continua formidável e o carisma do protagonista também é salvaguardado, mas o filme, como um todo, é mais cinzento do que o primeiro. O foco aqui está mais na ação do que na história/aventura, portanto a trama, desde os seus pontos principais (como a identidade e morte de personagens) aos pequenos detalhes (como o antagonista não ser caucasiano) é previsível. Além disto, o longa mergulha de cabeça nas batalhas entre criaturas que, precisamente por serem de uma escala tão absurda de poder e tamanho, parecem somente bobas. É preciso abraçar inteiramente a suspension of disbelief para se acreditar nas coisas que Soluço e Banguela são capazes de fazer. Muito inferior ao primeiro.


Avaliação: 4.1 de 10.


 

Noé, Darren Aronofsky


Identidade visual no mínimo provocante, mas o SFX peca em adaptar o trabalho de arte convidativo e transforma o filme numa fantasia gelatinosa e genérica. O ponto alto de Noé é a esplêndida sequência em stop motion da criação, que deixa escapar através de algumas fendas no muro corporativo construído em volta do filme a concepção criativa e ousada de Aronofsky. O elenco é forte, mas está encarcerado dentro de uma aura de mesmice que transcende qualquer esforço. A tradução do sentido místico dos textos bíblicos é grotesca e digna de um filme trash, mas numa contradição igualmente estranha, os planos fantasiosos são bastante simétricos (só não mais bonitos do que os grandes planos da arca). O questionamento ideológico do protagonista é o seu maior acerto e diverge completamente da tonalidade tolkieniana do resto da história. Procura continuidade para o seu levíssimo momento de lapso de correlação com os conhecimentos científicos modernos ao, por exemplo, investir em filtros de cor e disposição estratégica de elementos para passar a noção inverídica de há um paralelo com a evolução das espécies e levar o espectador a acreditar que os animais que entram na arca são criaturas pré-históricas. Crowe transforma o sonolento Noé do Antigo Testamento num personagem razoável, ainda que o filme perca muito por não se concentrar na sua relação com Deus. Dispensável.


Avaliação: 4.4 de 10.


 

No Limite do Amanhã, Doug Liman


Embora a sua premissa sequer beire o original, o longa não se propõe a ser pioneiro. O departamento artístico faz certo ao renunciar o limpo e o claro - das paisagens aos armamentos, tudo é imundo e gasto -, mas o resultado final não é ímpar dentro do cinema sci-fi (bem ruim, para falar a verdade). Tom Cruise e Emily Blunt estrelam algumas cenas bregas, mas como um todo, fazem um trabalho satisfatório. A brincadeira de loop temporal num mix com as sequências de ação é boa. O ato final não chega a ser desastroso, mas é preguiçoso e a conclusão é constrangedora, ilógica e cafona. É um filme que abusa da semântica do medíocre, pois embora seja surpreendentemente agradável, está longe de ser mais do que mediano.


Avaliação: 5.1 de 10.


 

Para Sempre Alice, Wash Westmoreland & Richard Glatzer


Comecei esperando um típico drama melodramático e não estava enganado. As performances são ótimas. Julianne Moore abusa de cada gotícula de talento que tem no seu corpo e acentua o full-circle da sua personagem, de intelectual confiante à vítima frágil. A sequência final é muito bonita e revela graciosamente o escopo de todos os flashbacks ao longo do filme. É tocante, mas vale mais pela interpretação de Moore do que por qualquer coisa. Se tirarmos a atriz, fica  gelatinoso.


Avaliação: 5.1


 O Vértice


 

Livre, Jean-Marc Vallée


Witherspoon e Dern aqui conseguem conquistar qualquer um, mas acho que só. Se fosse um experimento estético, estaria no limiar do incrível. Como o que se propõe a ser, não alcança qualquer personalidade. Os flashbacks, ainda que tragam Dern para a tela, são dispensáveis (uma história construída totalmente em torno do percurso teria mais da proteína poética que o diretor tanto quer). É um agrado para os olhos, mas arrastado e fatigante. Uma pena.


Avaliação: 5.1 de 10.



