Torchlight | Crítica


Então, estamos hoje em dia na febre de um jogo que ficou quase uma década sendo esperado pelos nerds loucos por um motivo para passar as noites na frente do computador que não tenha a ver diretamente com pornografia. Sim, eu sei que você acessa aqueles sites – sabe aqueles? – entre uma partida e outra de um multiplayer qualquer. Tudo bem, não precisa fazer essa cara de desentendido. Somos todos iguais! Claro que eu não vejo pornografia com pandas depilados besuntados de mel como você, mas somos todos parte da mesma família, não?…


Só não toque em mim com essas mãos imundas, por favor!


Enfim, estava falando de Diablo 3 no parágrafo acima. O jogo que tenho uma vontade quase satânica de jogar – piadinha retardada, eu sei – mas que meu jurássico computador não deixa. Fazer o que se sou pobre e fodido na vida, né? Bem, no meu caso procurei por Diablo 2 mesmo. Mas somente ele não era suficiente para minha sanha de matar bichinhos, coletar itens e grana, vender, matar bichos, coletar itens e grana, vender… Eu queria algo mais novo, de preferência com um gráfico que não me forçasse a aumentar o brilho do monitor. Sou fresco, pode dizer.


Numa vista na madrugada pela Live Br, que apenas eu, neste país devo usar, descobri Torchlight. O jogo tinha uma proposta parecida com Diablo. Ou seja, enfrente as forças do mal enquanto coleta itens e bugigangas que te deixam mais forte pelo caminho. Era tudo que eu queria! Sem demora baixei a demo do negócio.


Foi paixão à primeira vista!


O jogo tinha quase tudo que eu queria. Um gráfico muito bom, sistema de jogo acima de qualquer suspeita e uma história que se não é espetacular, pelo menos cumpre muito bem o que promete!


Falemos primeiro dos gráficos!



Como você pode ver na imagem acima, são muito bons! Tem aquele toque meio Warcraft que todos nós conhecemos de longa data, com cenários e personagens muito coloridos e caricatos. E quer saber, eu achei muito legal. Deixe os cenários sombrios e tudo mais com Diablo. Afinal, ele nasceu assim…


A versão de Xbox 360, a qual eu joguei, também dispõe de umas melhorias na animação dos personagens e cenários pelo que pude notar. Sim, joguei a versão de PC até meu computador quase entrar em greve por melhores condições de trabalho. E olha que o jogo é bem leve!


Pra vocês verem a pobreza na qual me encontro…


Quanto ao gameplay, devo dizer que é exatamente igual a Diablo 2. Até o nome de certos itens-chave é igual, como os pergaminhos de portal e reconhecimento de itens. Não é só isso, tudo que diz respeito ao sistema de jogo parece ter sido sumariamente chupinhado do nosso bom joguinho satânico na maior cara dura!


Mas isso tem um bom motivo. Aliás, um ótimo motivo. Boa parte da equipe do jogo, inclusive os produtores, trabalharam diretamente na produção de Diablo 1 e 2. Até mesmo Mat Uelmen, compositor desses jogos, assina a trilha sonora de Torchlight, resultando em muitos temas musicais bem reconhecíveis por quem é aficionado pelo RPG de ação da Blizzard. Só pra citar um exemplo, a música que toca na cidade do jogo tem muito do tema de Tristam, a cidade do primeiro Diablo. Mat disse que isso fora proposital. Pra quem quiser saber mais, tem uma entrevista dele falando exatamente disso bem aqui.


Temos três classes de heróis; o destróier, o alchemist e a vanquisher. O primeiro é o clássico guerreiro porradeiro. Pode tomar dano à vontade e bater como um monstro, além de usar as armas e armaduras mais legais do jogo na minha opinião! Sério, esse negócio de usar magia ou arminha de longo alcance contra monstros é coisa de filhinho de mamãe. Macho que é macho pega sua espada ou seu machado e sai decapitando geral! URHAAAAAAAAA!!!!!!!!


ARGH!!!!!!!!! HULK SMASH!!!!!!



Er… continuando…


O alchemist é o que mais parecido pode se chamar de mago no jogo. Ele pode usar magias de longo alcance, além de criar dispositivos que atacam os inimigos. A vanquisher, além de ser a gostosa do jogo, usa ataques a distância e armadilhas. Enfim, nada mais que o básico nos jogos do gênero.


Mas eu queria falar por fim, era da história.


Na verdade ela é bem simplesinha, quase irrelevante. Torchlight é uma cidade mineradora e suas minas são as mais ricas do mundo de ember, um minério mágico no jogo. Certo dia, os mineiros abriram um buraco que não deviam e monstros pularam dali e depois para a cidade, destruindo tudo que há pelo caminho. Seu personagem chega ao lugar no meio dessa briga toda. À medida que se aprofunda mais na mina, você vai descobrindo segredos sobre o ember e a influência que ele exerce nas criaturas. No fim tendo que enfrentar um grande mal malvado e violento, como de praxe.


Ou seja, não é uma história para competir com Ana Karenina, mas cumpre seu papel. Principalmente porque não te dá o objetivo final logo de cara, mas o vai desenvolvendo aos poucos – alô, Diablo! Assim você só sabe quem é o vilão principal da coisa toda quando já está quase no final do jogo e um dos antagonistas solta a merda toda. Até então você só tem objetivos pontuais como resgatar fulano, acabar com um monstro que causa terremotos e coisas assim. Devo dizer que achei essa condução bem interessante. Até porque, te deixa na expectativa de quem ou o quê você vai enfrentar no final. E no caso do final, ele é bem legal. Não é espetacular e acachapante, mas cumpre bem o papel do jogo.


Um dos pontos negativos do jogo é que ele é bem curto comparado a outros do gênero. Quando você termina a história, uma nova dungeon se abre com objetivos aleatórios e dificuldade acentuada.


Além disso, a dificuldade padrão dele é tão fácil que dá até pena de bater nos monstros. Mas há três níveis de dificuldade acima, então, acho que não vai ser problema pros masoquistas de plantão jogarem isso.


Pra terminar, algumas resenhas colocam como ponto fraco do jogo a falta de um multiplayer online. O máximo que temos é um ranking dos jogadores. Onde você pode ver que tem gente que não deve sair do jogo, tamanha sua pontuação… Contudo, no meu caso, não achei essa falta de modo online um defeito. Na verdade ela me foi até indiferente, uma vez que o jogo no todo é muito bom. Mas eu sou um velho, cujo primeiro contato com multiplayer foi num fliperama sujo jogando Mortal Kombat no começo dos anos 90, então não conto. Então, se você quer contar vantagem pra algum desconhecido na net dentro do jogo, esqueça. Mas veja pelo lado bom, ao menos não tem que se preocupar com o servidor cair e acabar com sua diversão, não é Diablo 3?


Enfim, Torchlight é um ótimo jogo se você é como eu e não tem um computador capaz de rodar Diablo 3. E também se você tiver um PC decente e gosta do gênero, ora!


Pra acabar, Torchlight 2 está programado para sair neste verão no hemisfério norte com tudo aquilo que esperamos: um mundo expandido, mais personagens e uma história mais profunda. Cacete, eles até vão dividir a história em atos! Mais Diablo-like impossível. E eu gosto muito disso. Pena que meu PC é uma caixa de baratas…


 

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