Uma geração sem Final Fantasy

ff13-liEssa semana foi um marco histórico para muitos fãs de videogame, já que foi lançado Final Fantasy 13 – Lightning Returns, ou Final Fantasy 13-3 como é conhecido por aí, além de acabar com a franquia Final Fantasy 13, que é uma franquia dentro da franquia, acaba também com os lançamentos de Final Fantasy da cronologia principal para a 7° geração de consoles que foi movida pelo Xbox 360 e pelo Playstation 3, mas acaba deixando uma questão no ar, essa foi uma geração sem Final Fantasy?


Muito dos moldes que a Square formulou desde que lançou seu Final Fantasy 7 foram quebrados na atual geração de consoles. O primeiro molde a ser quebrado foi o de lançar pelo menos 3 Final Fantasies por geração, na geração dominada pelo Playstation 1 tivemos o clássico FF 7, o subestimado, mas ótimo FF 8 e o genial Final Fantasy 9 (o meu segundo favorito de toda a franquia), isso para não falar no spin-off Final Fantasy Tactics, que é o meu favorito da franquia. Na geração do Playstation 2, tivemos o FF 10, o FF 11 que era um MMO muito estranho e o Final Fantasy 12, que era igualmente subestimado e igualmente bom.


Outro molde que a empresa quebrou é o de se prender eternamente a um só jogo, como foi o caso com Final Fantasy 13 e até um pouco com Final Fantasy 14, os únicos dois grandes jogos da franquia na atual geração. No caso de FF13,  houve um precedente quando a empresa lançou Final Fantasy 10-2, mas o lançamento foi algo pontual e nunca tomou posto de principal jogo corrente da série, visto que Final Fantasy 12 estava em foco na época.


Coincidência ou não a empresa também está quebrando, embora esteja começando a melhorar.


[heading size="18"]Trezes e Quatorzes[/heading]


Eu não acredito em burrice vindo de uma empresa como a Square Enix, eu acredito em tentativa e erro, mas não sei se está vinculado a cultura japonesa, mas acredito também no problema de orgulho ferido e honra na cultura empresarial da Square.


A empresa, mesmo lançando bombas como Final Fantasy 11, e jogos mal compreendidos como Final Fantasy 12 nunca foi tão criticada por um lançamento seu, primeiro porque Final Fantasy 11 era uma experiência, que podia dar errado e deu, tanto que foi simplesmente abandonado anos depois, enquanto Final Fantasy 12 podia causar estranhamento por ser bem diferente do que é a base da série, mas ainda assim era um bom jogo.


Contudo, em dezembro de 2009 no lançamento do infame Final Fantasy 13 as pessoas ficaram chocadas, alguns fãs mais ferrenhos e menos exigentes ainda defendem o jogo, mas é fato de que a crítica, revisando hoje suas críticas que foram de medias para boas na época, compreendem que o game foi um desastre. Personagens ruins, história ruim, jogabilidade ruim (pior do que ruim na verdade) e um sistema de batalha que não é apenas ruim, mas quase inexistente, visto que você praticamente nem precisa jogar uma batalha se não quiser. Não havia quase nada de Final Fantasy ali, o que não é o grande problema, porque Final Fantasy 12 não tinha nada do Final Fantasy como o conhecemos, mas era um bom jogo, diferente desse caso, mas eis a questão, porque não abandonar o jogo, como foi feito antes com Final Fantasy 11?


lrfxiii0207141600jpg-94e090A decisão da Square foi controversa, as vendas de Final Fantasy 13 foram boas, obvio, é um Final Fantasy de qualquer forma, ia vender bem, mas as críticas foram ruins, portanto o que seria facilmente decidido como "vamos partir pra outra", virou um "vamos tentar consertar isso!"


Final Fantasy 13-2 foi lançado, e as coisas só pioraram, a crítica como um todo disse que alguns pontos foram melhorados, mas em geral tudo que era ruim continuou ruim ou piorou. As vendas desse segundo jogo já não foram boas, com certeza as pessoas que compraram tanto o primeiro game, viram que não valia a pena comprar o segundo, afinal, não é mais FINAL FANTASY, é Final Fantasy 13 e a partir daí todos já sabiam com o que estava lidando.


Hora de desistir do número 13 e seguir em frente? Não!


Com o lançamento de Final Fantasy 13-3: Lightning Returns essa semana, as críticas foram ainda piores, o que só prova o erro da Square em insistir na franquia, antes o nome Final Fantasy era um dos nomes mais aguardados a se ouvir em uma E3, enquanto hoje quando escutamos a reação é “Ah não, Final Fantasy 13 de novo?”


O erro de não deixar um jogo morrer também se repetiu no extremamente criticado Final Fantasy 14, que por si só é uma tentativa de não deixar a ideia de Final Fantasy 11 morrer, um MMO da Square não tinha sido bem recebido poucos anos atrás e a tentativa foi feita novamente, contudo o jogo ficou tão ruim, que eles decidiram refazê-lo quase por completo e lança-lo sob o nome Final Fantasy 14 – A Realm Reborn, o que foi muito mais bem sucedido do que a ideia de continuar com o Final Fantasy 13.