Orgulho, Matthew Warchus


Demasiado restringido ao seu gênero, assume que suas personagens são feitas de papelão. Staunton, Nighy e Schnetzer roubam todas as cenas em que estão presentes, assim como o sempre carismático Gilgun. Alguns key-elements são questionáveis ao longo de todo o filme (o próprio Joe, por exemplo, é dispensável para a trama). A temática, embora seja construída de uma maneira obviamente pretensiosa e transforme um importante acontecimento histórico num Rocky para a comunidade LGBT, rende um debate válido e interessante. A trilha é boa. Divertido.


Avaliação: 5.1 de 10.


 

Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1, Francis Lawrence


A composição da propaganda política da força revolucionária como fio condutor da trama é muito inteligente e elucida tudo o que torna esta saga um avanço em relação a tantas outras obras infanto-juvenis fúteis e vazias (apesar de ainda não ser superior a Batalha Real). A performance do elenco satisfaz muito (Seymour Hoffman nunca é demais!), embora Jennifer Lawrence - parte por culpa do argumento, que desenha a personagem como uma silhueta restringida somente a esganiçar pelo seu amado - esteja no modo automático. A soundtrack própria da mitologia de Panem é discreta e encantadora. O visual da série, desde o design das tecnologias em tela às peças de figurino, ainda carece de uma personalidade distintiva. O capítulo final do longa é acelerado e desarmônico, enquanto todo o resto parece frouxo e prolongado. No fundo, está aqui apenas para preparar terreno para a desnecessária segunda parte, mas traz bastante conteúdo.


Avaliação: 5.2 de 10.


 

Sniper Americano, Clint Eastwood


Cooper está bem (não justifica todo o alarde), mas é o mais burlesco de Eastwood. A vida islâmica não tem qualquer significado, a guerra ao terror se transforma num filme da Marvel Studios e o carnaval filosófico que é o longa, ao contrário do novo de Bennett Miller, não convence com a bandeira de 'sou uma sátira', até porque o caso é recente demais para ser explorado por um eixo desses. Por outro lado, tem a capacidade de estimular alguns debates interessantes e desenha muito bem o seu protagonista. Mais complexo por fora do que por dentro.


Avaliação: 5.6 de 10.


 


O Vértice


 

Operação Big Hero, Don Hall & Chris Williams


Animação de qualidade com direção de arte instigante (Son Fransokyo é tão incrível que pesa o fato de ser pouco aproveitada). Baymax e Hiro (primeiro lead-character da Disney não caucasiano em muito tempo) são grandes personagens. Algumas deficiências no script, como o antagonista subdesenvolvido e a cidade pacífica que não precisa de heróis de todo. No fim das contas, Os Incríveis encontra Como Treinar o seu Dragão. Bom filme de super-herói.


Avaliação: 5.6 de 10.


 

O Ano Mais Violento, J.C. Chandor


Oscar Isaac e Jessica Chastain pegam pela mão uma narrativa que, em teoria, deveria ser muito mais sangrenta do que é e dão-lhe uma forte carga dramática. Um crime drama um pouco diferente do que o habitual, mas que peca na substância (pacing intolerável) e acaba parecendo intimista demais. Não cumpre o que o título cumpre e se não fosse pelo seu elenco, não teria nada. Perde a oportunidade de debater tópicos interessantes (Sonho Americano e paralelo entre o chefe de polícia negro e o personagem latino de Isaac, por exemplo), infelizmente.


Avaliação: 5.8


 

X-Men - Dias de um Futuro Esquecido, Bryan Singer


Com Fassbender, McKellen, Stewart, McAvoy e tantos outros no mesmo filme, é difícil não ter brilho nos olhos. O pacote de ação, que favorece as batalhas contra os sentinelas do futuro e a participação do Mercúrio, é estupendo. Singer traz a franquia e o seu importante anexo sobre o preconceito de volta à vida (o que talvez possa se perder com o próximo filme da saga). Abdica de muita congruência narrativa para rebootar o universo dos heróis e coloca pontos de interrogação a mais e pontos finais a menos. Mas não deixa de ser um pipocão dos melhores.


Avaliação: 6.5 de 10.


