A Teoria de Tudo | Crítica

Todo mundo conhece Stephen Hawking. Ok. Todo mundo não, mas a grande maioria já ouviu falar, através da mídia, sobre o gênio que é esse homem. Muito de suas descobertas são utilizadas em diversos filmes. A própria figura de Hawking já virou, de certo modo, algo da cultura pop, impulsionado por sua participação e várias menções a ele na série The Big Bang Theory. Porém, o que não é mostrado constantemente para nós são os obstáculos enfrentados e vencidos por ele ao longo de sua vida. A Teoria de Tudo tenta desconstruir o gênio, trazê-lo para o chão e, acima de tudo, demonstrar que grandes homens não se formam sozinhos, eles sempre têm pessoas para ajudá-los.

A Teoria de Tudo não é só um filme apenas sobre Stephen Hawking. A cinebiografia é baseada no livro My Life with Stephen (Minha Vida com Stephen, em tradução livre) escrito por Jane Wilde, primeiro esposa de Hawking e com a qual ele passou a maior parte da sua vida. Portanto, o longa apresenta-se para o público muito mais como um relato sobre a relação entre Hawking e Jane. O roteiro, escrito por Anthony McCarten, é redondo e, por mais que seja adaptado de um material com a visão de Jane, ele tenta equilibrar a visão dos dois personagens centrais da trama. Existem momentos nos quais tanto o comportamento de Hawking quanto o de Jane podem ser considerados questionáveis, mas, isso não ocorre, pois não é apresentado para nós apenas a causa ou consequência, mas, sim, uma visão múltipla do que aconteceu ao longo do relacionamento deles.

Através do desenvolvimento e do relato de como a vida conjunta do casal se desenvolve, é apresentado para nós todas as dificuldades que ambos enfrentaram por conta da doença de Hawking e as limitações que ela proporcionou para o físico. São nos apresentados também alguns outros personagens não muito conhecidos e igualmente importantes na história, embora a maioria não seja muito bem desenvolvido. Jonathan Hellyerm é, sem dúvidas, o mais interessante desses coadjuvantes. O personagem interpretado por Charlie Cox – o futuro Demolidor na série homônima do herói da Marvel, produzida pela Netflix – é uma figura tão importante quanto Jane, pois é ele quem a ajuda quando ela percebe que não conseguirá mais lidar sozinha com as limitações de seu marido.

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Interpretar personagens importantes da nossa história não é nada fácil. Se esse personagem é alguém que tem limitações físicas a dificuldade triplica. Até por isso, é muito comum que os atores responsáveis por essa dura missão sejam indicados ao Oscar e, na maioria das vezes, levem para casa a estatueta dourada. Os nomes de Felicity Jones e Eddie Redmayne aparecem discretamente nas indicações e pequenas premiações que estão ocorrendo, mas ainda é cedo para descartá-los completamente do prêmio da Academia. Os dois devem estar entre os indicados, as chances de ganhar, porém, são um pouco mais remotas, mas, repito, não podem ser descartadas, devido ao peso que os seus personagens têm.

Outro nome que também não pode ser deixado de lado no Oscar é o de James Marsh. O diretor, que já tem uma estatueta dourada em casa ganhada pelo trabalho que fez no documentário O Equilibrista. Uma vitória dele, no entanto, parece ser ainda bem menos provável do que a de seus atores principais. Marsh constrói cenas e sequências de imagens muito belas que vêm acompanhadas sempre de uma arrebatadora e angustiante trilha sonora, combinação essa perfeita para conquistar o coração daqueles que assistem ao filme.

Algo que talvez pudesse ter sido repensado é a duração do filme. Aquele velho padrão de ter 120 minutos de duração deve ser evitado algumas vezes. Apesar do equilíbrio dado por Marsh e McCarten, existem momentos nos quais a narrativa fica arrastada demais e isso faz com que momentos grandiosos percam sua força ao longo do tempo. Cinebiografias como a de Hawking, na qual o personagem luta para vencer suas limitações e o conteúdo apresenta uma carga dramática muito grande, não podem dar tantos respiros para o público.
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