4340497127173410,OMas ainda assim, Final Fantasy 11 e Final Fantasy 14 diluíram a força da marca, pois a Square pegou uma série extraordinária com uma tradição Single Player para todos os tipos de jogadores e vinculou ela com jogos MMO que só atinge uma parte diferente do público. Nada contra existir Final Fantasy em MMO, mas esse jogo ser um jogo com número na franquia com certeza prejudica a marca, nem Final Fantasy Tactics tem número mesmo sendo muito mais parecido com um Final Fantasy comum e mesmo sendo brilhante, o mesmo deveria ter valido para os MMOs, que poderiam ser tratados apenas como um spin-off.


Agora, porque não seguir em frente e perder tempo tentando consertar os erros e errando ainda mais com eles? Novamente, não acredito que seja burrice, aposto mais em orgulho, orgulho de não querer ver uma obra sua ser tão severamente criticada e tentar muda-la tanto até que as pessoas gostem.


[heading size="18"]Quem mexeu no meu Chocobo?[/heading]




[caption id="attachment_47817" align="alignleft" width="150"]asddasd Yoshinori Kitase, o culpado por Final Fantasy 13[/caption]

Eu acredito que o primeiro culpado sobre Final Fantasy 13 é a fonte de sua ideia, que veio do time que criou Final Fantasy 10-2 em 2004, ou a falta de liderança de Yoshinori Kitase, produtor do jogo.


Yoshinori Kitase tinha em seu currículo Final Fantasy 10 e Final Fantasy 10-2 como produtor líder, antes disso ele tinha feito trabalho de roteirista de eventos em Final Fantasy 6, 7 e 8, mas foi escolhido pelo próprio Hironobu Sakaguchi, criador da série, como produtor da série principal a partir do jogo de número 13.


O jogo foi criado na Crystal Tools, ou White Engine, engine própria da Square criada para fazer jogos no Playstation 3 e visto a má fama do Playstation 3 entre os programadores, foi um desafio usar a engine perfeitamente no console, visto que esse era o primeiro jogo de Playstation 3 que a Square estava fazendo.


Além disso, o jogo foi criado por mais de 180 artistas, 30 programadores e 36 game designers, além de ter influencia da equipe que estava trabalhando em Final Fantasy 15 e o grande problema era que toda essa gente estava trabalhando em pequenos grupos que não tinham a liderança necessária para criar uma visão unificada do jogo. E a falta de liderança de Kitase também é aparente na pouca qualificação em dizer NÃO a sua equipe e num primeiro momento o jogo acomodava TODAS as ideias de todas as diferentes equipes que estavam trabalhando.


Outro problema no desenvolvimento de Final Fantasy 13 foi o excesso de segredo ao redor do jogo que a Square exigiu, devido ao tamanho do projeto, fazendo com que os testes externos fossem adiados tanto que nenhum dos muitos feedbacks recebidos para melhorar a jogabilidade do game tenham sido implementados, especialmente os feedbacks de jogadores ocidentais.


Até o momento em que a equipe foi obrigada a montar uma DEMO para o blu-ray de lançamento de Final Fantasy 7: Advent Children, eles sequer sabiam como o jogo ficaria, e a montagem abrupta da Demo ditou os passos seguintes do jogo, com a equipe inteira agora tendo uma ideia de para onde todo o trabalho estava indo.


f7fc3225550564926edcc73f2ab28b32Contudo, ainda assim, depois que tudo estava praticamente pronto e o prazo para lançamento estava em cima, Kitase, preocupado com o volume do jogo, com a duração dele e com o excesso de ideias que ele mesmo liberou, decidiu mais uma vez de forma abrupta, cortar uma enorme parte de tudo que estava feito, de acordo com ele mesmo, tanta coisa foi cortada que eles poderiam fazer um novo jogo, e fizeram, se chama Final Fantasy 13-2.


Uma das coisas que foram cortadas foi a habilidade de exploração do ambiente, cidades, lojas, e tudo que faz de um RPG um RPG.


Seria realmente interessante se o segundo jogo, Final Fantasy 13-2, fosse feito como eles pensaram, usando todos os feedbacks do FF 13, feito com uma nova equipe e com uma nova liderança e usando tudo de legal que foi cortado do primeiro jogo e em partes foi exatamente isso o que foi feito, mas pensar que o jogo foi imaginado como uma história passada 900 anos no futuro e de repente foi obrigado a virar uma história de viagem no tempo, só para usar os personagens do primeiro na história já criada, tira toda a fé de que poderia sair algo genuinamente bom daí.


Aparentemente o terceiro game, que foi lançado essa semana, erra em tudo e mais um pouco novamente, errando até em ser um RPG de fato.


No outro caso, depois do lançamento desastroso de Final Fantasy 14, a Square revisou tudo e modificou o game que tinha desagradava não apenas jogadores e críticos, mas também os investidores, o que fez com que a companhia ficasse a beira da falência. Aparentemente, apesar de não me agradar muito também, Final Fantasy 14 – A Realm Reborn foi um sucesso que nenhuma das sequencias de Final Fantasy 13 jamais será.