 

Capitão América: O Soldado Invernal, Anthony Russo & Joe Russo


A ambientação equilibrada, a paleta de cores aprazível e o balanceamento dramático transformam o segundo filme do Sentinela da Liberdade em algo sóbrio, sem ser melancólico como o bom Batman: O Cavaleiro das Trevas ou um disaster porn como o medonho Man of Steel. Com um digno comentário sobre a dualidade ética/racional no conflito entre a privacidade e a segurança, sabe mixar muito bem as fronteiras maduras que abrange com o humor tradicional das produções do estúdio. A performance de Chris Evans continua destoante, porém todas as outras são convincentes. As sequências de ação são muito boas, mas o contraste entre elas é gritante (a briga de facas entre o Capitão e o Soldado Invernal x a ação desmedida do terceiro ato). É ousado e suas reverberações terão imenso impacto nos próximos lançamentos da Marvel Studios, porém peca nas conveniências e furos de roteiro e na insegurança por trás do longa. Os talentosos irmãos Russo (das fantásticas Community e Arrested Development) presenteiam os amantes de quadrinhos com o tom definitivo para os filmes de super-heróis.


Avaliação: 6.6 de 10.


 

O Vértice


 

Planeta dos Macacos: O Confronto, Matt Reeves


O plot é (bastante) previsível e estrangeiro dentro da sua própria estrutura por seguir uma fórmula tão usual, mas funciona muito bem e em momento algum perde a atenção do seu espectador. Os efeitos visuais, especialmente o CGI - os olhos e os pelos dos macacos transmitem vida e movimento, respectivamente -, são da maior qualidade. Caesar é um personagem interessante - e Andy Serkis é dono de boa parte deste mérito, mas ao contrário do que já afirmou antes, os animadores são ainda mais -, mas perto do final do segundo ato/início do terceiro, a escrita arranca a sua riqueza e torna-o num chimpanzé messiânico. Os momentos de ação rendem cenas boas que se encaixam nos pontos dramáticos necessários para não deixar o longa slow-paced. O debate político-social existe, mas é terrível por ser demasiado polarizado. O interessantíssimo Koba, por exemplo, é repentinamente sacrificado pelo roteiro para atender à necessidade de um antagonista maquiavélico. Matt Reeves perde a oportunidade de construir um brilhante ciclo narrativo ao não matar o seu protagonista e tornar o seu filho no herdeiro do seu império - plano inicial fechado nos olhos do pai, plano final fechado nos olhos azuis do filho - e prefere seguir o caminho óbvio. Um blockbuster sublime que nos faz questionar porque franquias sórdidas e ofensivas como as comandadas por Michael Bay existem.


Avaliação: 6.7 de 10.


 

Uma Aventura Lego, Phil Lord & Christopher Miller


Uma grata surpresa. No quadro cinematográfico hollywoodiano de hoje, animações - especialmente as produzidas pela Pixar - simbolizam o coração da criatividade. O pacing do filme, que se constrói como um videogame, convida o espectador para a brincadeira. A animação é única e transmite com perfeição o movimento das peças e a representação de certos objetos ou elementos, como por exemplo a água, - que pode não ser inédita para quem está familiarizado com criações da Lego, mas ainda vale - é genial. A equipe de dubladores é excelente e recheia de vida e carisma os bonequinhos de plástico. As referências pop sagazes dividem tela com uma série de acontecimentos completamente nonsense que só poderiam ser frutos da imaginação de uma criança. O final, embora seja previsível desde os primeiros 10 minutos, é sugerido de forma sutil ao longo do filme. Acaba por deslizar pelas diversas vezes que parece se perder, por um último bloco extenso demais e por não brincar mais com as falas infantis que às vezes o roteiro deixa escapar. No geral, uma aventura que é tão divertida quanto o mundo em que é ambientada é grande.


Avaliação: 6.8 de 10.


 

Selma: Uma Luta Pela Igualdade, Ava DuVernay


DuVernay é bastante competente e não é preciso muito para tirar uma grande performance de Oyelowo, mas seria no mínimo tolo da minha parte não apontar o quanto ele está bem no seu papel. O seu Luther King é inspirador, mas humano. O roteiro de Paul Webb deveria ter questionado um pouco mais o caráter do ativista e se alargado nas suas falhas para maior aproveitamento histórico, mas sabe construir bem uma trama bonita, de qualquer forma. Ritmo complicado (e enganoso!). O final é um pouco cafona e não foge muito do jeito acadêmico de se fazer cinema, porém bonito (em sua maior parte graças a sua encantadora trilha). Sabe que caminho quer seguir e não tem medo de tropeçar.


Avaliação: 6.9 de 10.


 



Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo, Bennett Miller


Carrel arma-se com uma apatia que incomoda qualquer um, Ruffalo traz um carisma tão poderoso quanto a frieza do primeiro e Tatum, que é o mais fraco do trio, insere feições duras e (ainda mais) vazias, que não deixam de se ajustar bem. Múltiplos problemas de ritmo, mas compensa por ser, dos minutos iniciais aos finais, completa e totalmente tenso. Miller tenta embalar o longa numa caixa de presente para Cannes com sua forte direção (Miller introduz a natureza da relação entre os irmãos da forma mais apropriada possível: numa luta), mas o roteiro por vezes demonstra-se uma isca furtiva para outras premiações. Mise en scène sofisticada. Controverso.


Avaliação: 6.9 de 10.


 


O Vértice


 

Guardiões da Galáxia, James Gunn


Numa das produções mais orgânicas da Marvel Studios, James costura uma narrativa firme com personagens simpáticos, uma coletânea musical espetacular e um visual espantoso. Ao mesmo tempo que reflete uma complexa investida comercial, mostra-se também curioso por carregar as características de um cinema mais autoral do que habitual para os filmes do estúdio. O roteiro é recatado, não se propõe a mais do que fomentar momentos divertidos e belas sequências de ação. O humor organiza-se em diversas categorias - das piadas mais acessíveis às mais sagazes -, porém todas elas genuinamente funcionam. Aqui sobrevive o legado das icônicas obras que com tanta paixão homenageia, como Star Wars e Indiana Jones - demonstrando que ambas as franquias estão em boas mãos -. Guardiões da Galáxia é honesto, tem coração e acolhe o título de comédia.


Avaliação: 6.9 de 10.


 

Grande Hotel Budapeste, Wes Anderson


Rica galeria de personagens cartunescos e adoráveis. Meta-narrativa que transforma o longa numa matrioshka andersoniana. Possui os característicos maneirismos estéticos de Anderson, ilustrando a história com diversos travellings, plongée e um divertido jogo de proporções e lentes. Uma fábula hilariante e agradável. Completamente autoral.


Avaliação: 7.0 de 10.


 

O Abutre, Dan Gilroy


Um ensaio de construção de personagem categórico em que Jake Gyllenhaal transforma o seu talento descomunal numa bala de canhão. Uma crítica ácida à espetacularização da tragédia humana em prol da audiência mecânica dos alienados. No campo de aspectos técnicos, o filme é formidável, porém os seus maiores tributos estão na sua narrativa tensa e eletrizante. Pouquíssimos equívocos na escrita, que deixa o destino de Rick óbvio desde a sua primeira aparição, por exemplo. O preceito niilista que o longa veste é agradavelmente desconfortável. Um jovem clássico.


Avaliação: 7.5 de 10.


 

Whiplash - Em Busca da Perfeição, Damien Chazelle


Telles é uma revelação e Simmons um gênio. 95% história de superação, mas os 5% que divergem do esqueleto criativo de costume são engenhosos. Alguns deslizes na retratação da fórmula do jazz que podem fazer os amantes de música virar a cara. Mais um filme de ação - na montagem, alguns frames dos choques das baquetas foram cortados para que parecessem socos destruidores - do que um título de música. Magnífico trabalho de edição de vídeo e áudio, de fato. Fusão de Karate Kid com Nascido para Matar.


Avaliação: 7.7 de 10.


 

O Homem Mais Procurado, Anton Corbijn


Conto de espionagem em que as armas extravagantes e a sedução cartunística dão lugar a um (in)tensa competição de duelos psicológicos, barreiras burocráticas e ambiguidade moral. Não há uma única performance ruim dentro do seu cast de peso, mas há mais do que uma brilhante. Os cortes brutos e ágeis abrem questões sobre uma cena que só são respondidas na próxima. A mixagem de som suaviza bastante a ação e abraça os diálogos com graciosidade, como o som de gaivotas durante uma conversa cheia de intimidade. Os planos graciosos e fartos em significado, como o inicial, se destacam numa cinematografia que por si só já enche os olhos. O complexo personagem esculpido por Seymour Hoffman apenas realça a perda que o cinema sofreu com a sua morte. O final, como cada minuto do longa, é poderoso e arrasador.


Avaliação: 7.7 de 10.