Ao menos, podemos esperar que a partir de agora possamos olhar para o futuro e nos animarmos tanto com o nome Final Fantasy quanto nos animávamos antigamente.


[heading size="18"]Os Final Fantasies sem nome[/heading]


51kkNdStUwLTecnicamente, não tivemos Final Fantasies na Sétima Geração, visto tudo isso que eu falei acima, Final Fantasy 13 não tem nada de um FF clássico e Final Fantasy 14 menos ainda, já que é um MMO, mas alguns jogos de RPG lançados recentemente são mais parte da série do que esses jamais seriam, contudo eles tem outros nomes.


The Last Story e Lost Odissey.


Os dois jogos mencionados acima são jogos da Mistwalker Studio, um estúdio fundado por ninguém menos que o próprio Hironobu Sakaguchi, o criador da série Final Fantasy. Alias, o próprio Sakaguchi escreveu a história dos dois jogos e ele mesmo dirigiu e produziu o jogo The Last Story pessoalmente. Musicalmente falando, ambos os jogos tem a marca registrada de Nobuo Uematsu em suas trilha sonoras, Uematsu fez as trilhas sonoras de Final Fantasy do 1° ao 10° jogo, fez também algumas músicas para a trilha sonora do 12 e do 14.


Ou seja, os dois jogos da Mistwalker Studio tem muito mais relação com Final Fantasies do que todos os jogos lançados com esses títulos na Sétima Geração de Consoles, e o melhor, ambos os jogos são bons ou pelo menos razoáveis, em especial The Last Story, exclusivo do Nintendo Wii.


bvRecentemente ainda tivemos da própria Square Enix uma amostra de que ela ainda sabe fazer Final Fantasy, mas o jogo tem outro título, se chama Bravely Default, que é um JRPG para o 3DS que é simplesmente incrível.


Outro Final Fantasy sem o nome por aí, é um que existe, por enquanto, apenas como promessa, que é o Unsung Story, que promete ser uma sequencia espiritual do brilhante Final Fantasy Tactics. O jogo é do estúdio Playdeck e será produzido por Yasumi Matsuno, que além do próprio Final Fantasy Tactics, também é o criador de outro clássico da Square-Enix, Vagrant Story. Alias, Unsung Story está no KickStarter apenas com pouco mais de um dia para terminar a campanha e ainda faltam 40 mil dólares a ser arrecadado. Vamos contribuir porque eu quero jogar isso.


E já que falamos que a própria Square ainda sabe fazer bons RPGs, a maior prova disso é Kingdom Hearts, e eu nem preciso falar mais nada para qualquer pessoa que jogou Kingdom Hearts.



[heading size="18"]Uma luz no fim do túnel?[/heading]


agniposterpressconferenOs Final Fantasies da Sétima Geração estão perdidos, mas há uma salvação (ou duas) já a vista para a Oitava Geração,  essa salvação se chama Final Fantasy 15 e possivelmente um outra se chama Agni's Philosophy, dois empreendimentos da Square que estamos ouvindo falar há um bom tempo e que agora finalmente vão sair do papel, ao menos um deles.


Tetsuya Nomura, diretor do excepcional Kingdom Hearts 2 está dirigindo e produzindo o próximo Final Fantasy e a equipe de KH2 está cuidando do desenvolvimento do jogo, enquanto a equipe de Final Fantasy 7: Advent Children está cuidando da renderização dos modelos, ou seja, equipes extremamente competentes estão cuidando de tudo. O jogo está sendo produzido desde 2006, embora na época ele tenha sido anunciado como mais uma parte do terrível Final Fantasy 13, ele foi reinventado e vai ser um jogo próprio a partir de agora.


O desenvolvimento do jogo foi atrasado por problemas com o jogo anterior, pela vontade de Nomura de se desvencilhar dele e de fazer um jogo próprio, o fim do ciclo de vida do Playstation 3 também atrasou o jogo que teve que ser totalmente reprogramado na Luminous Engine para o Playstation 4 e para o Xbox One.


É esperado que Final Fantasy 15 seja lançado em 2015 e que seja o jogo mais sombrio da franquia até o momento, esse também será o primeiro jogo da série que não deve se passar nem no passado nem no futuro, mas em uma versão alternativa do presente.


Além de Final Fantasy 15, Agnis Philosophy promete virar um jogo no futuro, quem sabe Final Fantasy 16 ou mesmo um jogo não numerado da franquia, possivelmente Final Fantasy: Agnis Philosophy. Isso ainda não é confirmado, mas sabe-se que esse foi o primeiro trabalho do estúdio usando a sua dita revolucionária Luminous Engine e que foi tão bem aceito pelo público que a Square prometeu que ia transformar ela em um jogo real.


Por hora, Agnis Philosophy é apenas uma promessa, mas Final Fantasy 15 e até Kingdom Hearts 3 devem sair nos próximos anos, ao menos o que não é uma promessa é que a história de Lightning ficou para trás e provavelmente nunca mais veremos algo relacionado a Final Fantasy 13, ou assim esperamos.



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