 O Vértice


 

Garota Exemplar, David Fincher


Affleck e Pike estão muito bem. Minha única ressalva quanto aos dois é sua incapacidade (em parte proposital) de passar a simpatia que seus personagens deveriam suster no primeiro ato. Pike, por exemplo, está magnífica enquanto uma sociopata, porém quando a sua patologia é revelada, não há choque algum, justamente porque a atriz não rascunha nenhuma outra faceta humana da personagem. De qualquer modo, não deixa de ser uma das melhores performances do ano. Fincher sabe melhor do que ninguém como guiar um thriller psicológico de alta tensão. Ainda que algumas cenas, como a morte do personagem de Neil Patrick Harris e a sequência expositiva que traz a reviravolta central, pareçam fugir do tom discreto, íntimo e cauteloso da história, as curvas dramáticas tomadas ainda são espertas. Fincher brincando de Hitchcock.


Avaliação: 7.8 de 10.


 

Boyhood: Da Infância à Juventude, Richard Linklater


O novo longa de Linklater tem (infelizmente) conseguido mais atenção pela sua conquista artística do que pelo seu estudo da condição humana. Os papeis secundários, como os de Patricia Arquette e Ethan Hawke, são os que mais se destacam, uma vez que os leading roles são um pouco cartunescos no que toca à atuação (ainda que Mason torne-se um jovem muito simpático). Numa empreitada criativa intrigante, não segue uma storyline concreta, mas uma antologia verossímil de casos da juventude de Mason que, vez ou outra, põe as suas fichas em nuances - como o último interesse romântico do rapaz -. A soundtrack é absoluta e estonteantemente espetacular e assina uma aliança com o panorama visual do longa, que surpreendentemente é uma constante - com uma iluminação que deixa a experiência deliciosa - e evoca o melhor do estilo documentário. O ensaio de personagem trabalha com algumas rimas narrativas, porém os personagens de suporte - como a própria irmã de Mason - são mais sedutores. É audaz em algumas decisões, como a de não buscar auxílio em artifícios triviais considerados obrigatórios no género - como o protagonista ter de lidar com a morte -. Formidável, mas deveria ser mais valorizado pelo seu conteúdo do que pelo tempo de produção.


Avaliação: 8.0 de 10.


 

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), Alejandro G. Iñárritu


Doce, doce surpresa. Filmado como um (falso) longo take, as passagens de tempo são tão mágicas quanto um truque de cartola. Faz rir com piadas inusitadas e pensar sobre o enigmático puzzle que é a sua narrativa. Todas as performances do elenco (como é suposto reagirmos a um longa conduzido por Norton, Stone e Keaton?) são ótimas. O uso da música aqui é um dos mais brilhantes do ano. O excesso de figuras dramáticas e sub-plots que noutro lugar seria uma deficiência, é aqui um gadget para demonstrar a magnitude do estilo de vida que contemplamos, onde pessoas chegam e vão sem qualquer aviso. Uma fantástica sátira ao mundo do estrelato e ao criticismo e que cria o seu próprio idioma quando o assunto é character study. A sequência final poderia ser mais poética se o ego de Iñárritu não o tivesse feito amputar a ambiguidade do longa com momentos patéticos como a do táxi.


Avaliação: 8.0 de 10.



 

E esta é a minha opinião sobre os filmes pop do ano passado. Novamente, é importante observar que o longa com a maior avaliação nesta lista pode não ser o que mais gosto, uma vez que tento deixar a minha perspectiva crítica falar mais alto no que concerne ao método de avaliar.


O Espetacular Homem-Aranha 2, por exemplo, me diverte bastante. Também gosto muito mais de Whiplash e O Homem Mais Procurado do que de Garota Exemplar. Acontece.


E como deve ter ficado claro logo nos primeiros parágrafos, não tenho o costume de ser agradável com os números. A Internet criou uma cultura onde ‘medíocre’ é sinônimo de ‘ruim’ ou 7.0 de 10 é uma péssima avaliação e eu não pretendo adotá-la.


Que 2015 traga ótimos pipocões.


“Na França, eu sou um autor. Na Alemanha, um cineasta. Na Grã-Bretanha, um diretor de gênero. E nos Estados Unidos, sou um mendigo.” – John Carpenter.


Obrigado por ler e espero que tenha gostado da viagem.

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